segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

RIO XINGU [EXPRESSÃO HUMANA]

GOOGLE IMAGENS

ÍNDIOS COLETAM SEMENTES USADAS PARA RECUPERAR AS NASCENTES DO RIO XINGU


O trabalho de recuperação das nascentes do Rio Xingu, em Mato Grosso, conta com a ajuda dos índios ikpengs, que coletam sementes de espécies nativas para vender aos agricultores da região. Os agricultores e ambientalistas também utilizam a técnica muvuca, pela qual é usada a plantadeira de soja para semear florestas.

A tribo ikpeng tem 400 índios, na maioria são jovens que trabalham na coleta de sementes. “Uma marca indica que no local tem um recurso importante para nós. Agora, eu vou colher esta fruta que nós consumimos como sucos ou a própria polpa”, explicou.

O nome da fruta em português é pitomba, uma frutinha muito doce típica da zona de transição entre o cerrado e a Amazônia. Como ela fica no alto, não é fácil coletar as sementes. Oremé Ikpeng orienta o Wayge, que foi escolhido para escalar a árvore. Eles comem a polpa e guardam os caroços em sacos plásticos.

Depois o grupo muda de área. A caminhada é longa até o centro da floresta, onde estão as árvores maiores. No meio do caminho uma nascente brota da terra, com água limpa para matar a sede.

Após duas horas de caminhada mata a dentro, o grupo chega à área da coleta. A árvore é um angelim saia. As sementes, que ficam dependuradas no alto, surgem em pencas presas nos cipós. De novo o pessoal, tem de escalar a árvore para fazer a coleta. Mas Waygé desistiu da empreitada.

O engenheiro florestal Marcos Schmidt do Instituto Socioambiental coordenou o treinamento dos índios para este tipo de situação. A técnica usada é o rapel. A chegada se deu bem no meio dos cachos de sementes.

Com a ajuda de um alicate de poda, ele começa o serviço. O restante do pessoal vai juntando o material que cai no chão. Marcos Schmidt disse que o preço pago para os índios pela coleta varia de R$ 0,50 a R$ 500 o quilo.

“O quilo de uma semente grande são poucas sementes. O quilo de uma semente bem miudinha são milhares. Então, esta questão também influencia no preço. Além do valor monetário, eu acho que a experiência e o reconhecimento deles nesta luta de recuperação esta região, que foi muito desmatada, eu acho que isso é o maior benefício para eles também”, disse Schmidt.

Quando a missão cumprida, o índio Oremé recebe o aplauso do pessoal. Na sombra do barracão construído no meio da aldeia os índios ikpenges armazenam as sementes coletadas na floresta. Ao ar livre, elas passam por um processo natural de secagem.

Para transportar o produto até a cidade de Canarana o pessoal pega a única estrada da reserva: o Rio Xingu. A viagem leva um dia inteiro. Waengué e Oremé são os responsáveis pela comercialização do produto na cidade. Eles vendem tudo para a Rede de Sementes, coordenada pelo Instituto Socioambiental.

Os técnicos trabalham com 160 espécies florestais e, em parceria com a prefeitura de Canarana, instalaram um viveiro. O agricultor Anderlei Goldoni comprou sementes e mudas de 40 espécies diferentes para reflorestar três hectares no entorno do rio que corta a fazenda. O plantio tem dois anos e meio e muitas árvores já estão com três metros de altura.

Para o reflorestamento de pequenas áreas, como do Anderlei Goldoni, os pesquisadores recomendam o plantio de mudas. Mas para lugares maiores, a técnica que está sendo testada é a muvuca de sementes. Foram selecionadas 41 espécies nativas que serão plantadas de uma vez só.

A receita para plantar em meio hectare leva dois sacos de 60 quilos de terra e um saco de areia. A primeira semente da muvuca é o feijão de porco, uma leguminosa que não é nativa do Brasil.

“Ela é fundamental nos primeiros seis meses a um ano da floresta porque é uma espécie rasteira, mas que faz um sombreamento muito rápido. Ela tem a função também de descompactar o solo com as suas raízes e de levar nitrogênio para o solo através das suas folhas que vão caindo e decompondo em cima da terra. Ela vai melhorando as propriedades físicas e químicas do solo”, explicou Marcos Schmidt, engenheiro Florestal do Instituto Socioambiental.

