segunda-feira, 24 de maio de 2010

TUAREGS VOCÊ TEM O RELÓGIO, EU TENHO O TEMPO


Traduzi para vocês esta entrevista realizada pelo jornalista catalão Victor M. Amela com o tuareg Moussa Ag Assarid. A leitura vale a pena.

Também chamados de "homens-azuis", os tuaregs formam um povo nômade que vive do pastoreio no deserto do Saara.

- Não conheço minha idade: nasci no deserto do Saara, sem endereço nem documentos…! Nasci num acampamento nômade tuareg entre Timbuctú e Gao, ao norte do Mali. Fui pastor dos camelos, cabras, cordeiros e vacas que pertenciam a meu pai. Hoje, estudo Administração na Universidade de Montpellier, no sul da França. Estou solteiro. Defendo os pastores tuaregs. Sou muçulmano, mas sem fanatismo.

Que turbante bonito!  É apenas um tecido fino de algodão: permite cobrir o rosto no deserto quando a areia se levanta e, ao mesmo tempo, você pode continuar vendo e respirando através dele.

Sua cor azul é belíssima…  Ela é a razão pela qual chamam a nós, tuaregs, de homens-azuis: o tecido aos poucos desbota e tinge nossa pele com tons azulados.

Como vocês produzem esse intenso azul anil?  Com uma planta chamada índigo, misturada a outros pigmentos naturais. O azul, para os tuaregs, é a cor do mundo.

Por que?  É a cor dominante: a do céu, a do teto da nossa casa.

O tuareg Moussa Ag Assarid, acaba de publicar, na França: "Não existe engarrafamento no deserto!"

Quem são os tuaregs?  Tuareg significa “abandonado”, porque somos um velho povo nômade do deserto, um povo orgulhoso: “Senhores do Deserto”, nos chamam. Nossa etnia é a amazigh (berbere), e nosso alfabeto, o tifinagh.

Quantos vocês são?  Cerca de três milhões, a maioria ainda nômades. Mas a população diminui… “É preciso que um povo desapareça para que percebamos que ele existia!” denunciou certa vez um sábio: eu luto para preservar o meu povo.

A que ele se dedica?  Ao pastoreio de rebanhos de camelos, cabras, cordeiros, vacas e asnos, num reino feito de infinito e de silêncio.

O deserto é mesmo tão silencioso?  Quando se está sozinho naquele silêncio, ouve-se as batidas do próprio coração. Não existe melhor lugar para quem deseja encontrar a si mesmo.

Que recordações da sua infância no deserto você conserva com maior nitidez? Acordo com o sol. Perto de mim estão as cabras de meu pai. Elas nos dão leite e carne, nós as conduzimos onde existe água e grama… Assim fez meu bisavô, meu avô e meu pai… E eu. No mundo não havia nada além disso, e eu era muito feliz assim!

Bem, isso não parece muito estimulante… Mas é, e muito. Aos sete anos de idade, já permitem que você se afaste do acampamento e descubra o mundo sozinho, e para isso lhe ensinam coisas importantes: a cheirar o ar, a escutar e ouvir, a aguçar a visão, a se orientar pelo sol e as estrelas… E a se deixar conduzir pelo camelo; se você se perde, ele lhe conduzirá onde existe água.

Esse é um conhecimento muito valioso, não há dúvida… Lá tudo é simples e profundo. Existem poucas coisas no deserto, e cada uma delas possui grande valor.

Assim sendo, este mundo e aquele são bem diferentes, não é mesmo?  Lá, cada pequena coisa proporciona felicidade. Cada roçar é valioso. Sentimos uma enorme alegria pelo simples fato de nos tocarmos, de estarmos juntos! Lá ninguém sonha com chegar a ser, porque cada um já é.

O que mais o chocou ao chegar pela primeira vez na Europa?  Ver a gente correr nos aeroportos. No deserto, só corremos quando uma tempestade de areia se aproxima. Fiquei assustado, é claro…

Corriam para buscar suas bagagens… Sim, devia ser isso. Também vi cartazes mostrando moças nuas: por que essa falta de respeito para com a mulher?, Perguntei-me… Depois, no Hotel Íbis, vi uma torneira pela primeira vez em minha vida: vi a água correr… e tive vontade de chorar.

Que abundancia, que desperdício, não é mesmo?  Até então, todos os dias da minha vida tinham sido dedicados à procura d’água. Até hoje, quando vejo as fontes e chafarizes decorativos que existem aqui, sinto uma dor imensa dentro de mim.

E por que?  No começo dos anos 90 houve uma grande seca, os animais morreram, nós adoecemos… Eu tinha uns doze anos, e minha mãe morreu… Ela era tudo para mim. Contava-me histórias e ensinou-me a contá-las bem. Ensinou-me a ser eu mesmo.

Que aconteceu com sua família?  Convenci meu pai a deixar-me frequentar a escola. Todos os dias eu caminhava quinze quilômetros para chegar até ela. Até que um professor arrumou uma cama para eu dormir, e uma senhora me dava comida quando eu passava em frente à sua casa. Entendi: era minha mãe que me ajudava…

De onde veio essa paixão pelos estudos?

Dois anos antes, o rally Paris-Dakar passou pelo nosso acampamento, e caiu um livro da mochila de uma jornalista. Eu o apanhei e devolvi a ela. Mas ela me deu o livro de presente e disse que ele se chamava “O Pequeno Príncipe”. Naquele instante prometi a mim mesmo que um dia seria capaz de lê-lo…

E você conseguiu…  Sim. Foi assim que consegui uma bolsa para estudar na França…

Um tuareg na universidade!  Do que mais tenho saudade é do leite de camela. E do fogo de madeira. E de caminhar descalço sobre a areia tépida. E das estrelas: lá, nós as admiramos todas as noites, e cada estrela é diversa da outra, como cada cabra é diversa da outra. Aqui, à noite, vocês ficam vendo televisão.

Sim. Na sua opinião, qual é a pior coisa que existe aqui?  A insatisfação. Vocês têm tudo, mas nada lhes é suficiente. Vivem se queixando. Na França, passam a vida queixando-se. Vocês se acorrentam por toda a vida a um banco por causa de um empréstimo, e existe essa ânsia de possuir, essa correria, essa pressa. No deserto não existem engarrafamentos, sabe por que? Porque lá ninguém quer passar à frente de ninguém!

Relate um momento de felicidade intensa que você viveu no seu distante deserto. Esse momento ali se repete a cada dia, duas horas antes do pôr-do-sol: o calor diminui, o frio da noite ainda não chegou, homens e animais retornam lentamente ao acampamento e seus perfis aparecem como recortes contra o céu que se tinge de rosa, azul, vermelho, amarelo, verde…

É fascinante. E então… Esse é um momento mágico… Entramos todos na tenda e fervemos a água para o chá. Sentados, em silêncio, escutamos o barulho da água que ferve… A calma toma conta de nós… As batidas do coração entram no mesmo compasso dos gluglus da fervura…

- Que paz…  Aqui vocês têm o relógio; lá, temos o tempo.

domingo, 23 de maio de 2010

PLANTA ORA-PRO-NÓBIS PECULARIDADES

 
Onde se planta, nasce. Quando cresce, serve de proteção e alimento. Repleta de flores, ainda deixa o ambiente mais bonito. Por meio da hortaliça ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata), a natureza oferece múltiplos benefícios ao ser humano, o que seria motivo suficiente para a escolha de seu nome popular. Mas, conta-se que assim foi batizada pelo costume de ser colhida no quintal de uma igreja, para ser preparada para o almoço, quando o padre iniciava a reza final da missa da manhã.

