sábado, 6 de fevereiro de 2010

ABELHAS PODEM RECONHECER ROSTOS COMO OS HUMANOS


O cérebro de uma abelha tem um milhão de neurônios, cerca de cem mil vezes menos que um ser humano. Ainda assim, esses pequenos insetos são capazes de reconhecer rostos de maneira semelhante a nós, relatam pesquisadores da universidade de Universidade de Toulouse, na França.

Abelhas e humanos usam uma técnica chamada processamento configural, a junção de componentes de um rosto – olhos, orelhas, nariz e boca – para formar um padrão reconhecível, explicaram os cientistas na edição de 15 de fevereiro do The Journal of Experimental Biology.

“É como se fosse uma colagem”, disse Martin Giurfa, professor de biologia neural em Tolouse. É a mesma habilidade, segundo ele, que ajuda os humanos a perceber que uma pagoda chinesa e um chalé suíço são ambos moradias, com base em seus componentes.

“Conhecemos duas linhas verticais, com um teto como de cabana”, disse ele. “É uma casa”. Em sua pesquisa, Giurfa e colegas criaram uma exibição de imagens desenhadas à mão, algumas eram rostos, outras não.

Após muitas horas de treinamento, as abelhas escolheram os rostos certos em aproximadamente 75% das vezes. Os rostos tinham potes de água açucarada na frente, enquanto os desenhos que não representavam rostos foram colocados por trás de potes contendo água pura. Depois de algumas viagens frustradas aos potes de água sem açúcar, as abelhas passaram a voltar continuamente aos potes de água açucarada na frente dos rostos, descobriram os cientistas.

As imagens e os potes foram limpos após cada visita das abelhas, para garantir que elas estavam usando sinais visuais para encontrar o açúcar, e não deixando marcas de cheiro. Os cientistas descobriram que as abelhas também eram capazes de distinguir um rosto que oferecia água açucarada de um que não fornecia.

Os pesquisadores afirmaram que, embora eles fossem biólogos e não cientistas da computação, eles esperam que seu trabalho possa ser mais amplamente usado, incluindo por especialistas em reconhecimento facial. “Se alguém achar interessante e isso melhorar a segurança nos aeroportos, isso é ótimo”, disse Dyer. “Os mecanismos potenciais podem se tornar disponíveis para a comunidade de reconhecimento facial em geral”.

Giurfa afirmou que o beneficio de estudar uma criatura tão simples quanto a abelha está em saber que não é necessária uma rede neural complexa para distinguir objetos. Isso traz esperanças a tecnologistas, disse ele.

“Podemos imaginar que, através da exposição repetida, podemos treinar máquinas para extrair uma configuração e saber se ‘isso é uma moto’ ou não, se ‘isso é um cachorro’ ou não”, disse ele.

Porém, embora a pesquisa com abelhas seja interessante, isso não ajuda no problema mais difícil enfrentado por tecnologistas, afirmou David Forsyth, professor de ciência da computação da Universidade de Illinois, cuja pesquisa foca em visão de computador.

O problema desafiador é construir sistemas capazes de reconhecer as mesmas pessoas num período de tempo, disse David Forsyth, depois que seu cabelo cresceu, ou quando elas estiverem usando óculos de sol, ou depois de envelhecerem. Todas essas são tarefas que os humanos podem facilmente desempenhar, mas que os computadores têm dificuldades em replicar.

“Duvido muito que as abelhas possam fazer essa distinção”, disse Forsyth, acrescentando: “Se as abelhas conseguissem, eu cairia da cadeira”. No entanto, disse ele, é importante acrescentar ao corpo de pesquisa sobre reconhecimento facial estudos com animais.

Embora computadores tenham se tornado muito capazes em detectar rostos, o reconhecimento facial confiável realizado por máquinas continua sendo algo elusivo. “Não sabemos quase nada sobre reconhecimento, mas é muito útil, apesar de difícil, e isso nos ajuda a tomar decisões sobre o mundo”, disse Forsyth. “Pesquisas sobre qualquer aspecto da identificação e reconhecimento de rostos parecem ser algo bom”.  G1

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