Em seguida, começa uma verdadeira salada de sementes de espécies florestais nativas. Tem até isca para formiga. “A gente não mata a formiga dos reflorestamentos. A gente coloca comida para elas. O tamarindo é uma semente que a gente consegue fácil. Então, a gente usa bastante porque germina bem e a formiga adora cortar”, completou Schmidt.

A muvuca é colocada na caixa de adubo da plantadeira de soja. Na área experimental os técnicos do Instituto Socioambiental testam o plantio das sementes florestais com a plantadeira, a mesma máquina do plantio direto da soja e do milho. Ela rasga o solo e coloca a semente na cova. Para completar o serviço, homens espalham as sementes que não podem ser enterradas. São espécies que só germinam na flor da terra, como o tingui e os ipês. Na área onde as sementes já germinaram, as folhas largas do feijão de porco sombreiam outras mudinhas.

A fazenda Bang Bang, que cria gado de corte, plantou 200 hectares de florestas usando a muvuca. Ao invés de terra, eles usam serragem e adubo químico. O gerente da fazenda Anderson Araújo disse que o sistema é muito prático porque economiza a mão de obra da produção de mudas e também do plantio.

A máquina que espalha as sementes é o tornado, a mesma usada para plantar capim. Atrás do equipamento tem uma grade leve que vai cobrindo as sementes. “É impressionante a germinação rápida. Na nossa planilha, o custo maior é o da cerca. Embora este processo seja muito mais barato, a cerca é muito cara”, comparou o agricultor Luiz Castelo.

Quem não lida com pecuária pode dispensar a cerca. É o que acontece na fazenda em Canarana, onde os alunos da escola municipal estão plantando mudas ao redor do Rio Queixada. A ideia de fazer o reflorestamento é do garoto Igor Trovo, que convenceu o pai, Sebastião Trovo, a fazer o serviço.

O engenheiro florestal Rodrigo Junqueira, do Instituto Socioambiental, disse que a junção das florestinhas ao longo dos rios acabou estabelecendo corredores que no futuro ligarão as áreas das fazendas com a floresta do Parque Indígena do Xingu.

“Ele vai permitir que a água que corre para dentro do Xingu possa correr com uma qualidade melhor e que não tenha nenhum risco de contaminação”, explica Rodrigo Junqueira.

Hoje, o Igor Trovo tem 16 anos. Se o pessoal cuidar bem das mudinhas, quando ele tiver o dobro da idade, poderá caminhar dentro da floresta que ajudou a plantar. (

G1

AGRICULTORES SE ESFORÇAM PARA RECUPERAR CABECEIRAS DO RIO XINGU

O Parque Indígena do Xingu é a maior reserva de floresta contínua de Mato Grosso. Mas seu equilíbrio está ameaçado pelo desmatamento das áreas que ficam em volta dele. Agricultores e ambientalistas trabalham para recuperar as cabeceiras do Xingu, o principal rio do parque indígenas.

O Rio Xingu tem 2,7 mil quilômetros de extensão. É um gigante formado pelas águas de milhares de afluentes. Ele nasce do encontro dos rios Culuene e Sete de Setembro, no sul do Parque Indígena do Xingu, região nordeste de Mato Grosso. O rio atravessa a reserva de ponta a ponta, fazendo voltas como se fosse uma enorme serpente, e entra no Estado do Pará para se encontrar com o Rio Amazonas.

Não é a toa que o Rio Xingu dá nome ao maior parque indígena do país. Além de principal via de acesso à reserva, ele é fonte de vida para os cinco mil índios que vivem na região. É de onde eles tiram a água do uso diário e plantas para fabricar o sal usado no tempero dos peixes, fonte de alimentação indígena.

O cacique Raoni, líder dos índios caiapós, disse que hoje a reserva está cercada pelas pastagens e lavouras. As margens dos rios que nascem dentro das fazendas são desmatadas e o veneno usado nas lavouras está contaminando as águas.

O assoreamento no leito do Rio Xingu é outra consequência da devastação. Quem navega pelo lugar precisa tomar muito cuidado com os bancos de areia que se formam no fundo.