'Rogai por nós' em português, ora-pro-nóbis é uma frase em latim nem sempre facilmente assimilada. Por isso, pode ser comum encontrar derivações dela, sendo por vezes chamada lobrobó ou orabrobó por agricultores de Minas Gerais, onde a planta é muito difundida na culinária local. Originária do continente americano, encontram-se variedades nativas dessa hortaliça perene, rústica e resistente à seca da Flórida, nos Estados Unidos, à região sudeste do Brasil. De fácil manejo e adaptação a diferentes climas e tipos de solo, produtiva e nutritiva, a ora-pro-nóbis é uma boa alternativa para produtores iniciantes no cultivo de hortaliças.

Ela pertence à família das cactáceas. Na idade adulta, sua estrutura em forma de arbusto torna-se uma excelente cerca viva, tanto para ser usada como quebra-vento quanto como barreira contra predadores. A existência de espinhos pontiagudos nos ramos inibe o avanço de invasores.

Perfumadas, pequenas, brancas com miolo alaranjado e ricas em pólen e néctar, as flores brotam na ora-pro-nóbis de janeiro a abril. De junho a julho, ocorre a produção de frutos em bagas amarelas e redondas. A generosa e bela floração é um ornamento ao ambiente, ideal para decoração natural de propriedades rurais, como chácaras, sítios e fazendas. A ora-pro-nóbis também pode ser plantada em quintais e jardins de residências. As folhas são a parte comestível da planta. Secas e moídas, elas são usadas em diferentes receitas, especialmente em sopas, omeletes, tortas e refogados. Muita gente prefere consumir as folhas cruas em saladas, acompanhando o prato principal. Outros as usam como mistura para enriquecer farinha, massas e pães em geral. Galinha caipira com ora-pro-nóbis é prato tradicional da culinária mineira. É servido cotidianamente nas cidades históricas do estado, como Diamantina, Tiradentes, São João Del Rey e Sabará, onde anualmente há um festival da hortaliça.

In natura ou misturada na ração, animais também aproveitam os benefícios das folhas da ora-pro-nóbis. Elas estão entre as que possuem maior teor de proteína, com algumas variedades chegando a mais de 25% da matéria seca. Na medicina popular, elas são indicadas para aliviar processos inflamatórios e na recuperação da pele em casos de queimadura.

Blog do Planeta

O DESPERTAR DE UMA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA NA CONTABILIDADE

Ao longo do tempo, outros valores passaram a fazer parte do objetivo da empresa. É claro que a maximização do acionista ainda é um dos objetivos, mas dificilmente será plenamente autêntica se outros objetivos não forem cumpridos. Entre esses outros objetivos estão as chamadas responsabilidades sociais, que cada vez mais vão tomando conta do dia-a-dia da administração e dizem respeito à melhor qualidade de vida da comunidade.

Os administradores passaram a preocupar-se não somente com a gestão do negócio, mas com as pessoas e o meio em que interagem. Neste sentido, a Contabilidade, vista como um sistema de informação da situação e da evolução patrimonial, econômica e financeira da empresa, deve incluir, em seus relatórios, todos os dados relacionados ao meio ambiente, facilitando o acesso a mais esta informação ao seu grande número de usuários, auxiliando-os no processo de tomada de decisão. Portanto, a Contabilidade, entendida como meio de fornecer informações, deveria buscar responder a este novo desafio, atendendo aos usuários interessados na atuação das empresas sobre o meio ambiente, subsidiando o processo de tomada de decisão, além das obrigações com a sociedade no que tange à responsabilidade social e à questão ambiental. Verifica-se, portanto, que por meio da identificação, mensuração e divulgação das referidas informações, a Contabilidade pode contribuir muito com a sociedade e com o governo, buscando soluções para os problemas sociais, pois, sendo meio de fornecer informações, deve buscar responder a este novo desafio, satisfazendo os usuários interessados na atuação das empresas sobre o meio ambiente, devendo, ainda, contribuir para o sistema de gestão ambiental.

1 - Introdução
O mundo corporativo tem, portanto, um papel fundamental na garantia de preservação do meio ambiente e na definição da qualidade de vida das comunidades de seus funcionários. Empresas socialmente responsáveis geram, sim, valor para quem está próximo. E, acima de tudo, conquistam resultados melhores para si próprias. A responsabilidade social deixou de ser uma opção para as empresas. É uma questão de visão, de estratégia e, muitas vezes, de sobrevivência.

Os assuntos ambientais estão crescendo em importância para a comunidade de negócios em termos de responsabilidade social, do consumidor, desenvolvimento de produtos, passivos legais e considerações contábeis. A inclusão da proteção do ambiente entre os objetivos da administração amplia substancialmente todo o conceito de administração Os administradores cada vez mais têm que lidar com situações em que parte do patrimônio das empresas é simplesmente ceifada pelos processos que envolvem o ressarcimento de danos causados ao meio ambiente, independentemente desses danos poderem ser remediados ou não.

Nesse cenário, é cada vez mais árdua a tarefa do administrador no tratamento desses assuntos na Contabilidade e sua divulgação. A complexidade da atividade de certas empresas muitas vezes é fator que dificulta o tratamento a ser dado no registro e na divulgação de, principalmente, os chamados passivos ambientais. Este assunto envolve julgamento e conhecimento específico, daí a necessidade de envolver não somente a alta administração e a classe contábil, mas também engenheiros, advogados, juristas, etc.

Portanto, a participação da Contabilidade é de extrema importância, pois vai despertar o interesse para as questões ambientais, ajudando a classe empresarial a implementar, em sua gestão empresarial, a variável ambiental, não apenas para constar na legislação, mas por uma verdadeira conscientização ecológica.

Neste sentido, não podemos ficar para trás, não podemos perder mais esta oportunidade de nos inserirmos no seio da sociedade, assumindo uma nova postura como cidadãos e como profissionais perante a sociedade. Porém, está aí o desafio para nós, contadores: fazer uma Contabilidade adequada ao um modelo ambiental, integrada e competitiva, que compreenda movimentos econômicos, movimentos operativos e movimentos ambientais.

2 - O despertar da consciência ecológica na Contabilidade
A Contabilidade, objetivando evidenciar a situação econômico-financeira das empresas e o desempenho periódico destas, constitui um adequado sistema de informações quanto à postura ambiental das entidades.

