sábado, 22 de maio de 2010

ECONOMIA DA BIOSFERA DESAFIA BUSINESS


Meio ambiente e setor financeiro combinam? Há algumas décadas, esse tipo de associação era algo improvável e aquele que porventura propusesse tal vinculação fatalmente seria motivo de chacota. Hoje, a tendência é de intensificação nos próximos anos. As tomadas de decisão deste setor são cada vez mais influenciadas pelas questões ambientais. Em jogo, estão milhões de dólares de investimentos institucionais, cujos critérios de aplicação levam em conta, principalmente, atitudes que impactem o mínimo possível o ecossistema. É a era da economia da biosfera. As estratégias, desafios e soluções do mundo corporativo para incorporar a biodiversidade em seus negócios foram apresentados no painel “Estratégia de Negócios e a Biosfera: Ampliando Soluções de Mercado para Desafios no Ecossistema”, realizada na quarta-feira, 12 de maio, na Conferência Internacional 2010 do Instituto Ethos.

John Elkington, cofundador e presidente executivo da Volans Venture, moderou a mesa e impôs um ritmo dinâmico à participação dos palestrantes. Alejandro Litovsky, diretor da Pathways Scale & The Biosphere Economy Project, falou sobre a perda do capital natural brasileiro, em especial na Amazônia. Embora o Brasil ocupe uma posição singular no tocante à biodiversidade, os recursos naturais do País estão sendo corroídos aceleradamente, disse ele, citando como exemplo as reservas de água da região amazônica. De acordo com Litovsky, o desafio está em o Brasil estabelecer uma agenda cooperativa com os demais países da região, para acelerar a adoção de soluções já existentes e buscar novos modelos de negócios inspirados na natureza, que resultem em uma pegada ecológica zero ou próxima disso

Para Marcelo de Andrade, responsável pela área de Desenvolvimento Corporativo da Earth Capital Partners na América Latina, os grandes fundos de investimentos já começam a pautar suas aplicações com base nos indicadores de sustentabilidade apresentados pelas empresas. A Earth Capital, que aconselha a aplicação de recursos em ativos sustentáveis, já dispõe de um capital de US$ 300 milhões a serem direcionados para áreas de investimento sustentável.

O desafio futuro das corporações é estarem preparadas para a inovação, abraçando uma agenda de capital natural. Visando esse novo cenário, o Instituto Life (Lasting Initiative for Earth), criado em 2009 a partir de uma iniciativa das Fundações Avina, Boticário e Posigraf, entre outras, vem aperfeiçoando métodos para medir os impactos negativos no meio ambiente de decisões das corporações. A certificação Life, como explicou a secretária executiva do Instituto, Maria Alice Alexandre, tem o objetivo de reconhecer aquelas acões que levam em conta a conservação da biodiversidade. Esta certificação não se aplica à empresa como um todo, mas a processos e ações desenvolvidos pelas corporações.

O gerente do Forest Footprint Disclosure Project (FFD), do Reino Unido, Steven Ripley, defendeu uma mudança na forma como o mundo corporativo vê hoje as florestas. Segundo ele, 20% da mudança climática é gerada pela queima de áreas florestais. O Footprint Project desenvolve mecanismos que ajudam as organizações públicas e privadas a implantar processos sustentáveis em suas cadeias produtivas. Uma das medidas defendidas por ele como forma de pressão, para que as empresas se comprometam com a biodiversidade, foi a de condicionar o acesso ao crédito a operações de sustentabilidade. Empresas que não demonstrem a sustentabilidade de suas operações estariam sujeitas a taxas de juros mais elevadas na obtenção de financiamentos.

Do painel participou também o gerente de Marketing Corporativo de Sustentabilidade da Bunge Brazil, Michel Santos, que apresentou o programa Natural Value Initiative, que avalia riscos e oportunidades relacionados ao impacto na biodiversidade. Envolverde

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