O cacique Afucacá – Kuikuro explicou que eles não podem fazer nada porque as nascentes do Xingu estão fora da área da reserva. “Nascente do rio não tem dono. Quem está cuidando da nascente do rio?”, questionou.

O desmatamento das nascentes e beiras de rio na bacia hidrográfica do Rio Xingu chega a 300 mil hectares. No início da colonização da região o governo financiava a derrubada da floresta para a introdução das lavouras. Mas os tempos mudaram. Quem avança nas áreas de mata que ainda restam sem autorização é multado e corre o risco de ter a área interditada.

Hoje, muitos agricultores da região do Xingu já reconheceram o erro do passado e estão dispostos a recuperar suas áreas. Para isso, eles criaram a Aliança da Terra, organização não-governamental, que está fazendo um diagnóstico das fazendas para enquadrá-las na lei ambiental. A ONG é mantida pelos próprios agricultores e também capta recursos de fundações estrangeiras.

Uma das fazendas mapeadas pelos técnicos da ONG Aliança da Terra é Fazenda Roncador, que tem 151 mil hectares, um território igual ao da cidade de São Paulo. Metade da área do lugar foi desmatada para a formação de pastagens, onde são criadas 90 mil cabeças de gado. Ela é a maior fazenda de pecuária de Mato Grosso e uma das maiores do Brasil.

Na época de abertura da Fazenda Roncador o desmatamento atingiu muitas nascentes e beiras de rio. As várzeas foram drenadas e a água desviada por canais para dar de beber ao gado.

Dentro da área da Fazenda Roncador existem 93 nascentes. Sessenta e três terão de ser recuperadas. O trabalho já começou com o isolamento do da área do Rio Cateto.

Agora, a fazenda pretende comprar mudas e sementes de espécies nativas da região para reflorestar quatro mil hectares de nascentes e matas ciliares.

O agricultor Caio Penido Della Vechia, que herdou do pai dele a tarefa de consertar o erro do passado, disse que o desafio é grande, mas está disposto a encarar o problema de frente.

“O que dá para resolver a gente já está adiantando. A parte de nascente é um pouco difícil porque não tem infraestrutura na região para conseguir fazer com a rapidez que a gente gostaria. Não é como plantar soja ou capim que já tem uma tecnologia desenvolvida para isso, que já tem formas de calcular tudo. É uma coisa nova que está sendo desenvolvida. A gente está precisando do auxílio para como reflorestar as nascentes, como ser uma recuperação eficiente”, disse Della Vechia.

A engenheira ambiental da Aliança da Terra Aline Maldonado mostrou o diagnóstico da fazenda. “O mapa de conservação do solo mostra os pontos que precisam de melhoria e os pontos onde tem controle de erosão”, explicou.

O agricultor Arlindo decidiu fazer a recuperação da área ao longo do rio que corta sua fazenda. Ele cercou o lugar e plantou crotalária, uma leguminosa que está em floração. Além de fornecer nitrogênio para o solo, ela faz sombra para as árvores nativas plantadas no meio. Quando completar o ciclo, a leguminosa vai morrer e dar espaço para as árvores. Ele usou sementes que foram colocadas diretamente no solo. O processo é mais barato, mas exige uma quantidade muito grande de sementes. E haja sementes para recuperar os 30 mil hectares de Cananara e mais 270 mil desmatados em toda a bacia do rio Xingu.

Depois de tanto derrubar a floresta, hoje, para conseguir sementes, os agricultores têm que apelar para a reserva do Parque Indígena do Xingu.

A convite do Instituto Socioambiental, organização não governamental que trabalha com os índios, quatro etnias do parque estão coletando sementes. A campanha leva o nome de Y Ikatu Xingu, que na língua dos índios quer dizer: “Salve a água boa do Xingu”.

Os índios ikpenges falam a língua da família caribe. O primeiro contato deles com o homem branco se deu no início dos anos 60. As fotos de Eduardo Galvão retratam o sertanista Orlando Villas Boas trocando presentes com a comunidade indígena. Na época, Paikuré, tinha uns 18 anos e disse que nunca vai esquecer a cena de Orlando Villas Boas chegando à aldeia. “Eu armei o arco e já ia atirar a fecha no peito dele. Ele tinha uma figura estranha. A barba parecia um bicho. Aí, ele ergueu os braços e vi que era um amigo”, lembrou.