A 7ª Reunião da ONU evidenciou as normas contábeis sobre a contabilização dos elementos de proteção e recuperação ambientais e sobre o nível de divulgação adequado. IPECAFI apud Ribeiro (1992) faz a seguinte observação sobre a evolução da normatização contábil: "É interessante verificar a evolução das exigências com relação à divulgação de informações sobre o que a empresa esteja gastando ou sendo obrigada as gastar, quer na forma de investimentos ou de despesas com relação ao controle do meio ambiente. Mais do que uma contabilidade de gastos ambientais, é a idéia do 'environmental accountability'. Essa 'tomada de contas' dos gastos com o meio ambiente parece estar tomando corpo nas sociedades de inúmeros países de várias regiões do mundo".

Portanto, propostas e recomendações existem no sentido de que as companhias tornem públicos os efeitos de sua interação com o meio ambiente. Os efeitos da interação da empresa com o meio ambiente, de acordo com Ribeiro & Lisboa (1999), podem ser identificados mediante:

- os estoques de insumos antipoluentes para inserção no processo operacional;

- os investimentos realizados em tecnologias antipoluentes (máquinas, equipamentos, instalações, etc;

- o montante de obrigações assumidas pela empresa para recuperação de áreas degradadas ou águas contaminadas e para pagamento de penalidades ou multas decorrentes de infrações à legislação ambiental;

- as reservas para contingências constituídas com base na forte probabilidade de ocorrência de perdas patrimoniais provocadas por eventos de natureza ambiental;

- o montante de custos e despesas incorridos com vistas à contenção dos níveis de poluição e/ou por penalidades recebidas por procedimentos inadequados.

Essas informações traduzem o empenho prático da organização em melhorar a qualidade ambiental do planeta e, por conseguinte, em demonstrar sua responsabilidade social, além de servir de parâmetro para a melhoria de suas congêneres.

O passivo, que representa as obrigações para com terceiros, devem ser reconhecidos a partir do momento em que são verificados, mesmo que ainda não haja uma cobrança formal ou legal. Esta identificação e a divulgação do Passivo Ambiental são de grande relevância para avaliação das condições de continuidade das empresas, além de serem úteis na evidenciação da responsabilidade social.

Dentre outras forma de identificação do passivo ambiental temos o EIA (Estudo de Impactos Ambiental) e o RIMA (Relatório de Impacto ao Meio Ambiente), sendo que o EIA é elaborado na época de constituição da empresa e o RIMA elaborado periodicamente, para acompanhamento, dos impactos dos procedimentos operacionais das empresas.

O passivo ambiental tornou-se um quesito elementar nas negociações de empresa, ou seja, na compra e venda, pois poderá ser atribuído aos novos proprietários a responsabilidade pelos efeitos nocivos ao meio ambiente provocados pelo processo operacional da companhia ou pela forma como os resíduos poluentes foram tratados. Isto é corroborado por Ribeiro & Lisboa (1999), ao dizerem que pode gerar significativos impactos no fluxo financeiro e econômico da organização.

A identificação do passivo ambiental também tem grande relevância nos processos de privatização e de compra. Nas negociações de valores das transações e nos processos de incorporação de empresas com características altamente poluentes, nos quais este item foi ignorado, houve grandes prejuízos para a incorporação.

O desempenho das empresas, apurado pela demonstração de resultado, pode mostrar com clareza o montante de recursos consumidos naquele período específico para a proteção, controle, preservação e restauração ambiental, identificando o montante de gastos com penalidade e multas.

A evidenciação dos fatores que refletem a interação da empresa com o meio ambiente é fundamental. Qualquer que seja o usuário dessa informação, poderá estar interessado na identificação dos riscos de eventual descontinuidade e das perspectivas de continuidade, tendo em meta as ações e pressões governamentais, da comunidade financeira, de crédito e da sociedade em geral.

Outro enfoque importante que essas informações poderão trazer são as instalações e manutenção de empresas, pois, por intermédio dessas informações, pode-se analisar o custo-benefício dessas organizações.

Portanto, a Contabilidade poderá dar essas informações pois é responsável pela identificação e apuração dos resultados econômico-financeiros. Essas informações contábeis, conjugadas com dados físicos sobre os poluentes produzidos comparativamente à quantidade e tipos produzidos no período imediatamente anterior, bem como sobre os níveis permitidos pela legislação ambiental, podem ser de grande valia no que tange à avaliação da responsabilidade social de uma empresa.

2.1 – Contabilidade Ambiental com responsabilidade social
Sendo a Contabilidade um excelente instrumento de identificação, registro, acumulação, análise, interpretação e informação das operações empresariais aos sócios, acionistas e investidores em geral, além dos administradores, obviamente, ela se configura, conforme Queiroz (2000), como o melhor mecanismo de gestão disponível ao empresariado, cujos resultados apurados podem ser tornados visíveis à sociedade, com relativa facilidade, mediante a apresentação de balanços mais complexos, que incluam, em seu corpo, as respostas aos questionamentos sociais.

Kroetz (2000) assinala que, entendendo a Contabilidade como uma ciência social, é vital compreendê-la como um sistema aberto, sendo importante verificar a caracterização e a evolução da teoria Geral dos Sistemas, que nasceu da necessidade de se ter uma teoria maior, a da totalidade, que pudesse não só aglomerar, de forma organizada, pequenas células, mas também procurando situá-la num sistema maior, objetivando a resolução de problemas.

A Contabilidade, esta enorme fonte de registro, interpretação e informação de dados empresariais e governamentais, deve também passar a preocupar-se com o retorno a ser dirigido a toda a sociedade, conforme disse o presidente da França, Jacques Chirac, em seu discurso na sessão plenária de encerramento do XV Congresso Mundial de Contadores, em 1997:

A profissão contábil desempenha um papel fundamental na modernização e internacionalização de nossa economia. Isso porque vocês não se restringem a cuidar de contas. Vocês são conselheiros e, às vezes, confidentes das administrações de companhias, para que têm um importante papel a desempenhar, especialmente em assuntos sociais e tributários. Vocês orientam pequenas e médias empresas em sua administração, simplificando as alternativas, que ainda são demasiado complexas. Vocês desempenham, portanto, um papel no desenvolvimento das possibilidades de emprego, o que merece um especial registro de reconhecimento[...]"

O propósito de toda ciência é produzir conhecimento e evidenciar sua utilidade. Não obstante isso, Kroetz (2000) enfatiza que, nas ciências sociais, a teorização do saber deve necessariamente transcender seu objetivo, buscando o bem-estar social, isto é, agindo como uma mediadora para que a sociedade se desenvolva, possibilitando a igualdade entre os homens. Por sua vez, a Contabilidade traz essa preocupação por meio de suas leis, princípios, teorias, métodos, instrumentos, buscando a demonstração da realidade patrimonial e, principalmente, a relação dela com o ambiente social.

