segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

BUDISMO E A NATUREZA

Ancião, de barba,  materializado na Catarata

Este pequeno artigo tem a intenção de lembrar a grande relação que o budismo estabelece com a natureza. Aqui, mais uma lembrança: a de que a nossa natureza, íntima e pessoal, é também composta de tudo o que é comum a todos os seres sencientes.

De acordo com Thoureau, a relação que estabelecemos com a natureza nada mais é senão um reflexo da relação que estabelecemos com o próximo. Para Thoureau, nada do que fazemos de diferente na natureza é eminentemente diferente do que provocamos no mundo. Estar no mundo em coerência com o que somos e o que acreditamos, na verdade, é sempre um desafio, e tal desafio não é diferente quando refletimos na busca espiritual os nossos valores mais profundos.

O Budismo nasceu em plena conexão com a natureza. A floresta de Boddhi Gaia, a árvore sob a qual se iluminou, são os elementos que compõe o ambiente de reflexão e de introspecção em que o Buda nasceu.

Se entendemos que a formação do Buda é igualmente um processo, em que a iluminação é formada, gerada a partir de circunstâncias especiais, então com certeza tais circunstâncias foram amplamente favorecidas pela proximidade com a natureza. Para comprovarmos isso, basta que nos transportemos para um bosque ou para uma floresta, e acompanhemos a percepção de paz e de tranqüilidade que a natureza nos proporciona. Se isso não é possível na prática, podemos até fechar os olhos e imaginar que estamos em um lugar repleto de verde, com cachoeiras e muita luz: apenas de imaginarmos, o nosso coração se acalma e a nossa mente fica mais clara.

A Iluminação do Buda Sakyamuni é um exemplo claro da importância do retorno às nossas raízes para que possamos nos fortalecer junto à Natureza e provocar mudanças positivas no nosso mundo e ao redor dele. No Japão, igualmente, a natureza sempre teve um lugar muito especial na cultura. Até hoje, os chamados Yamabushi, seguidores de uma prática secular de grande envolvimento com a natureza, percorrem trilhas ancestrais e fazem seus rituais em torno de lugares sagrados, tais como árvores, regatos e cachoeiras onde se banha sob uma torrente de água gelada.

O Budismo ancestral nos convida a preservar a natureza e não consumir carne de nenhuma espécie, o que significa que os recursos ambientais tem que ser preservados assim como um profundo respeito à vida. A Natureza ainda nos permite uma vivência espiritual intensa, e esta vivência nos alerta para o profundo significado do conceito budista de interdependência – e o Dalai Lama nos lembra que “Se nós explorarmos o meio ambiente de maneira extrema, hoje nós podemos ganhar algum benefício, mas a longo prazo nós sofreremos e outras gerações sofrerão. Assim quando o meio ambiente muda, as circunstâncias climáticas também mudam. Quando a mudança é dramática, estruturas econômicas e muitas outras coisas também mudam, ate mesmo nosso corpo físico. Assim você pode ver o grande efeito dessa mudança. Portanto, desse ponto de vista esta é não somente uma questão de nossa sobrevivência individual.” Portanto, a importância da natureza também está relacionada com a importância da nossa sobrevivência como espécie.

Nas nossas cidades, pouco valor tem se dado não apenas à preservação ambiental como à convivência saudável com a Natureza. No nosso mundo, gastamos mais tempo em shoppings centers, onde o escasso tempo livre é apropriado pelo consumismo desenfreado, do que convivendo e aprendendo com o meio ambiente. As cidades brasileiras, em particular, se desenvolvem dando as costas para o seu entorno natural, confirmando o olhar ganancioso e a estreiteza de visão dos especuladores e dos planejadores urbanos.

Nossas atitudes diárias, no entanto, podem fazer grande diferença em prol de um maior equilíbrio como budistas e seres humanos. O respeito à natureza deve seguir à ordem natural de respeito ao próximo, lembrando que somos, muito, resultados das nossas ações, todos os diasviveraterra.nireblog.co

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