G1

domingo, 20 de fevereiro de 2011

FORMIGAS UMA SOCIEDADE EXTREMAMENTE ORGANIZADA


Uma sociedade extremamente organizada, que não possui nenhum tipo de liderança. Parece impossível? Não no mundo das formigas. Pertencentes ao grupo de insetos sociais, elas vivem em colônias. Dentro do ninho, as tarefas são divididas entre as castas e cada uma cumpre seu papel.

A maioria das formigas em uma colônia é formada por fêmeas, reprodutoras [rainhas] e não reprodutoras [operárias]. Essas últimas fazem o trabalho pesado: constroem o ninho, coletam comida e água, limpam, alimentam machos, larvas, e em alguns casos a rainha, e protegem o formigueiro. Em certas espécies, as soldados diferem-se das operárias comuns por terem partes do corpo maiores, principalmente cabeça e mandíbulas.

Uma colônia pode ter apenas uma ou várias rainhas. Em casos mais raros, não há nenhuma. A operária com maior porte físico e pré-disposição hormonal desenvolve um aparelho reprodutor e assume o posto.

É durante a revoada, geralmente na primavera, que rainhas virgens e machos voam do ninho para acasalar. Após o coito, ambos perdem as asas e retornam ao solo, onde a fêmea cava um buraco para iniciar a criação de sua própria colônia.

As formigas cortadeiras [coletoras de folhas] carregam dentro da boca um pedaço de fungo, tirado de sua colônia de origem. Ele dará início a um cultivo que será a refeição principal das formigas. Outros gêneros podem comer vegetais, grãos e alimentos diversos, como carnes e doces, e até outros insetos.

Nas espécies nas quais não ocorre revoada, uma das rainhas abandona seu formigueiro acompanhada de algumas operárias para fundar uma nova colônia.

Apesar de causarem estragos em plantações, residências,  as formigas são muito úteis para a fertilização do solo, pela renovação do substrato orgânico e controle de outras pragas [pelas carnívoras].

Porém, as formigas só agem como pragas em ambientes alterados pelo homem, pois em áreas naturais fazem parte do equilíbrio ecológico. Existem 9.536 espécies de formigas catalogadas no mundo, mas estima-se que a quantidade real seja cerca de 18.000. Só no Brasil são mais de 2.000 conhecidas.

As colônias de formigas produzem diferentes tipos de ninhos, que variam em formato, número de túneis, de câmaras e disposição. Podem ser subterrâneos, construídos em árvores ou na superfície do solo, embaixo de folhas, galhos ou dentro de troncos.
Revista Galileu

COLONIA DE FORMIGAS NO ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO-SP

São três andares formados por potes e tubos de vidro interligados, expondo o ninho desses pequenos insetos. O formigueiro é apresentado aos visitantes na Casa do Sangue do Frio em seções diárias, onde uma gravação de 12 minutos oferece explicações sobre a biologia da saúva.

Zoológico
Avenida Miguel Stéfano, 4241 - Água Funda
Consulte preços e horários pelo telefone 11-5073-0811

Revista Galisteu

sábado, 19 de fevereiro de 2011

ÍNDIOS MILITARES BRASILEIROS NA SELVA NINGUÉM SE IGUALA A ELES

Formatura do 54º Batalhão de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira-AM, onde um grupo de soldados pertencentes a várias etnias indígenas, enuciam, em suas línguas originais a frase "TUDO PELA AMAZÔNIA, SELVA!".

Oração do Guerreiro de Selva
Proferida por um soldado brasileiro da tribo Kaxinawá

Tu que ordenaste ao guerreiro da selva:
Sobrepujai todos os vossos oponentes!”
Dai-nos hoje da floresta:
A sobriedade para persistir,
A paciência para emboscar,
A perseverança para sobreviver,
A astúcia para dissimular,
A fé para resistir e vencer
E dai-nos também Senhor,
A esperança e a certeza do retorno.
Se defendendo esta brasileira Amazônia,
Tivermos que perecer, Ó Deus!
Que o façamos com dignidade
E mereçamos a vitória! - "SELVA !!!"

