quinta-feira, 9 de novembro de 2017

ÚLTIMAS MENSAGENS POSTADAS 10 11 2017

FLORESTAS ESCONDIDAS EQUIVALEM A UMA AMAZÔNIA

Floreta de Eucalyptus victrix na região de Pilbara, na Austrália
 
Uma extensa equipe internacional de 31 pesquisadores em 13 países analisou dados de satélites e concluiu que a Terra tem 9% mais florestas do que se estimava. Estes 4.270.000 km² de floresta até agora "escondidos" têm metade da área territorial do Brasil e equivalem a toda a floresta amazônica.

É uma boa notícia para a ciência melhorar a compreensão da dinâmica e potencial dos sorvedouros de carbono terrestres como as florestas, apesar de o problema ambiental básico continuar o mesmo.

O planeta continua passando por uma mudança climática global, que é acelerada pela emissão de carbono por atividades industriais e agrícolas humanas.

O novo estudo procurou descobrir se as zonas áridas também abrigariam trechos de florestas. Essas regiões mais secas se caracterizam por apresentar uma precipitação (chuva) que é contrabalanceada pela evaporação de água das superfícies e pela transpiração das plantas.
 "Os biomas das zonas secas cobrem cerca de 41,5% da superfície terrestre. Elas contêm alguns dos ecossistemas mais ameaçados, embora desconsiderados, incluindo sete dos 25 hotspots de biodiversidade, enquanto enfrentam a pressão das mudanças climáticas e da atividade humana", escreveram os autores do estudo na revista científica americana "Science".

Entre os "hotspots", "pontos quentes" de diversidade animal e vegetal, está o semiárido brasileiro, caracterizado por regiões como o cerrado e a caatinga.

O mapeamento da cobertura vegetal em áreas semiáridas no Brasil ficou a cargo de pessoal do Instituto Nacional do Semiárido (Insa) em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

A participação brasileira integrou o projeto Global Forest Survey (Pesquisa Florestal Global) da organização e foi coordenada no país pelo analista da FAO, o brasileiro Marcelo Rezende, um dos coautores do estudo na "Science". Ignacio Salcedo, do Insa, também está entre os autores, mas ele morreu no mês passado, antes da publicação do estudo. O projeto procura mapear as dinâmicas de florestas para entender mudanças no uso da terra.

"Para coletarmos dados sobre biomas tão diferentes nas terras áridas, trabalhamos com diversos institutos ao redor do mundo. O melhor formato para essa colaboração é a transferência de conhecimento técnico entre a FAO e o parceiro. Collect Earth, a ferramenta gratuita desenvolvida pela FAO e utilizada na coleta de dados foi apresentada para o Insa em um workshop em 2015", declarou Rezende à Folha.

Mais de vinte participantes foram selecionados pelo Insa e treinados no uso dessa nova ferramenta, na metodologia de avaliação e ao mesmo tempo auxiliaram no estudo das terras áridas. "Os participantes eram, em sua maioria, estudantes de graduação e pós-graduação da região, que conheciam bem as formações vegetais do cerrado e da caatinga. Alguns professores também participaram do treinamento", afirma o consultor da FAO.

Segundo Rezende, "as informações geradas vão contribuir para a elaboração de medidas de conservação e proteção mais assertivas, levando em consideração a real extensão e condições das formações vegetais do cerrado e da caatinga".

As estimativas prévias de área florestal em regiões de semiárido variavam muito em função de diferentes graus de precisão das imagens de satélite –diferenças na sua "resolução espacial"–, enfoques de cartografia e mesmo a definição daquilo que constitui uma floresta.

"Dados anteriores a nível global eram baseados em imagens de satélites de média e baixa resolução, que nem sempre captavam as características da vegetação esparsa das formações vegetais do semiárido. Collect Earth faz uma ponte entre várias plataformas disponíveis gratuitamente pela Google e coloca a disposição do usuário imagens de altíssima resolução e acesso a um catalogo de imagens históricas para uma precisa avaliação da área", afirma o pesquisador brasileiro.

Um hectare (ha) é uma unidade de medida de área que equivalente a 10.000 m² –um terreno na forma de um quadrado de cem metros de cada lado. Um campo de futebol típico tem em torno de 7.000 ou 8.000 m² –ou exatos 7.140 m², no caso dos campos padronizados para o Campeonato Brasileiro.