A Contabilidade Ambiental surgiu em 1970, quando as empresas passaram a dar um pouco mais de atenção aos problemas do meio ambiente. Contabilidade Ambiental é a contabilização dos benefícios e prejuízos que o desenvolvimento de um produto ou serviço pode trazer ao meio ambiente. É um conjunto de ações planejadas para desenvolver um projeto, levando em conta a preocupação com o meio ambiente.

Para Maior (2003), a idéia de fazer uma Contabilidade Ambiental dentro das empresas, ou seja, medir gastos e recursos para a produção de bens de consumo, veio com a crise do petróleo, em 1974, quando o produto chegou a um altíssimo custo e estava em escassez. Diz ainda que parece que, na época, as pessoas entenderam que não é porque uma matéria-prima é um recurso natural que ela vai durar para sempre. A conscientização foi ainda mais reforçada quando o Clube de Roma, um grupo formado por cientistas de todos os países, preocupados em estudar o futuro do mundo, divulgou um relatório chamado "Limites de crescimento", que mostrava que se continuasse não existindo uma preocupação com a natureza por parte das pessoas e das empresas, o mundo entraria em estado de emergência mais rápido do que se esperava.

A Contabilidade Financeira Ambiental passou a ter status de um novo ramo da ciência contábil em fevereiro de 1998, com a finalização do "Relatório Financeiro e Contábil sobre Passivo e Custos Ambientais" pelo Grupo de Trabalho Intergovernamental das Nações Unidas de Especialistas em Padrões Internacionais de Contabilidade e Relatórios (ISAR – United Nations Intergovernanmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting).

Junior (2000) diz que, paralelo a este trabalho, o ISAR vem coordenando esforços com o Comitê de Práticas de Auditoria Internacional (IAPC – International Auditing Practices Committee), no sentido de formalizar um conjunto de padrões de auditoria voltado para a verificação do desempenho ambiental relatado nas demonstrações contábeis.

A Contabilidade Financeira Ambiental tem o objetivo de registrar as transações da empresa que impactam o meio ambiente e os seus efeitos na posição econômica e financeira da empresa que reporta tais transações, devendo assegurar, conforme o autor acima, que: a) os custos, ativos e passivos ambientais estejam contabilizados de acordo com os princípios fundamentais da Contabilidade, e b) o desempenho ambiental tenha ampla transparência de que os usuários da informação contábil necessitam.

Continuamente, estão sendo feitos progressos no sentido de se proteger o meio ambiente e reduzir, prevenir ou mitigar os efeitos da poluição e, em conseqüência, há uma tendência das empresas em abrir para a comunidade uma grande quantidade de dados sobre uma política ambiental, seus programas de gerenciamento ambiental e o impacto de seu desempenho ambiental em seu desempenho econômico e financeiro.

Uma empresa que reconhece suas responsabilidades ambientais deverá diminuir seu risco financeiro futuro resultante de incidentes ambientais. Ao mesmo tempo, esta empresa deverá pagar menores prêmios de seguro em conseqüência do menor risco. Uma taxa de risco ambiental baixa também pode assegurar à empresa menores taxas de juros na captação de recursos.

Portanto, a empresa que demonstrar que está avançada em termos de uso de tecnologias ambientalmente amigáveis ou em relação à utilização de processos produtivos sustentáveis poderá angariar benefícios adicionais, tais como um aumento no comprometimento dos funcionários, menos taxas e multas por danos ambientais, menores custos de produção e de disposição de resíduos, além de ter acesso a melhores oportunidades de negócios. Poderá inclusive explorar a vantagem competitiva de estar fornecendo bens e serviços ambientalmente adequados.

Várias empresas já têm um profissional trabalhando com Contabilidade Ambiental, como indústrias de cimento, usinas de asfalto e muitas outras. É uma tendência com grandes previsões de crescimento. As empresas querem economizar e, a partir do momento que tiverem um responsável para contabilizar custos e benefícios de matéria-prima, ela estará economizando. O consumidor, por sua vez, está cada vez mais inteligente e hoje chega a fazer boicote, quando acha que está sendo lesado ou quando reconhece que determinada empresa está prejudicando a natureza.

Agora, o desafio para a Contabilidade está na mudança de paradigma, para um modelo contábil ambiental, uma Contabilidade integrada e competitiva que compreenda movimentos econômicos, movimentos operativos e movimentos ambientais.

3 - Contabilidade Ambiental 
     Relatório para um futuro sustentável, responsável e transparente
A preocupação mundial em torno do meio ambiente caminha para um consenso em torno da adesão a um novo estilo de desenvolvimento que deve combinar eficiência econômica com justiça social e prudência ecológica. A combinação desses elementos somente será possível se houver um esforço conjunto de todos com objetivo de atingir o bem-estar geral no futuro.

Os contadores têm um papel fundamental nesta perspectiva, uma vez que depende desses profissionais elaborar um modelo adequado para esta entidade, incentivar as empresas a implementarem gestões ambientais que possam gerar dados apresentáveis contabilmente, nos balanços sociais, além de criar sistemas e métodos de mensuração dos elementos e de mostrar ao empresário as vantagens dessas ações.

Para Sá (2001), as exigências sociais e ambientais, aquelas do mercado, a luta imperialista, a velocidade extrema das comunicações, o progresso espantoso no processo da informação, as aplicações científicas cada vez mais ousadas em quase todos os ramos do saber humano, foram os fatores que inspiraram as modificações conceituais, também em Contabilidade.

As inovações trazidas pela Contabilidade Ambiental estão associadas a pelo menos três temas:

- a definição do custo ambiental;

- a forma de mensuração do passivo ambiental, com destaque para o decorrente de ativos de vida longa, e;

- a utilização intensiva de notas explicativas abrangentes e o uso de indicadores de desempenho ambiental, padronizados no processo de fornecimento de informações ao público.

Junto a essas variáveis, encontra-se ainda o respeito ao meio ambiente, cuja incidência econômica, sócio-jurídica e cultural está fora de toda dúvida e cujo impacto deve ser reconhecido na Contabilidade.

A Contabilidade não vai resolver os problemas ambientais, mas face à sua capacidade de fornecer informações, pode alertar os vários atores sociais para a gravidade do problema vivenciado, ajudando, desta forma, na procura de soluções.

4 - Finalidade e destinatário da Contabilidade Ambiental
Existem três motivos básicos para a empresa adotar uma Contabilidade Ambiental:

Razão de gestão interna
Está relacionada com uma ativa gestão ambiental e seu controle.

Exigências legais
A crescente exigência legal e normativa pode obrigar os diretores a controlar mais seus riscos ambientais, sob pena de multas.

Demanda dos partícipes
A empresa está submetida cada vez mais a pressões internas e externas. Essas demandas podem ser dos empregados, acionistas, administração pública, clientes, bancos, investidores, organizações ecológicas, seguradoras e comunidade local.

Convém especificamente saber por que a empresa quer um sistema de Contabilidade Ambiental. Em outras palavras, que resultados espera obter com isto. É importante conhecer quais são os objetivos.

- Saber se a empresa cumpre ou não com a legislação ambiental vigente.