Perfilados os soldados aguardaram em posição de sentido, sob o sol do meio-dia. Eram homens de estatura mediana, pele bronzeada, olhos amendoados, maçãs do rosto salientes e cabelo espetado.

O observador desavisado que lhes analisasse os traços julgaria estar na Ásia. No microfone,  a palavra de ordem do capitão: - 'Soldado Souza, etnia tucano'

Um rapaz da primeira fila deu um passo adiante, resoluto, com o fuzil no ombro, e iniciou a oração do guerreiro da selva, no idioma natal. No fim, o grito de guerra dos pelotões da fronteira: - "SELVA !!!"

O segundo a repetir o texto foi um soldado da etnia desana, seguido de um baniua, um curipaco, um cubeu, um ianomâmi, um tariano e um hupda.Todos repetiram o ritual do passo à frente e da oração nas línguas de seus povos; em comum, apenas o grito final: - "SELVA !!!"Depois,o pelotão inteiro cantou o hino nacional em português, a plenos pulmões.

Ouvir aquela diversidade de indígenas, característica das 22 etnias que habitam o extremo noroeste da Amazônia brasileira há 2.000 anos, cantando nosso hino no meio da floresta, trouxe à flor da pele sentimentos de brasilidade que eu julgava esquecidos.

Para chegar à Cabeça do Cachorro é preciso ir a Manaus, viajar 1.146 quilômetros Rio Negro acima, até avistar São Gabriel da Cachoeira, a maior cidade indígena do país.De lá, até as fronteiras com a Colômbia e a Venezuela, pelos rios Uaupés, Tiquié, Içana, Cauaburi e uma infinidade de rios menores. A duração da viagem depende das chuvas, das corredeiras e da época do ano, porque na bacia do Rio Negro o nível das águas pode subir mais de dez metros entre a vazante e o pico da cheia. É um Brasil perdido no meio das florestas mais preservadas da Amazônia. Não fosse a presença militar, seria uma região entregue à própria sorte. Ou, pior, à sorte alheia.O comando dos Pelotões de Fronteira está sediado em São Gabriel.

De lá partem as provisões e o apoio logístico para as unidades construídas à beira dos principais rios fronteiriços: Pari-Cachoeira, Iauaretê, Querari, Tunuí-Cachoeira, São Joaquim, Maturacá e Cucuí. Anteriormente formado por militares de outros Estados, os pelotões hoje recrutam soldados nas comunidades das redondezas. Essa opção foi feita por razões profissionais: - 'O soldado do Sul pode ser mais preparado intelectualmente, mas na selva ninguém se iguala ao indígena'.

Na entrada dos quartéis, uma placa dá idéia do esforço para construí-los naquele ermo: 'Da primeira tábua ao último prego, todo material empregado nessas instalações foi transportado nas asas da FAB'.

Os pelotões atraíram as populações indígenas de cada rio à beira do qual foram instalados: por causa da escola para as crianças e porque em suas imediações circula o bem mais raro da região-salário.

Para os militares e suas famílias, os indígenas conseguem vender algum artesanato, trocar farinha e frutas por gêneros de primeira necessidade, produtos de higiene e peças de vestuário. No quartel existe possibilidade de acesso à assistência médica, ao dentista, à internet e aos aviões da FAB, em caso de acidente ou doença grave.

Cada pelotão é chefiado por um tenente com menos de 30 anos, exerce o papel de comandante militar, prefeito, juiz de paz, delegado, gestor de assistência médica  administrador do programa de inclusão digital e o que for necessário assumir nas comunidades das imediações, esquecidas pelas autoridades federais, estaduais e municipais. Tais serviços, de responsabilidade de ministérios, secretarias locais, são prestados pelas Forças Armadas sem qualquer dotação orçamentária suplementar.

Os quartéis são de um despojamento espartano. As dificuldades de abastecimento, os atrasos dos vôos causados por adversidades climáticas e avarias técnicas e o orçamento minguado das Forças Armadas tornam o dia-a-dia dos que vivem em pleno isolamento um ato de resistência permanente. 


