domingo, 14 de fevereiro de 2010

ECOLOGIA PROFUNDA ECOALFABETIZAÇÃO

Apoiado em ensinamentos de todas as áreas do conhecimento, da matemática à filosofia budista, o físico parte do princípio de que a organização em redes é a estrutura básica de cada sistema do universo. Da simples célula até complexas estruturas sociais, todas essas redes obedecem à mesma lógica.

Fritjof Capra sustenta que é essencial para um grande líder na era da sociedade de massa esta sensibilidade não apenas de captar e pressentir as manifestações informais, mas de integrá-las e remodelar as instituições de acordo com os novos anseios.

— Estamos testemunhando o nascimento de um Brasil novo —
afirmou ele.

Fritjof Capra contou como sua própria maneira de viver se modificou ao transitar da física teórica para o movimento chamado de ecologia profunda, sua grande paixão é o Instituto de Ecoalfabetização que criou e dirige em Berkeley.

A nova abordagem da vida passa pela compreensão de que, para sobreviver, cada sistema vivo é um sistema em constante aprendizado, exposto a constantes fluxos de energia e matéria que afetam sua estrutura e seu ponto de estabilidade. Em um determinado momento, pode ocorrer uma mudança de tal ordem que cause uma ruptura, espécie de rearrumação geral, instaurando espontaneamente uma nova ordem.

Assim ocorre nas estruturas da natureza: células, tecidos, organismos vivos não são estanques, imutáveis. E assim ocorre também nas redes sociais, constantemente expostas a fluxos de informação e idéias. “Um líder conseguirá passar sua mensagem se tiver a sensibilidade de perceber o seu sentido tanto para as estruturas formais quanto para as informais. O desafio, hoje, é encontrar o equilíbrio entre o desenho pronto e o que emerge. Líderes capazes de intuir mudanças e pressentir a capacidade de auto-organização das estruturas terão êxito”, afirma o autor.

Grandes empresas são, cada vez mais, redes decentralizadas de unidades menores. Qualquer grupo social é formado por uma rede de unidades formais e informais que se intercomunicam constantemente. Formadas por regras, normas, regulamentos, as redes formais se contrapõem às estruturas informais, caracterizadas pela criatividade, pela espontaneidade, pela fluidez e pelo seu caráter flutuante. Essas estruturas informais incluem até mesmo formas não-verbais de solidariedade. Portanto, líderes de qualquer organização formal — seja ela uma empresa, uma escola, uma família ou um país — devem ficar atentos a essas manifestações para poderem integrar os fatos, os grupos ou as redes sociais gerados espontaneamente.

A reengenharia nas empresas, que geralmente se limita de forma reducionista a cortar custos e empregos, exclui esta percepção dos impulsos que levam a mudanças estruturais. Segundo Capra, “ser vivo é ser criativo”. Quando as pessoas modificam a ordem existente, estão sendo criativas e exercem sua liberdade. Resistir a essas modificações significa perder a oportunidade de canalizar os impulsos em uma força ou direção positiva.

A emergência espontânea de uma nova ordem pode ser detonada por qualquer flutuação — no caso do meio ambiente, por um evento meteorológico, no caso de um grupo social, por um mero comentário que começa a circular e é amplificado pelo grupo social, transformando-se em demanda. Quando a nova ordem se instaura sem conflitos, há uma espécie de senso mágico, de milagre, como acontecia com os antigos místicos. Na verdade, essa magia nada mais é do que a criatividade coletiva corretamente catalisada.

Testemunhamos, neste novo século, dois movimentos que se opõem radicalmente: o capitalismo global e a criação de um modo de vida sustentável, baseado em uma estrutura ecológica. Os fluxos financeiros globais, cujo valor dominante é a produção de lucros e que considera a vida uma mera mercadoria, constituem um cassino global eletronicamente operado. Seus impactos são negativos, indo do empobrecimento de vastos segmentos da Humanidade até a destruição ambiental. O papel das redes informais que vêm surgindo, como as ONGs, é de reformular regras, impor novos valores pavimentando a estrada da sustentabilidade em oposição ao consumismo.

Os conceitos, os valores e as tradições baseados na competição e numa visão do mundo mecanicista devem ser substituídos por percepções e práticas holísticas, que considerem o todo e se fundamentem na parceria e na solidariedade.

Primeiro passo
na busca de um novo modo de vida sustentável é a educação reeducação ecológica. Isso não se aplica só às novas gerações, mas a líderes políticos e industriais.

Segundo passo
é o redesenho ecológico de estruturas sociais e instituições, ao formatar os fluxos de energia e matéria. Nesse sentido, Capra cria novas esperanças ao citar os avanços tecnológicos e científicos que estão possibilitando desde o aproveitamento do hidrogênio como nova fonte energética renovável até a confecção dos “hipercarros” — mais leves, movidos a combustíveis alternativos.

As experiências levadas a cabo com hidrogênio, principalmente na Islândia, estão prestes a se tornar comercialmente viáveis, decretando, assim, o fim da era do petróleo. Como diz Capra: “A era da pedra não terminou porque começou uma escassez de pedras, e sim porque a Humanidade conseguiu romper o ciclo graças a uma tecnologia revolucionária. Assim será o fim da era dos combustíveis fósseis”.

Site Sintonia Saint Germain

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