- Ajudar a direção em seu processo de tomada de decisões e na fixação de uma política e nos objetivos de gestão ambiental.

- Comprovar a evolução da atuação ambiental da empresa através do tempo e identificar as tendências que se observam.

- Detectar as áreas da empresa que necessitam especial atenção (áreas críticas) e os aspectos ambientais significativos.

- No caso de empresas com uma política ambiental já estabelecida, conhecer se tem cumprido com os objetivos ambientais fixados pela companhia.


- Identificar oportunidades para uma melhor gestão dos aspectos ambientais.


AUTORIA
Maria Elisabeth Pereira Kraemer
Contadora, CRC/SC nº 11.170, Professora e Integrante da Equipe de Ensino e Avaliação na Pró-Reitoria de Ensino da UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí. Mestre em Relações Econômicas Sociais e Internacionais pela Universidade do Minho-Portugal. Doutoranda em Ciências Empresariais pela Universidade do Museu Social da Argentina. Integrante da Corrente Científica Brasileira do Neopatrimonialismo e da ACIN – Associação Científica Internacional Neopatrimonialista

ENDEREÇO
Avenida Joca Brandão nº 111, Edifício Dona Emília, apto 902 - Centro.
CEP 88.301-300 - ITAJAÍ – SC – BRASIL
TELEFONE/FAX: (0XX) 47-3446558

beth.kraemer@terra.com.br
www.alfinal.com/brasil

sábado, 22 de maio de 2010

ECONOMIA DA BIOSFERA DESAFIA BUSINESS


Meio ambiente e setor financeiro combinam? Há algumas décadas, esse tipo de associação era algo improvável e aquele que porventura propusesse tal vinculação fatalmente seria motivo de chacota. Hoje, a tendência é de intensificação nos próximos anos. As tomadas de decisão deste setor são cada vez mais influenciadas pelas questões ambientais. Em jogo, estão milhões de dólares de investimentos institucionais, cujos critérios de aplicação levam em conta, principalmente, atitudes que impactem o mínimo possível o ecossistema. É a era da economia da biosfera. As estratégias, desafios e soluções do mundo corporativo para incorporar a biodiversidade em seus negócios foram apresentados no painel “Estratégia de Negócios e a Biosfera: Ampliando Soluções de Mercado para Desafios no Ecossistema”, realizada na quarta-feira, 12 de maio, na Conferência Internacional 2010 do Instituto Ethos.

John Elkington, cofundador e presidente executivo da Volans Venture, moderou a mesa e impôs um ritmo dinâmico à participação dos palestrantes. Alejandro Litovsky, diretor da Pathways Scale & The Biosphere Economy Project, falou sobre a perda do capital natural brasileiro, em especial na Amazônia. Embora o Brasil ocupe uma posição singular no tocante à biodiversidade, os recursos naturais do País estão sendo corroídos aceleradamente, disse ele, citando como exemplo as reservas de água da região amazônica. De acordo com Litovsky, o desafio está em o Brasil estabelecer uma agenda cooperativa com os demais países da região, para acelerar a adoção de soluções já existentes e buscar novos modelos de negócios inspirados na natureza, que resultem em uma pegada ecológica zero ou próxima disso

Para Marcelo de Andrade, responsável pela área de Desenvolvimento Corporativo da Earth Capital Partners na América Latina, os grandes fundos de investimentos já começam a pautar suas aplicações com base nos indicadores de sustentabilidade apresentados pelas empresas. A Earth Capital, que aconselha a aplicação de recursos em ativos sustentáveis, já dispõe de um capital de US$ 300 milhões a serem direcionados para áreas de investimento sustentável.

O desafio futuro das corporações é estarem preparadas para a inovação, abraçando uma agenda de capital natural. Visando esse novo cenário, o Instituto Life (Lasting Initiative for Earth), criado em 2009 a partir de uma iniciativa das Fundações Avina, Boticário e Posigraf, entre outras, vem aperfeiçoando métodos para medir os impactos negativos no meio ambiente de decisões das corporações. A certificação Life, como explicou a secretária executiva do Instituto, Maria Alice Alexandre, tem o objetivo de reconhecer aquelas acões que levam em conta a conservação da biodiversidade. Esta certificação não se aplica à empresa como um todo, mas a processos e ações desenvolvidos pelas corporações.

O gerente do Forest Footprint Disclosure Project (FFD), do Reino Unido, Steven Ripley, defendeu uma mudança na forma como o mundo corporativo vê hoje as florestas. Segundo ele, 20% da mudança climática é gerada pela queima de áreas florestais. O Footprint Project desenvolve mecanismos que ajudam as organizações públicas e privadas a implantar processos sustentáveis em suas cadeias produtivas. Uma das medidas defendidas por ele como forma de pressão, para que as empresas se comprometam com a biodiversidade, foi a de condicionar o acesso ao crédito a operações de sustentabilidade. Empresas que não demonstrem a sustentabilidade de suas operações estariam sujeitas a taxas de juros mais elevadas na obtenção de financiamentos.

Do painel participou também o gerente de Marketing Corporativo de Sustentabilidade da Bunge Brazil, Michel Santos, que apresentou o programa Natural Value Initiative, que avalia riscos e oportunidades relacionados ao impacto na biodiversidade. Envolverde

quinta-feira, 20 de maio de 2010

SQUANTO

"MITAKUYE OYASIN"
Somos todos irmãos


Squanto ... um nome estranho e desconhecido para a maioria das pessoas, mas nos EUA e vários lugares da Europa, este nome é tema para estudos em escolas secundárias e faculdades.

Um nome escolhido como qualquer outro, por pais amorosos que não imaginavam que um dia atravessaria fronteiras e séculos, por sua bravura, dignidade e amor pelo próximo além da cor da pele...

Squanto ou Tisquantum foi um nativo norte americano, da tribo Patuxet (hoje Plymouth) e que pertenceu a confederação da tribo Wampanoag nos idos de 1600.
Tinha uma forte compleição física, cabelos longos e era muito belo.

Em 1605 foi capturado por um capitão inglês, para quem os nativos não passavam de reles animais a serem domesticados. Vendido na inglaterra, viveu inúmeros maltratos sendo obrigado a lutar em gaiolas para satisfazer o sadismo dos expectadores e fazer trabalho escravo. Mas lá também conheceu pessoas boas e aprendeu rápidamente o inglês, logo se destacando por sua inteligência e sabedoria ante os problemas cotidianos.

Tornou-se útil e foi "usado" em muitas expedições, servindo como guia, salvando vidas e matando a fome de seus opressores, com seus conhecimentos sobre a terra e cura indígena.

Sem sucesso, empreendeu diversas tentativas de fugas, reconhecidas em sua coragem e valentia, várias delas auxiliadas por amigos que fizera, incluindo padres e pastores.

Até que em 1619 finalmente conseguiu retornar à sua terra, apenas para se deparar com a maior de todas as tragédias: ele era o último que restara de sua tribo, dizimada dois anos antes pela "doença dos brancos".