Sigalith Koren enviou esta Mensagem

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

JAPÃO PÁRE COM A CAÇA CIENTIFICA DAS BALEIAS


Os países latino-americanos membros da Comissão Baleeira Internacional, do chamado "Grupo de Buenos Aires", pediram ao Japão para que pare com a caça científica da espécie nas águas antárticas, em um santuário estabelecido pelo grupo para proteger as baleias.

Os governos de Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru e Uruguai rejeitaram a caça de cerca de mil baleias, incluindo espécies ameaçadas, no Santuário de Baleias do Oceano Antártico, indicou um comunicado publicado na página oficial do governo argentino.

As nações reafirmaram o compromisso com a conservação das baleias, a manutenção da moratória comercial em vigor desde 1986, a promoção do uso não letal do recurso e o respeito à integridade dos santuários baleeiros reconhecidos pela comissão.

Acrescentaram que a continuidade das capturas realizadas ano após ano, apesar das críticas da comunidade internacional, não contribui para manter o ambiente de confiança para um diálogo construtivo, único fórum multilateral reconhecido para o manejo e a conservação das baleias.

France Press/Jornal O Estado de São Paulo

BALEEIROS JAPONESES SUSPENDEM ATIVIDADES NA ANTÁRTIDA

Foto da ONG Sea Sheperd Conservation Society
mostra um baleeiro japonês; caça é suspensa antes do previsto

Os baleeiros japoneses suspenderam as atividades na Antártida, em consequência das pressões dos grupos de defesa ambiental, e estudam a possibilidade de concluir antes do previsto a missão anual, anunciou a Agência de Pesca do Japão nesta quarta-feira.

Ativistas da ONG Sea Shepherd Conservation Society perseguiram durante meses a frota japonesa para tentar impedir a caça das baleias.

Tatsuya Nakaoku, funcionário da agência de pesca, afirmou: ["O navio-fábrica] Nisshin Maru, que foi perseguido pela Sea Shepherd, suspendeu as operações no dia 10 para garantir a segurança da tripulação."

"Estamos estudando a situação, incluindo a possibilidade de encerrar a missão antes", disse Nakaoku à AFP, confirmando informações da imprensa, mas fazendo questão de dizer que "nada foi decidido".

A agência de notícias Jiji Press informou que o governo considera ordenar o retorno da frota antes do previsto. A missão anual geralmente prossegue até meados de março.

O Japão alega que sua caça das baleias é "científica" em uma área do oceano Antártico que a Comissão Baleeira Internacional [CBI] determinou como protegida.

Em 1986 entrou em vigor uma moratória que proíbe a caça com fins comerciais. Desde então, quase 40 mil baleias foram caçadas no mundo por países que não aceitam a proibição, sob o pretexto das caças científica e tradicional, autorizadas com cotas limitadas pela CBI.

France Pressa/Jornal Folha de São Paulo   

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

ABRAMPA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO MEIO AMBIENTE


Um grupo de Promotores de Justiça, no final dos anos 80 e início dos anos 90, embalado pelas novas e instigantes atribuições que lhe conferia a então nova Constituição de 88, começou a gestar a criação de um instrumento que pudesse congregar os participantes desse “novo Ministério Público na área de meio ambiente”. Iniciando por seminários organizados pelo Ministério Público de São Paulo e, passando pelas reuniões da CONAMP preparatórias da Rio-92, esses encontros proporcionaram a união de colegas com atuação
especializada em vários estados.

Foi essa vontade comum que delineou esse novo Ministério Público na área de meio ambiente e concebeu a idéia de uma associação de Promotores e Procuradores de Justiça, Procuradores da República, Procuradores do Trabalho e demais membros dos Ministérios Públicos de todo o Brasil que ensejasse o intercâmbio de idéias, a harmonização de condutas, a ajuda mútua, a concentração de esforços, a realização de seminários, congressos, mesas científicas e até o ajuizamento de ações, caso necessário.