Para entender a extensão das florestas, a unidade usada é o Mha –isto é, um milhão de hectares.

"Nossa estimativa é 40 a 47% maior do que as estimativas anteriores da extensão da floresta em terras secas. Isto potencialmente aumenta em 9% a área global com mais de 10% cobertura de copas de árvore [5.055 Mha em vez de 4.628 Mha] e por 11% a área global de floresta [4.357 Mha em vez de 3.890 Mha]", escreveu a equipe coordenada por Jean-Francois Bastin, da Universidade Livre de Bruxelas, Bélgica, e também da FAO.

A diferença destes 9% a mais –427 milhões de hectares ou 427.000.000.000.000 m² (427 trilhões de m²)– equivale a mais de 59,8 bilhões de campos de futebol. Cada um dos 7,2 bilhões de habitantes da Terra teria direito a uma área de floresta "escondida" do tamanho de 8,3 campos de futebol.

"Você precisa entender que comparamos nossos resultados com diferentes mapas e relatórios existentes. Portanto, tivemos que adotar, para cada comparação, a mesma definição de 'floresta' do que esses relatórios", afirmou Bastin.

"Alguns mapas estão usando apenas o limite de cobertura de árvores para definir a cobertura florestal. Este é o caso, por exemplo, dos dados de Matt Hansen. Usando o limite de 10%, ele estima uma área total de 4.628 Mha onde temos 5.055Mha. Isto corresponde a um aumento de 9%", disse Bastin à Folha.

"Alguns mapas estão usando o limiar de 10%, mas também estão certificando-se de que essas árvores não são parte de qualquer área de cultivo ou povoação. Este é o caso, por exemplo, dos dados do estudo Global FRA Remote Sensing. Eles relatam 3.890 Mha onde relatamos 4.357 Mha. Isso corresponde a um aumento de 11%", continua o pesquisador da Bélgica.

Algumas regiões tiveram florestas "escondidas" de tamanho inesperado. "Você vai ver que a maior parte das diferenças são encontráveis na África e Oceania; os números são muitas vezes dobrados", diz Bastin.

"Essas diferenças são como a área total de floresta úmida tropical na Amazônia", conclui a equipe.

Segundo Bastin, as descobertas não mudam nada em relação ao acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera.

"Mas muitos cientistas que trabalham no orçamento de carbono destacam que faltam alguns sumidouros de carbono que ainda precisam ser identificados e quantificados para equilibrar o ciclo do carbono. Nossos resultados estão, portanto, trazendo novos elementos aqui", diz o pesquisador.

"Além disso, nossos resultados mostram que as terras secas são muito mais adequadas para a floresta do que aquilo que pensávamos anteriormente. Portanto, e como não há competição por outras atividades, como terras de cultivo intensivo, isso significa que essas áreas consistem em grandes oportunidades para a restauração florestal. Nossos dados ajudarão a avaliar áreas adequadas para a restauração florestal, para combater a desertificação e, portanto, para combater as mudanças climáticas", afirma Bastin

www1.folha.uol.com.br/.../1883102-estudo-revela-florestas-escondidas-que-equivalem

REDE DE SENSORES SEM FIOS PARA MONITORAR A AMAZÔNIA

 
Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) desenvolveram uma rede de sensores sem fios capaz de monitorar, em tempo real, a temperatura ambiente, a umidade relativa do ar e a pressão atmosférica.

Marcel Salvioni e Fabiano Fruett tiveram como foco o monitoramento da Floresta Amazônica, onde foram realizados vários testes com a tecnologia.

Salvioni explica que, embora o monitoramento da Amazônia já aconteça, ele é feito por sensores com fios, de difícil transporte e montagem. Além disso, os sistemas e equipamentos usados atualmente são importados e possuem custo elevado.

Já a rede de sensores sem fios permite criar um sistema de monitoramento de baixo custo, fácil instalação e capaz de disponibilizar as medidas dos sensores na internet, em tempo real.

