Apoiado
em ensinamentos de todas as áreas do conhecimento, da matemática à filosofia budista,
o físico parte do princípio de que a organização em redes é a estrutura básica
de cada sistema do universo. Da simples célula até complexas estruturas
sociais, todas essas redes obedecem à mesma lógica.
Fritjof
Capra sustenta que é essencial para um grande líder na era da sociedade de
massa esta sensibilidade não apenas de captar e pressentir as manifestações
informais, mas de integrá-las e remodelar as instituições de acordo com os
novos anseios.
—
Estamos testemunhando o nascimento de um Brasil novo —
afirmou
ele.
Fritjof
Capra contou como sua própria maneira de viver se modificou ao transitar da
física teórica para o movimento chamado de ecologia profunda, sua grande paixão
é o Instituto de Ecoalfabetização que criou e dirige em Berkeley.
A
nova abordagem da vida passa pela compreensão de que, para sobreviver, cada
sistema vivo é um sistema em constante aprendizado, exposto a constantes fluxos
de energia e matéria que afetam sua estrutura e seu ponto de estabilidade. Em
um determinado momento, pode ocorrer uma mudança de tal ordem que cause uma
ruptura, espécie de rearrumação geral, instaurando espontaneamente uma nova
ordem.
Assim
ocorre nas estruturas da natureza: células, tecidos, organismos vivos não são
estanques, imutáveis. E assim ocorre também nas redes sociais, constantemente
expostas a fluxos de informação e idéias. “Um líder conseguirá passar sua
mensagem se tiver a sensibilidade de perceber o seu sentido tanto para as
estruturas formais quanto para as informais. O desafio, hoje, é encontrar o
equilíbrio entre o desenho pronto e o que emerge. Líderes capazes de intuir
mudanças e pressentir a capacidade de auto-organização das estruturas terão
êxito”, afirma o autor.
Grandes
empresas são, cada vez mais, redes decentralizadas de unidades menores.
Qualquer grupo social é formado por uma rede de unidades formais e informais
que se intercomunicam constantemente. Formadas por regras, normas,
regulamentos, as redes formais se contrapõem às estruturas informais,
caracterizadas pela criatividade, pela espontaneidade, pela fluidez e pelo seu
caráter flutuante. Essas estruturas informais incluem até mesmo formas
não-verbais de solidariedade. Portanto, líderes de qualquer organização formal
— seja ela uma empresa, uma escola, uma família ou um país — devem ficar
atentos a essas manifestações para poderem integrar os fatos, os grupos ou as
redes sociais gerados espontaneamente.
A
reengenharia nas empresas, que geralmente se limita de forma reducionista a
cortar custos e empregos, exclui esta percepção dos impulsos que levam a
mudanças estruturais. Segundo Capra, “ser vivo é ser criativo”. Quando as
pessoas modificam a ordem existente, estão sendo criativas e exercem sua
liberdade. Resistir a essas modificações significa perder a oportunidade de canalizar
os impulsos em uma força ou direção positiva.
A
emergência espontânea de uma nova ordem pode ser detonada por qualquer
flutuação — no caso do meio ambiente, por um evento meteorológico, no caso de
um grupo social, por um mero comentário que começa a circular e é amplificado
pelo grupo social, transformando-se em demanda. Quando a nova ordem se instaura
sem conflitos, há uma espécie de senso mágico, de milagre, como acontecia com
os antigos místicos. Na verdade, essa magia nada mais é do que a criatividade
coletiva corretamente catalisada.
Testemunhamos,
neste novo século, dois movimentos que se opõem radicalmente: o capitalismo
global e a criação de um modo de vida sustentável, baseado em uma estrutura
ecológica. Os fluxos financeiros globais, cujo valor dominante é a produção de
lucros e que considera a vida uma mera mercadoria, constituem um cassino global
eletronicamente operado. Seus impactos são negativos, indo do empobrecimento de
vastos segmentos da Humanidade até a destruição ambiental. O papel das redes
informais que vêm surgindo, como as ONGs, é de reformular regras, impor novos
valores pavimentando a estrada da sustentabilidade em oposição ao consumismo.
Os
conceitos, os valores e as tradições baseados na competição e numa visão do
mundo mecanicista devem ser substituídos por percepções e práticas holísticas,
que considerem o todo e se fundamentem na parceria e na solidariedade.
Primeiro
passo
na
busca de um novo modo de vida sustentável é a educação reeducação ecológica.
Isso não se aplica só às novas gerações, mas a líderes políticos e industriais.
Segundo
passo
é
o redesenho ecológico de estruturas sociais e instituições, ao formatar os
fluxos de energia e matéria. Nesse sentido, Capra cria novas esperanças ao
citar os avanços tecnológicos e científicos que estão possibilitando desde o
aproveitamento do hidrogênio como nova fonte energética renovável até a
confecção dos “hipercarros” — mais leves, movidos a combustíveis alternativos.
As
experiências levadas a cabo com hidrogênio, principalmente na Islândia, estão
prestes a se tornar comercialmente viáveis, decretando, assim, o fim da era do
petróleo. Como diz Capra: “A era da pedra não terminou porque começou uma
escassez de pedras, e sim porque a Humanidade conseguiu romper o ciclo graças a
uma tecnologia revolucionária. Assim será o fim da era dos combustíveis fósseis”.
Site
Sintonia Saint Germain
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