Assim, tal entidade foi idealizada em 1992, durante a conferência ECO92, para unificar nacionalmente a atuação do Ministério Público da área ambiental, mas somente foi concretizada em junho de 1997, durante o 2º Congresso Internacional de Direito Ambiental, em São Paulo, quando, reunidos em assembleia, membros do Ministério Público brasileiro decidiram pela criação da Associação Brasileira do Ministério Público de Meio Ambiente.

Inicialmente, a Abrampa foi liderada pelo então Procurador de Justiça Antônio Carlos Brasil Pinto e teve como sua primeira sede executiva a cidade de Florianópolis SC. Desde a sua fundação, a Associação, além de criar e disseminar a cultura do promotor de Meio Ambiente em todo o pais, vem difundindo o Direito Ambiental como instrumento de proteção vida no planeta.

Logo na segunda gestão diretorial, quando liderada pela Procuradora de Justiça Sílvia Cappelli, o funcionamento da Abrampa já começou a contribuir significativamente para o intercâmbio entre membros do Ministério Público. Sua mais notável manifestação foi a presença do Ministério Público no Conama, em muito articulada pela Abrampa. Neste período, em que a Abrampa teve como sede a cidade de Porto Alegre RS, foi iniciada uma grande atividade de atividades culturais com objetivo de aperfeiçoamento técnico científico de seus membros.

Em sua terceira gestão, comandada pelo Procurador de Justiça Jarbas Soares Júnior, na busca por tornar a entidade uma referência nacional, houve uma ampliação da integração dos associados da Abrampa, através da realização de inúmeras atividades culturais, como o anual “Congresso Brasileiro do Ministério Público de Meio Ambiente” e bianual “Congresso Nacional da Magistratura e do Ministério Público de Meio Ambiente”.

A Abrampa promoveu, também, sua primeira atividade internacional, o “Curso de Direito Ambiental Europeu”, em Limoges, na França. Em março de 2005, foi inaugurado o Escritório Executivo, na cidade de Belo Horizonte MG, local onde funciona a secretaria executiva e as assessorias de comunicação, publicidade e captação de recursos. A Abrampa também incentivou a criação de reuniões permanentes, como a Comissão Interinstitucional dos Ministérios Públicos Federais e Estaduais, e a Comissão de estudo sobre a regulamentação de Termos de Ajustamento de Conduta.

Os meios de interação escolhidos para fortalecer as idéias da entidade foram: a publicação de um jornal periódico, que se encontrava em sua décima quarta edição, quando foi substituído pelo boletim eletrônico mensal; e o portal eletrônico da internet. Com isso, busca-se estimular a filiação de novos associados e o estabelecimento de uma comunicação mais efetiva entre Ministérios Públicos, poder e a sociedade civil.

Após se consolidar nos campos jurídico, político e social, a Abrampa investiu na sua nacionalização e, agora, parte para a sua internacionalização, tendo em vista a necessidade de interlocução em outros MPs e entidades ambientalistas. Atualmente, a instituição considerada referencial em todos os Ministérios Públicos da América Latina, integrando os seus membros na recém-criada Rede Latino-Americana do Ministério Público.

Hoje a Abrampa se encontra em sua quinta gestão, permanecendo como Presidente, após sua segunda reeleição, em junho de 2009, o Procurador de Justiça Jarbas Soares Junior, e como Vice-Presidente a Subprocuradora-Geral da República Sandra Cureau.

Jarbas Soares Junior deu início ao seu terceiro mandato como presidente da Associação em agosto. Ele foi coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa do Meio Ambiente (Caoma) no período de 2002 a 2004 e Procurador-Geral de Justiça de Minas Gerais em duas gestões (biênios 2005-2006 e 2007-2008). A Vice-Presidente Sandra Cureau atua junto ao Supremo Tribunal Federal, tendo atuado inclusive como Vice-Procuradora Geral Eleitoral, e dirige a 4ª Câmara de Coordenação e Revisões do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do MPF. A ex-presidente da Abrampa, Sílvia Capelli, retornou à diretoria, comandando a área de relações internacionais.