O protótipo é composto por quatro nós sensores e um nó coordenador - enquanto os nós disponíveis no mercado chegam a custar US$446,00 cada um (cerca de R$1.800,00 com impostos), os protótipos desenvolvidos custaram aproximadamente R$400,00.

"Temos todo o controle de hardware e software do nó. Podemos abri-lo, melhorá-lo constantemente, incorporando novas funções," disse o professor Fruett.

Além disso, aponta o pesquisador, os sensores desenvolvidos por eles possuem potencial de adaptação para os mais diversos fins, bastando apenas variar os sensores instalados em cada nó.

Já existem redes de sensores, por exemplo, projetadas para monitorar a irrigação e o comportamento de culturas agrícolas, além da integridade estrutural de aviões e até o funcionamento de fábricas.

Nacionalização
Lembrando os casos recentes de espionagem feita pelos EUA e Grã-Bretanha, o professor Fruett enfatiza a importância de se proteger não apenas os bens naturais do Brasil, mas também os dados ambientais coletados aqui.

"A gente acaba comprando estações meteorológicas importadas e será que elas garantem que os dados coletados estão servindo somente a nós?", argumenta.

O objetivo da equipe é nacionalizar todos os componentes importados usados no protótipo com vistas à comercialização da rede de sensores.

Outra possibilidade, já em estudos pelo grupo do qual os pesquisadores fazem parte, é a criação de mecanismos de colheita de energia, que permitam que os nós e sensores captem a energia para seu funcionamento do próprio ambiente, dispensando as baterias.

 

MAIOR PROJETO DE REFLORESTAMENTO DO MUNDO 73 MILHÕES DE ÁRVORES SERÃO PLANTADAS NA ANAZÔNIA

O final do século XX testemunhou o início da mobilização para proteger a floresta amazônica, que começou a desaparecer a um ritmo alarmante.
 
Por esse motivo, um novo projeto na Amazônia para reflorestamento na região – que equivale a 70 mil hectares – está atualmente em andamento. Isso se traduz em cerca de setenta e três milhões de árvores na região, à beira da região amazônica conhecida como Arco da Destruição . É composto pelos estados de Rondônia, Pará, Acre, Amazonas e da bacia hidrográfica do Xingu, e é considerado um lugar “onde cerca da metade do desmatamento tropical mundial ocorre, em grande parte devido ao desmatamento não planejado para pastagens”.

Anunciado em setembro, a Conservation International (CI) está liderando os esforços, juntamente com o Banco Mundial, o Ministério do Meio Ambiente, o Fundo Brasileiro de Biodiversidade, o Fundo Global para o Meio Ambiente e a “Amazônia Viva”, o ramo ambiental do Rock in Rio. Isso sem dúvida será uma tremenda coordenação de esforços, mas a CI está apontada para o desafio.

M. Sanjayan, CEO da CI, discute a importante conexão entre repopular de florestas e a criação de uma cooperação entre os governos internacionais no controle climático:

“Se o mundo atingiu 1,2 ° C ou 2 ° C [graus de aquecimento], então precisamos proteger as florestas tropicais,” não é apenas as árvores que importam, mas os tipos de árvores. Se você realmente está pensando em tirar dióxido de carbono da atmosfera, então as florestas tropicais são as que acabam importando o máximo “.

Sanjayan também comentou sobre como o projeto e a execução dele será muito diferentes de muitos projetos anteriores, talvez para críticas silenciosas que apontem para a história de projetos de conservação falhados na região das últimas três décadas: “Isso não é um golpe”, acrescentando firmemente “É um experimento cuidadosamente controlado para descobrir literalmente como fazer a restauração tropical em escala, para que as pessoas possam replicá-lo e podemos reduzir os custos dramaticamente”.

 engenhariae.com.br

RACHADURA GIGANTE NA ÁFRICA PODE CRIAR UM NOVO OCEANO


Pesquisadores afirmam que uma fenda de 56 quilômetros no deserto da Etiópia provavelmente vai se tornar um novo oceano. A rachadura, que chega a ter seis metros de largura em alguns pontos, abriu em 2005 e, à época, alguns geólogos já acreditavam que ela iria gerar um novo oceano. – embora esse ponto de vista fosse controverso. 