Perdera pai, mãe e esposa... e não era bem quisto pelas tribos vizinhas, dada a sua complacência com os brancos, aos quais ele aprendera a respeitar, reconhecendo que em seu meio também haviam os valorosos.

Isolado em sua dor, vagava pelas tão amadas terras, sem referencial... Nesse ínterim, nova comunidade de colonos desembarcou nos arredores: crianças, jovens, mulheres, homens e soldados. Tratavam-se dos "Pilgrins" - como ficaram conhecidos - um grupo separatista inglês .

As tribos restantes, carregando em seu seio sofrimento e dores recentes devido a aproximação dos brancos, preparavam-se para o ataque aos Pilgrins. A guerra era eminente. Um confronto sangrento os espreitava.

De um lado, Squanto viu seus irmãos vermelhos arriscando-se ao desaparecimento completo, sobretudo pelas ameaçadoras doenças que poderiam contrair, e de outro, seus irmãos brancos buscando a sobrevivência como ele próprio buscava.

Mesmo temporariamente dividido, sentindo ainda a dor da perda dos seus e desafiado por todos os lados, Squanto sabia que o "Grande Espírito" era presente em todas as raças e embora fosse um valente guerreiro, acreditava na possibilidade da paz.

Foi assim que seu nome acabou por entrar para a história, ao usar sua sabedoria e evitar o confronto sangrento dos nativos com os Pilgrins: ao serem lançadas as primeiras flechas, disparados os primeiros tiros, seu grito de paz foi ouvido pelos dois lados antagônicos, e seu conhecimento permitiu usar recursos dos brancos e nativos para salvar os poucos feridos que resultaram do primeiro conflito - entre eles o filho de um capitão e o chefe de uma das tribos.

Desfeita a guerra, Squanto estabeleceu uma aliança militar em que um apoiaria o outro em caso em caso de ataque; ensinou os Pilgrins a caçar, a cultivar a terra, construir casas aquecidas (um método explorado posteriormente por construtores nas grandes cidades); os modos nativos de alimentação saudavel, além da natural devoção dos indios pela Mãe Terra.

Vermelhos e brancos realizaram juntos pela primeira vez, um ritual nativo antiquíssimo de agradecimento à colheita, que permanece até hoje em festividades americanas - conhecido como Ação de Graças.

Os Pilgrins prosperavam, suas crianças nasciam auxiliadas por mulheres indígenas, e reinava a paz entre vermelhos e brancos - que somavam harmoniosamente as duas culturas.

Squanto passou a atuar como porta-voz da paz junto à outras nações indígenas. Mas em 1622 - no auge de sua vitalidade - durante uma expedição de concílio com os indios Massachusetts, Squanto contraiu uma forte febre e veio a falecer em poucos dias. Sua viagem ao encontro do "Grande Espírito" foi lamentada por todos que o conheciam e mesmo pelos que desejavam empunhar armas.

Seu tratado de paz perdurou ainda por 75 anos. Depois disso, as tribos americanas foram dizimadas, pela ambição do branco por terra... Mas os feitos de Squanto permanecem até hoje na memória de muitos povos e no sangue das gerações brancas que sobreviveram graças à sua atuação direta na paz.

Um grande exemplo de como deve ser - não o branco, o índio - mas o ser humano além da diferença da pele e cultura...

wikipedia.org

EMBAIXADOR GUAICAÍPURO CUATEMOC DIVINA EXTERNA


Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de ascendência indígena, defendendo o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Européia.

A conferência dos chefes de Estado da União Europeia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madri, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc

Eis o discurso:
"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país ,com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros.

Consta no "Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Teria sido isso um saque? 
Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento! Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

Teria sido genocídio? 
Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas.

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foi o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos. Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: 
Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável produtivo desses fundos?  
Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo.

No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300, isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.  Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros , seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica..."

Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, o Cacique Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a Verdadeira Dívida Externa.

Agora resta que algum Governo Latino-Americano (?) tenha a dignidade e coragem suficiente para impor seus direitos perante os Tribunais Internacionais. Os europeus teriam que pagar por toda a espoliação que aplicaram aos povos que aqui habitavam, com juros civilizados.  

mais.uol.com.br

quarta-feira, 19 de maio de 2010

VEGANOS DERIVAÇÃO DO VEGETARISMO


"Os veganos gostam da marca porque defendemos o que eles acreditam" .

Criado em 1944, na Inglaterra, por Donald Watson, o movimento vegan, ou vegano, vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade brasileira. Essa derivação do vegetarianismo abole o consumo de qualquer subproduto animal (incluindo carne, leite, ovos e mel), defende o direito dos animais e busca uma vida mais sustentável. Também vem se tornando um nicho de mercado interessante — que vai além do tradicional universo vegetariano. Roupas, produtos de beleza, joias, artigos de limpeza: há hoje no mundo produtos veganos em muitos setores.

No Brasil, não há dados sobre o número de seguidores da filosofia. Estima-se que 4% da população brasileira, cerca de 7,6 milhões de pessoas, seja de vegetarianos, muitos deles, veganos. Dados do Instituto Ipsos reforçam que 28% dos brasileiros têm procurado comer menos carne. “Há sinais de que esse é um mercado em ascensão”, afirma Marly Winckler, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). A entidade é responsável pela certificação de produtos veganos no Brasil, selo entregue mediante uma análise rigorosa da cadeia produtiva, com taxas que variam de R$ 300 a R$ 1 mil, dependendo do tamanho da empresa.

Pioneira na aquisição do selo Vegano-Orgânico da Ecocert/SVB no país, em 2008, a Samurai Organic Foods, de Florianópolis (SC), produz 26 produtos à base de soja livres de ingredientes de origem animal. Faturou R$ 1,6 milhão no ano passado e espera crescer 89% em 2010. “A procura por alimentos vegetarianos e veganos já se popularizou. E, ao contrário de outros tempos, também permeia várias faixas etárias”, diz Roberto Perin, 44 anos, sócio da Samurai.  "Estamos prevendo neste ano um faturamento 50% maior do que os R$15 milhões de 2009"

A afirmativa é confirmada pela empresária Clélia Angelon, 61 anos, dona da Surya Brasil, indústria de cosméticos, com sede em São Paulo, única no país a ostentar o certificado Vegan, emitido pela instituição americana Vegan Action. No mundo, apenas cem empresas têm o mesmo selo. “Ser vegano faz parte do nosso DNA. Fazemos questão de divulgar essa conduta no Brasil e nos 22 países onde atuamos”, diz Clélia. “O próximo passo é buscar a certificação também para a linha de alimentos que acabamos de colocar no mercado.” Com lançamentos na área de beleza e dois novos spas, um deles em Nova York, a Surya espera faturar neste ano 50% mais que os R$ 15 milhões registrados em 2009.