A cerimônia oficial de posse da nova diretoria foi realizada no dia 18 de novembro de 2009, na cidade do Rio de Janeiro, e contou com as ilustres presenças do Vice-Presidente José Alencar, Procuradores-Gerais de Justiça e outros membros de Ministérios Públicos, parlamentares e diversas autoridades.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ECOZÓICO SIGNIFICA COLOCAR ECOLÓGICO COMO REALIDADE CENTRAL

Quem leu meu artigo anterior O antropoceno: uma nova era geológica deve ter ficado desolado. E com razão, pois, quis intencionalmente provocar tal sentimento. Com efeito, a visão de mundo imperante, mecanicista, utilitarista, antropocêntrica e sem respeito pela Mãe Terra e pelos limites de seus ecossistemas só pode levar a um impasse perigoso: liquidar com as condições ecológicas que nos permitem manter nossa civilização e a vida humana neste esplendoroso Planeta.

Mas como tudo tem dois lados, vejamos o lado promissor da atual crise: o alvorecer de uma nova era, a do Ecozóico. Esta expressão foi sugerida por um dos maiores astrofísicos atuais, diretor do Centro para a História do Universo, do Instituto de Estudos Integrais da Califórnia: Brian Swimme.

Que significa a Era do Ecozóico? Significa colocar o ecológico como a realidade central a partir da qual se organizam as demais atividades humanas, principalmente a econômica, de sorte que se preserve o capital natural e se atenda as necessidades de toda a comunidade vida presente e futura. Disso resulta um equilíbrio em nossas relações para com a natureza e a sociedade no sentido da sinergia e da mútua pertença deixando aberto o caminho para frente.

Vivíamos sob o mito do progresso. Mas este foi entendido de forma distorcida como controle humano sobre o mundo não-humano para termos um PIB cada vez maior. A forma correta é entender o progresso em sintonia com a natureza e sendo medido pelo funcionamento integral da comunidade terrestre. O Produto Interno Bruto não pode ser feito à custa do Produto Terrestre Bruto. Aqui está o nosso pecado original.

Esquecemos que estamos dentro de um processo único e universal – a cosmogênese – diverso, complexo e ascendente. Das energias primordiais chegamos à matéria, da matéria à vida e da vida à consciência e da consciência à mundialização. O ser humano é a parte consciente e inteligente deste processo. É um evento acontecido no universo, em nossa galáxia, em nosso sistema solar, em nosso Planeta e nos nossos dias.

A premissa central do Ecozóico é entender o universo enquanto conjunto das redes de relações de todos com todos. Nós humanos, somos essencialmente, seres de intrincadíssimas relações. E entender a Terra com um superorganismo vivo que se autoregula e que continuamente se renova. Dada a investida produtivista e consumista dos humanos, este organismo está ficando doente e incapaz de “digerir” todos os elementos tóxicos que produzimos nos últimos séculos. Pelo fato de ser um organismo, não pode sobreviver em fragmentos mas na sua integralidade. Nosso desafio atual é manter a integridade e a vitalidade da Terra. O bem-estar da Terra é o nosso bem-estar.

Mas o objetivo imediato do Ecozóico não é simplesmente diminuir a devastação em curso, senão alterar o estado de consciência, responsável por esta devastação. Quando surgiu o cenozóico (a nossa era há 66 milhões de anos) o ser humano não teve influência nenhuma nele. Agora no Ecozóico, muita coisa passa por nossas decisões: se preservamos uma espécie ou um ecossistema ou os condenamos ao desaparecimento. Nós copilotamos o processo evolucionário.

Positivamente, o que a era ecozóica visa, no fim das contas, é alinhar as atividades humanas com as outras forças operantes em todo o Planeta e no Universo, para que um equilíbrio criativo seja alcançado e assim podermos garantir um futuro comum. Isso implica um outro modo de imaginar, de produzir, de consumir e de dar significado à nossa passagem por este mundo. Esse significado não nos vem da economia mas do sentimento do sagrado face ao mistério do universo e de nossa própria existência. Isto é a espiritualidade.

Mais e mais pessoas estão se incorporando à era ecozóica. Ela, como se depreende, está cheia de promessas. Abre-nos uma janela para um futuro de vida e de alegria. Precisamos fazer uma convocação geral para que ela seja generalizada em todos os âmbitos e plasme a nova consciência.

Leonardo Boff é teólogo e professor emérito de ética da UERJ
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