Porém, um novo artigo envolvendo uma equipe internacional de cientistas, incluindo pesquisadores africanos, árabes e norte-americanos, publicado na revista “Geophysical Research Letters”, revela que os processos que criaram a fenda são quase idênticos ao que se passa no fundo dos oceanos, mais uma indicação de que o futuro da região será se encher de água.


Usando dados sísmicos de 2005, os pesquisadores reconstruíram o evento para mostrar que a rachadura alcançou todo o seu comprimento de 56 quilômetros em poucos dias. Dabbahu, um vulcão no extremo norte da fenda, entrou em erupção primeiro, então o magma subiu pelo meio da fenda e começou a “abri-la” em ambos os sentidos.


 “Sabemos que cordilheiras submarinas são criadas por uma intrusão semelhante de magma em uma fenda, mas nunca soubemos que uma enorme porção da cordilheira poderia se abrir de repente, como esta”, disse Cindy Ebinger, professora de Ciências da Terra e Ambientais da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, e coautora do estudo.


Os resultados mostram que as áreas vulcânicas altamente ativas ao longo das bordas das placas tectônicas oceânicas podem de repente rachar em grandes seções, ao invés de aos poucos, como a principal teoria a respeito sustentava. A pesquisadora ainda aponta que esses grandes eventos repentinos em terra representam um perigo muito mais grave para as populações que vivem perto da fenda do que vários eventos menores.

“O objetivo deste estudo é saber se o que está acontecendo na Etiópia é semelhante ao que está acontecendo no fundo do oceano, onde é quase impossível para nós irmos”, diz Ebinger. “Sabíamos que se pudéssemos estabelecer isso, a Etiópia seria essencialmente um laboratório único e excelente de dorsais oceânicas. Por causa da colaboração transfronteiriça sem precedentes por trás desta pesquisa, agora sabemos que a resposta é sim, [o processo que está acontecendo na África] é análogo [ao do fundo dos oceanos]”.

Novo oceano
As placas tectônicas africana e árabes se encontram no deserto de Afar, no remoto norte da Etiópia, e têm se afastado num processo de separação – a uma velocidade de menos de 2,5 centímetros por ano – durante os últimos 30 milhões de anos. Esta separação formou os 300 quilômetros da depressão Afar e o Mar Vermelho. A ideia é que o Mar Vermelho acabará por verter para o mar novo em um milhão de anos ou mais. O novo oceano iria ligar o Mar Vermelho e o Golfo de Aden, um braço do Mar Arábico entre o Iêmen, na Península Arábica, e a Somália, na África Oriental.

Atalay Ayele, professor na Universidade de Adis Abeba, na Etiópia, liderou a pesquisa, recolhendo dados sísmicos da vizinha Eritreia com ajuda de Ghebrebrhan Ogubazghi, professor do Instituto de Tecnologia da Eritreia, e do Iêmen com a ajuda de Jamal Sholan, do Centro de Observação Sismológico Nacional do Iêmen.

LiveScience
https://hypescience.com/uma-enorme-rachadura-na-africa-pode-criar-um-novo-oceano

terça-feira, 7 de novembro de 2017

ANTÁRTIDA GANHA MAIS GELO DO QUE PERDE

 
Um novo estudo da NASA diz que um aumento no acúmulo de neve da Antártida, que começou há 10.000 anos, está atualmente adicionando gelo suficiente no continente para compensar as grandes perdas em suas geleiras.

A pesquisa desafia as conclusões de outros estudos, incluindo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2013, que diz que a Antártida está perdendo gelo de maneira geral.



O que há debaixo do gelo na Antártida


De acordo com a nova análise de dados de satélite, a camada de gelo da Antártida mostrou um ganho líquido de 112 bilhões de toneladas de gelo por ano entre 1992 e 2001. Esse ganho líquido diminuiu para 82 bilhões de toneladas de gelo por ano entre 2003 e 2008.

 
“Estamos essencialmente de acordo com outros estudos que mostram um aumento na descarga de gelo na Península Antártica e na região de Pine Island e Thwaites da Antártida Ocidental”, afirma Jay Zwally, glaciologista da NASA no Goddard Space Flight Center em Maryland, nos EUA, e principal autor do estudo. “Nossa principal discordância é sobre a Antártica Oriental e o interior da Antártida Ocidental – ali, vemos um ganho de gelo que excede as perdas em outras áreas”. Zwally acrescenta que a sua equipe “mediu pequenas mudanças de altura sobre grandes áreas, bem como as grandes mudanças observadas em áreas menores”.