Nascidas ou não com o DNA vegano, as empresas que atuam nesse mercado sofrem com a carência de fabricantes e com a falta de ferramentas para rastrear a cadeia produtiva. “Quando recusei usar couro natural na coleção, o fornecedor não entendeu por quê. Desde o início eu só trabalho com matéria-prima sintética, do tecido aos aviamentos”, afirma a estilista Carolina Caliman, 27 anos, dona da confecção King 55, de São Paulo, com nove anos de mercado e um faturamento médio anual de R$ 900 mil. A dificuldade é sentida até pelo grande varejo. “Temos apenas 15 fornecedores veganos com certificação, os demais são controlados por meio de documentação oferecida pelo próprio cliente”, afirma Donato Ramos, diretor de marketing da Mundo Verde, rede de produtos naturais com 150 lojas no Brasil. Segundo Ramos, esse é um mercado em formação, que cresce ano a ano. Hoje, dos 5 mil itens vendidos pela rede, apenas cem têm registro vegano e respondem por 1% do faturamento de R$ 89 milhões em 2009 — isso sem considerar os produtos com origem 100% vegetal, mas sem registro vegano.

Marly, da SVB, estima que dois mil brasileiros se convertem ao vegetarianismo toda semana. Os veganos são o nicho do nicho, porém, um mercado também crescente, que possibilita criar diferentes tipos de produtos e serviços. Desde que o negócio suporte genuinamente sua filosofia de vida, tem grandes chances de sucesso. “Os veganos gostam da nossa marca porque defendemos algo em que eles acreditam. Até as pessoas que não são veganas admiram nosso negócio”, diz Carol, da King 55.

Revista Época

sexta-feira, 14 de maio de 2010

TRADIÇÕES ESPIRITUAIS E O MEIO AMBIENTE


Em setembro de 1986, em Assis, na Itália, o Fundo para a natureza (WWF) lançou sua "Rede de Conservação e Religião", reunindo líderes ambientais com líderes religiosos, representando Budistas, Cristãos, Hindus, Judeus e Mulçumanos. Cada uma das cinco religiões lá representadas emitiu uma declaração sobre a natureza. Desde então, as religiões bahá’í e Sikh juntaram-se a esta nova aliança e apresentaram suas próprias declarações em apoio aos objetivos da Rede.

No seu discurso de abertura do encontro, o padre Lanfranco Serrini, Ministro Geral dos Franciscanos disse: "Estamos convencidos do inestimável valor das nossas respectivas tradições e daquilo que elas podem oferecer no sentido de restabelecer a harmonia ecológica, mas, ao mesmo tempo, somos suficientemente humildes para desejar aprender uns dos outros. A própria riqueza da nossa diversidade dá força à nossa compartilhada preocupação e responsabilidade pelo nosso Planeta Terra".

Inspirados pelo trabalho que vem sendo desenvolvido pela Rede de Conservação e Religião do WWF em todo o mundo, e pela premência de, também no Brasil, organizar-se os esforços que vem sendo desenvolvidos pelas várias religiões e tradições espirituais na área de conservação ambiental, um grupo destas entidades reuniu-se e formou uma Comissão Transdisciplinar Ecumênica e promoveu o I Seminário das Tradições Espirituais e Meio Ambiente.

Este evento visou abrir o diálogo para que as diferentes tradições espirituais pudessem compartilhar a sua mensagem sobre o tema ambiental, bem como expor e discutir os projetos que vem sendo desenvolvidos nesta área, por cada segmento, de modo a unir esforços pela defesa da causa maior, que é a preservação da Mãe Terra.

Aqui estão reproduzidos trechos das sete declarações religiosas sobre a natureza, declarações estas que afirmam claramente que é nossa responsabilidade - dada por Deus - proteger e preservar aquilo que nos foi dado em confiança e guarda. A crise ambiental que nós enfrentamos hoje precisa, urgentemente, de uma solução que inclua uma dimensão espiritual, pois somente nossos valores e convicções morais podem nos salvar do suicídio ecológico.

Declaração Bahá’í Sobre A Natureza
Comunidade Internacional Bahá’í

Bahá’u’lláh, o profeta fundador da Fé Bahá’í, descreve, em linhas gerais, o relacionamento indispensável entre os homens e o meio ambiente: que o esplendor e a diversidade do mundo humano são reflexos intencionais da majestade e bondade de Deus... o entendimento é implícito, que a natureza deve ser respeitada e protegida, como uma custódia divina pela qual somos responsáveis.

Como a mais recente das revelações de Deus... os ensinamentos bahá’ís têm uma aplicabilidade especial para as circunstancias atuais quando a natureza inteira está ameaçada pelos perigos criados pelo homem...

"O bem estar da humanidade, sua paz e segurança são inatingíveis, a menos e até que a sua unidade esteja firmemente estabelecida", escreveu Bahá’u’lláh. "A terra é um só país e a humanidade seus cidadãos". Os principais temas relacionados com os movimentos ambientais atuais, dependem deste ponto.

O problema de poluição dos oceanos, a extinção das espécies, a chuva ácida e o dematamento... não respeitam quaisquer fronteiras. Todos exigem uma abordagem que transceda as fronteiras nacionais... os escritos religiosos da Fé Bahá’í... contém uma prescrição explícita para o modelo da nova ordem mundial, que oferece a única solução permanente para tais problemas... tal nova ordem deve também, de acordo com os escritos bahá’ís, ser baseada em princípios de justiça econômica, igualdade entre as raças, direitos iguais para homens e mulheres e educação universal.

Todos estes pontos relacionam-se diretamente com qualquer tentativa de proteção do meio ambiente do mundo... Qualquer tentativa para defender a natureza deve, portanto, também voltar-se para as injustiças fundamentais entre ricos e pobres no mundo. Da mesma maneira, a valorização das mulheres para completa igualdade com os homens, pode ajudar a causa ambiental, trazendo um novo espírito de valores femininos para o processo decisório sobre os recursos naturais.

Para os bahá’ís, o objetivo da existência é levar à frente uma civilização em constante desenvolvimento. Tal civilização só pode ser construída numa terra que possa ser auto-sustentada. O compromisso bahá’í com o meio ambiente é fundamental para nossa Fé.

Declaração Cristã Sobre A Natureza
Padre Lanfranco Serrini
Ministro Geral, OFM Conv

Deus declarou que tudo é bom - realmente, muito bom... Mas é especialmente através do homem e da mulher, feitos à imagem e semelhança de Deus e depositários de domínio único sobre todas as criaturas visíveis, que a bondade e providência do Senhor devem ser manifestadas... O domínio do homem não pode ser entendido como licença para abusar, estragar, esbanjar ou destruir aquilo que Deus fez para manifestar Sua glória. Tal domínio tem que ser gerido em simbiose com todas as criaturas... Todo ato humano de irresponsabilidade para com as criaturas é uma abominação. Conforme sua gravidade, é uma ofensa contra aquela sabedoria divina que sustenta e dá propósito à harmonia interdependente do universo.

Os cristãos convocam todos os homens e mulheres a perseguir: - uma síntese entre cultura e fé; - um diálogo ecumênico sobre os objetivos da pesquisa científica e sobre as consequências ambientais do uso das suas descobertas;

- a prioridade de valores morais sobre avanços tecnológicos;
- a verdade, a injustiça e a coexistência pacífica de todos os povos.