Antártida: perdas x ganhos
Os cientistas calculam o quanto a camada de gelo está crescendo ou diminuindo a partir das mudanças na altura da superfície que são medidas pelos altímetros de satélites. Em locais onde a quantidade de nova queda de neve acumulada em uma camada de gelo não é igual ao gelo que vai para o oceano, as mudanças na superfície de altura e a massa do manto de gelo aumentam ou diminuem.


Mas pode levar algumas décadas apenas para que o crescimento na quantidade de gelo na Antártida se inverta, de acordo com Zwally. “Se as perdas da Península e partes do oeste da Antártica continuarem a aumentar no mesmo ritmo que estiveram aumentando durante as últimas duas décadas, as perdas vão se equiparar aos ganhos a longo prazo na Antártida Oriental em 20 ou 30 anos. Eu não acho que haverá aumento na queda de neve o suficiente para compensar essas perdas”, alerta.

Zwally explica que, enquanto outros cientistas têm assumido que os ganhos de elevação vistos na Antártida Oriental são devido aos recentes aumentos na acumulação de neve, sua equipe usou dados meteorológicos com início em 1979 para mostrar que a queda de neve na Antártida Oriental, na verdade. diminuiu 11 bilhões de toneladas por ano. Eles também usaram as informações sobre o acúmulo de neve durante dezenas de milhares de anos para concluir que a Antártica Oriental esteve engrossando por um longo período de tempo.


“No final da última Era Glacial, o ar tornou-se mais quente e levou mais umidade para todo o continente, duplicando a quantidade de neve que caiu sobre a camada de gelo”, afirma.


A queda de neve extra que começou 10.000 anos atrás foi acumulando lentamente na camada de gelo e se compactou em gelo sólido ao longo de milênios, engrossando o gelo na Antártida Oriental e no interior da Antártida Ocidental por uma média de 1,7 centímetros por ano. Este pequeno espessamento, que foi sustentado ao longo de milhares de anos e se espalhou através da vasta extensão desses setores da Antártida, corresponde a um grande ganho de gelo – o suficiente para compensar as perdas de geleiras em outras partes do continente e ajudar a reduzir o aumento do nível do mar ao redor do globo.


A equipe de Zwally calculou que o ganho de massa de espessamento na Antártida Oriental manteve-se estável entre 1992 e 2008 em 200 bilhões de toneladas por ano, enquanto as perdas de gelo das regiões costeiras do oeste da Antártica e da Península Antártica aumentaram em 65 bilhões de toneladas por ano.

“A boa notícia é que a Antártica não está contribuindo para a elevação do nível do mar, mas sim diminuindo 0,23 milímetros por ano dele”, afirma Zwally. “Mas esta é também uma má notícia. Se os 0.27 milímetros por ano de aumento do nível do mar atribuídos à Antártida no relatório do IPCC não estão realmente vindo da Antártida, deve haver alguma outra contribuição para a elevação do nível do mar que não está sendo contabilizada”.

Novas medições

“O novo estudo destaca as dificuldades de medir as pequenas mudanças de altura de gelo acontecendo na Antártida Oriental”, afirma Ben Smith, glaciologista da Universidade de Washington em Seattle, nos EUA.


“Fazer altimetria com precisão em áreas muito grandes é extraordinariamente difícil, e há medidas de acumulação de neve que precisam ser feitas de forma independente para entender o que está acontecendo nesses lugares”, aponta Smith.


Para ajudar a medir com precisão as alterações na Antártida, a NASA está desenvolvendo o sucessor da missão ICESat, o ICESat-2, que está programado para lançamento em 2018. “O ICESat-2 irá medir as mudanças na camada de gelo dentro da espessura de um lápis n° 2 “, promete Tom Neumann, glaciologista Goddard e vice-cientista do projeto ICESat-2. “Isso vai contribuir para resolver o problema do balanço de massa da Antártica, fornecendo um registro de longo prazo de mudanças de altitude”.


Phys.org

https://hypescience.com/camada-de-gelo-da-antartida-cresce-mais-do-que-diminui

 

GELEIRAS DO HIMALAIA NÃO DERRETERAM

Uma das maiores regiões de geleiras do mundo resistiu até agora ao aquecimento global que devastou montanhas de gelo em outros lugares, relataram cientistas. Durante anos, especialistas debateram o estado das geleiras que cobrem quase 20 mil km² da cordilheira de Karakoram no Himalaia ocidental.

Compreendendo partes de China, Paquistão e Índia, os picos de Karakoram incluem o K2, a segunda montanha mais alta da Terra. Suas geleiras correspondem a cerca de 3% da área gelada do mundo fora da Groenlândia e da Antártida.

Em outros locais do planeta, as montanhas geladas estão derretendo devido às altas temperaturas, contribuindo consideravelmente para o aumento do nível do mar. Em Karakoram, no entanto, essa situação é um pouco diferente.

Cientistas descobriram que é impossível estudar as geleiras em campo, já que a região está em grandes altitudes em uma área de fronteira, além de o acesso ser dificultado por avalanches de neve e pedaços de gelo. Mas uma equipe francesa, comparando dados 3-D obtidos por satélite entre 2000 e 2008, disse que as geleiras não perderam massa neste período e podem até ter crescido um pouco, 0,11 mm por ano.

"Aparentemente, a situação em Karakoram é um pouco diferente (de outros lugares), o que significa que as geleiras estão estáveis por enquanto," disse Julie Gardelle da Universidade de Grenoble, no sudeste da França. "Mas isso não deprecia de maneira alguma a evidência do aquecimento global," alertou.

O estudo, publicado no jornal  Nature Geoscience  , é baseado em imagens de satélite de uma área de 5,615 km² no centro de Karakoram, entre o rio Yarkant no lado chinês e do rio Indo no lado Paquistanês. A área de estudo está fora das geleiras de Siachen, cenário de uma disputa militar entre Paquistão e Índia, que, de acordo com o Instituto para o Planejamento de Desenvolvimento Sustentável em Islamabad, diminuiu 10 quilômetros nos últimos 35 anos.

Em declarações à  Nature Geoscience  , Graham Cogley da Trent University em Ontário, Canadá, disse que não está claro por que Karakoram foi poupada até agora do impacto do aquecimento. "Parece que, por uma peculiaridade da circulação atmosférica geral que não é entendida, mais neve está indo para a cordilheira atualmente e há menos calor," disse Cogley.

A condição das geleiras do Himalaia é observada de perto, por causa do fornecimento de água para mais de um bilhão de pessoas no sul da Ásia e da China. Em fevereiro, um estudo conduzido pelos Estados Unidos e publicado na  Nature  descobriu que o derretimento do Himalaia era significativo, mas estava negativamente superestimado.

O estudo calculou a perda de quatro bilhões de toneladas por ano, em comparação com as estimativas anteriores de mais de 50 bilhões por ano. Segundo a pesquisa, as estimativas anteriores foram baseadas no derretimento de geleiras a baixas altitudes - que são mais atingidas pelo aquecimento global - e em dados de drenagem das vastas planícies do sul do Himalaia.

Grande parte dessa drenagem vem, na verdade, da água bombeada de aquíferos subterrâneos nas planícies.

https://www.terra.com.br/.../estudo-geleiras-do-himalaia-nao-derreteram-com-o-aquec

VALE DO SILÍCIO AMAZÔNICO

A maior floresta tropical do planeta, a Amazônica, berço de pelo menos metade de todas as espécies vivas, pode se transformar no próximo "Vale do Silício".

A proposta parte de cientistas: os 6,7 milhões de km2 de floresta –quase 19 vezes o tamanho da Alemanha–, escondem matérias-primas que devem impulsionar a quarta revolução industrial, diz um estudo publicado nesta semana na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", dos Estados Unidos.