Declaração Hindu Sobre A Natureza
Dr. Karam Singh  Presidente, Hinfu Virat Smaj

Nas tradições espirituais antigas, o homem era considerado uma parte da natureza, ligada por laços espirituais e psicológicos indissolúveis com os elementos ao seu redor. Isto é um fato marcante na tradição hindu, provavelmente a mais antiga tradição religiosa no mundo...

O hinduísmo acredita na soberania divina, que tudo abarca, e que manifesta-se numa escala progressiva da evolução. Embora atualmente esteja no topo da pirâmide evolucionária, a raça humana não é vista como algo aparte da terra e das suas múltiplas formas de vida...

A tradição hindu de reverência pela natureza e por todas as formas de vida, vegetal ou animal, representa uma tradição poderosa que precisa ser redescoberta e reaplicada em nosso contexto contemporâneo...

Hoje, mister se faz lembrarmo-nos de que a natureza não pode ser destruída sem que também o seja a humanidade... Os efeitos de séculos de voraz exploração do meio ambiente finalmente nos alcançaram, e uma mudança radical de atitude em relação à natureza não é mais uma questão de mérito espiritual ou complacência, mas de pura sobrevivência...

Vamos declarar nossa determinação em parar a atual tendência rumo à destruição, em redescobrir a antiga tradição de reverência pela vida e, mesmo a esta altura, reverter o curso suicida em que embarcamos. Vamos recordar o antigo ditado hindu: "A Terra é nossa mãe, e todos somos seus filhos".

Declaração Mulçumana Sobre A Natureza
Dr. Abbdullah Osmar Nassef
Secretário Geral, Liga Mundial Mulçumana

A essência do ensinamento mulçumano é de que o universo inteiro é a criação de Deus. Para o mulçumano, o papel da humanidade na Terra é o de um califa, vice-regente ou curador de Deus. Somos os fideicomissários e agentes de Deus na Terra. Nós não somos mestres desta Terra; ela não nos pertence para fazermos o que bem quisermos com ela. Pertence a Deus, Ele confiou-a nós, para salvaguardá-la.

Alá é unidade: e Sua Unidade é também refletida na unidade da humanidade, e na unidade do homem e da natureza. Seus curadores são responsáveis pela manutenção da unidade da Sua criação, da integridade da Terra, da sua flora e fauna, da sua vida silvestre e do ambiente natural... Seremos chamados a prestar contas de como trilhamos este caminho, e como mantivemos equilíbrio e harmonia em toda criação ao nosso redor.

Portanto, unidade, curadoria e prestação de contas... os três conceitos centrais do islamismo, são também os pilares da ética ambientalista do islamismo... A conscientização ambientalista ocorre quando tais valores são adotados e se tornam parte intrínseca da nossa constituição mental e física.

Declaração Judaica Sobre A Natureza
Rabino Arthur Hertzberg
Vice-Presidente Congresso Mundial Judaico

A preocupação central do judaísmo é com a vida neste mundo... O judeu exemplar não é um santo pilar alheio ao mundo. Ele é alguém cuja conduta, em meio à própria vida, ajuda a estabelecer o que parece impossível: poder-se viver com retidão, neste mundo, sem transgredir os direitos de outras pessoas, ou de quaisquer das criaturas de Deus.

Assim, o encontro entre Deus e o homem na natureza, é concebido no judaísmo, como uma teia inconsútil, tendo o homem como líder e guardião do mundo natural... Ao homem foi dado o domínio sobre a natureza, mas lhe foi ordenado proceder, para com o resto da criação, com justiça e compaixão. O homem vive, sempre em tensão entre seu poder e os limites estabelecidos pela sua consciência.

Nós temos uma responsabilidade para com a vida, a de defendê-la em todo lugar, não apenas contra nossos pecados, mas também contra os alheios. Somos todos, juntos, passageiros neste mesmo mundo frágil e glorioso. Que salvaguardemos o nosso barco - e que rememos juntos.

Declaração Sikh Sobre A Natureza

A natureza é a manifestação de Deus que permeia toda a existência.  O sikhismo acredita que o universo foi criado por um Deus onipotente... Tendo trazido o mundo à existência, Deus o sustenta, nutre e protege. Nada passa despercebido... Para os sikhs, a natureza e o meio ambiente são compostos por cinco elementos. Estes são: ar, água, terra, fogo e espaço... Um equilíbrio entre todos os elementos na natureza é necessário para a continuação do universo. Qualquer rompimento deste equilíbrio causa sofrimento e desastre.

Os Gurus nos têm fortemente conscientizado da nossa responsabilidade para com esta terra, p. ex.: "Você é mestre desta terra e responsável por todas as formas de vida" (Guru Granth Sahib).

Nos últimos anos, esta mensagem tem sido ignorada, pois temos nos tornado egoísta em nosso zelo para adquirir um controle definitivo sobre o nosso meio ambiente, tornando-nos loucos pelo poder e esquecidos de nossa responsabilidade para com os outros, tanto que podemos agora ver a destruição do equilíbrio da natureza. Hoje, o desiquilíbrio está sendo exarcerbado pela nossa corrida alucinada pelo lucro, em detrimento do resto da criação. Devemos estar conscientes do nosso real lugar no universo. O equilíbrio do meio ambiente só pode ser atingido se a conservação planejada de Deus for mantida, através da aderência ao comportamento ético, assim como prescrito nas escrituras sagradas.

Declaração Budista Sobre A Natureza
Venerável Lungrig Namgyal Rinpoche
Abade, Universidade Gyuto Tantric

O budismo é uma religião de amor, compreensão e compaixão, comprometida com o ideal de não violência. Como tal, ela também dá grande importância à vida silvestre e à proteção do meio ambiente, do qual cada ente entre neste mundo depende, para sua sobrevivência.

Considerarmos nossa sobrevivência um direito inalienável. Outras espécies, como co-habitantes deste planeta, também têm este direito à sobrevivência. E desde que os seres humanos, assim como outros entes sensíveis, dependem do meio ambiente como a última fonte de vida e bem-estar, vamos compartilhar a convicção de que a conservação do meio ambiente e restauração do equilíbrio rompido por nossa negligência no passado, devem ser implementados com coragem e determinação.

Sua Santidade, o Dalai Lama

disse: "... Não é difícil entender e suportar a exploração perpetrada no passado por causa da ignorância. Entretanto, agora que estamos conscientes dos fatores perigosos, é muito importante que examinemos nossas responsabilidades e nosso compromisso com valores, e pensemos no tipo de mundo que levaremos às gerações futuras... Há um grande perigo das futuras gerações não conhecerem o habitat natural dos animais; é possível que não venham a conhecer as florestas e os animais que nós, desta geração, sabemos estarem ameaçados de extinção. Nós temos que ter a responsabilidade e a habilidade onde cumprir etapas de ação concreta, antes que seja tarde demais".

www.bahai.org.br