"As nossas análises mostraram que, se continuarmos com os dois modelos de desenvolvimento historicamente usados, que são a conservação pura da floresta e a atividade agropecuária, o desmatamento vai continuar. Se não encontrarmos uma outra maneira, a floresta vai desaparecer", afirma em entrevista o climatologista Carlos Nobre, principal autor do estudo e recém-eleito membro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Chamada de "terceira via", a proposta dos cientistas enxerga a Amazônia como um patrimônio biológico global, que pode impulsionar a nova revolução movida a inteligência artificial e tecnologias que "imitam" a natureza –o biomimetismo.

"Estamos dizendo que existe um valor agregado muito maior nos recursos biológicos da Amazônia que podem gerar uma economia muito robusta, de longo prazo, que sustentará um novo modelo e que é compatível com a floresta em pé", explica Nobre.

Desvendar de que plantas e animais são feitos, como organismos se locomovem e percebem o ambiente, por exemplo, são a chave para criação de materiais, sensores e até robôs do futuro.

"Conhecemos o caso de uma espuma resistente produzida por um sapo que inspirou a criação de uma nova tecnologia de captura de CO2 da atmosfera", diz Juan Carlos Castilla-Rubio, um dos autores e presidente do conselho da Space Time Ventures, incubadora de start-ups de tecnologia.

Em mais de 50 anos de exploração da Amazônia, que se estende por 9 países e ocupa 47% do território brasileiro, a expansão da agropecuária e ocupação já desmataram 20% da floresta. Segundo diversos estudos publicados por climatologistas, se mais de 40% da floresta for destruída, a mata densa não consegue mais se recuperar e se transforma numa savana.

A Amazônia também é fundamental no combate às mudanças climáticas –a estimativa é que suas árvores armazenem até 200 bilhões de toneladas de carbono. A liberação desse gás de efeito estufa na atmosfera poderia elevar a temperatura do planeta num ritmo ainda mais acelerado.

"Talvez a proposta de explorar esse patrimônio biológico seja, de fato, a única possibilidade de conservar a Amazônia", avalia Nurit Bensusan, especialista em biodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA). "Mas é preciso muito cuidado para que haja a repartição de benefícios, para que a exploração dos recursos naturais não vire patentes nas mãos de empresas internacionais detentoras de tecnologia", alerta.

VALE DO SILÍCIO AMAZÔNICO
Para Castilla-Rubio, a Amazônia é o próximo centro de inovações do mundo, mas ainda é cedo para dizer se a floresta tropical será tomada por laboratórios de alta tecnologia.

"Ainda não sabemos como isso vai acontecer exatamente, é um tema que vai durar 20 anos ou mais. Mas sabemos que a capacidade e conhecimento local precisam ser reforçados, e muito", comenta Castilla-Rubio, que compara o nível de dificuldade do projeto "à ida do homem à Lua".

Atualmente, apenas 2% dos doutores formados anualmente no Brasil vêm de universidade amazônicas. Ao mesmo tempo, a Amazônia é o lar de cerca de 2,7 milhões de indígenas. Para que essas comunidades se beneficiem do "Vale do Silício Amazônico", a pesquisadora Bensusan diz que é preciso reverter uma tendência.

"Caminhamos para uma situação em que os conhecimentos tradicionais estão sendo desrespeitados. É preciso fazer um reconhecimento do importante papel que eles desempenham, não só identificando determinados princípios, mas também usando plantas e animais para processos de cura e cosméticos, fazendo a distribuição espacial de muitas espécies, e o manejo", critica Bensusan.

Nobre reconhece as dificuldades. "É difícil essa articulação do que realmente retorna para os povos da floresta quando o conhecimento deles é apropriado e se torna um produto no mercado. Mas a Lei da Biodiversidade está aí para ser testada", diz o cientista, fazendo referência à legislação aprovada em 2015, que prevê pagamento às comunidades indígenas por parte da indústria.

É por isso que a revolução impulsionada pela Amazônia tem que ser inclusiva, defende Nobre. "E a única maneira de isso acontecer é pela qualidade da educação. E não dá para eliminar o governo: é ele que tem que garantir capacitação profissional e pesquisa básica. A revolução vai acontecer, queremos que ela traga o melhor impacto e benefício para a floresta e quem vive dela", finaliza.
 
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21/09/2016  14h56 A área da floresta amazônica corresponde a quase 19 vezes o tamanho da Alemanha, e não sete vezes como o texto informava.

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