domingo, 24 de janeiro de 2016

ÚLTIMAS MENSAGENS POSTADAS EM 25 01 2016

CÔNSUL ROMANO MARCO TÚLIO CÍCERO CATILINÁRIAS

O filósofo contra o corrupto
Cícero acusa Catílina de planejar uma conspiração contra o Senado
Cícero denuncia Catílina, afresco, Cesare Maccari, 1882-1888.

As Catilinárias (em latim In Catilinam Orationes Quattuor) são uma série de quatro discursos célebres de Cícero, o cônsul romano Marco Túlio Cícero, pronunciados em 63 a.C.. Mesmo passados dois mil anos, ainda hoje são repetidas as sentenças acusatórias de Cícero contra Catilina, declaradas em pleno senado romano:

Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?
Quam diu etiam furor iste tuus eludet?
Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?
Nihilne te nocturnum praesidium Palatii,
nihil urbis vigiliae,
nihil timor populi,
nihil concursus bonorum omnium,
nihil hic munitissimus habendi senatus locus,
nihil horum ora vultusque moverunt?
Patere tua consilia non sentis?
Constrictam omnium horum scientia teneri coniurationem tuam non vides?
Quid proxima, quid superiore nocte egeris, ubi fueris, quos convocaveris, quid consilii ceperis, quem nostrum ignorare arbitraris?
O tempora, o mores!


Até quando, Catilina, abusarás
da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda do Palatino,
nem a ronda noturna da cidade,
nem o temor do povo,
nem a afluência de todos os homens de bem,
nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado,
nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?
Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada 
e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
Oh tempos, oh costumes!

O primeiro e o último destes discursos foram dirigidos ao senado de Roma, os outros dois foram proferidos diretamente ao povo romano. Todos quatro foram compostos para denunciar explicitamente Lúcio Sérgio Catilina.

Falido financeiramente, Catilina, filho de família nobre, juntamente com seus seguidores subversivos, planejava derrubar o governo republicano para obter riquezas e poder. No entanto, após o confronto aberto por Cícero no senado, Catilina resolveu afastar-se do senado, indo juntar-se a seu exército ilícito para armar defesa.

No ano seguinte o rebelde falhado caiu, vindo a morrer no campo de batalha.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Catilinárias

sábado, 23 de janeiro de 2016

ICEBERGS DA ANTÁRTIDA SURPREEDEM AO RETARDAR AQUECIMENTO


Os maiores icebergs que se rompem na Antártida, inesperadamente ajudam a retardar o aquecimento global já que eles se derretem no gélido oceano austral, afirmou um grupo de cientistas.
Os raros icebergs do tamanho de Manhattan, que podem se tornar mais frequentes nas próximas décadas devido às mudanças climáticas, liberam um grande rastro de ferro e outros nutrientes que agem como fertilizantes para as algas e outros organismos semelhantes a minúsculas plantas no oceano.
À medida que crescem, vão extraindo o dióxido de carbono da atmosfera, um aliado natural dos esforços humanos para limitar o ritmo da mudança climática, causada pelas emissões de gases do efeito estufa.
O oceano floresce na esteira de icebergs gigantes da Antártida que absorvem de 10 a 40 milhões de toneladas de carbono por ano, estima o estudo, mais ou menos o equivalente às emissões anuais de gases de efeito de estufa pelo homem em países como a Suécia ou a Nova Zelândia.
Até agora, o impacto da fertilização do oceano a partir do fim de icebergs gigantes, definido como pedaços de gelo flutuantes a mais de 10 milhas náuticas (18 quilômetros) ou quase o tamanho de Manhattan, era considerado pequeno e localizado.
“Ficamos muito surpresos ao descobrir que o impacto pode se estender até 1.000 quilômetros”, dos icebergs, disse o professor Grant Bigg, da Universidade de Sheffield, um dos autores do estudo publicado na revista Nature Geoscience, à Reuters.
Os cientistas estudaram imagens de satélite de 17 icebergs gigantes da Antártida no período entre 2003 e 2013 e descobriram que as algas poderiam esverdear a água por até centenas de quilômetros em torno dos icebergs, com nutrientes espalhados pelos ventos e pelas correntes.
Existem 30 icebergs gigantes flutuando ao longo da Antártida – eles podem durar anos. O estudo mostra que os icebergs gigantes tiveram um impacto desproporcional em promover a fertilização do oceano quando comparados com pequenos icebergs. 
Fonte: UOL

CONVERSÃO DE CO2 EM COMBUSTÍVEL LÍQUIDO

 
A tecnologia de baterias poderá passar por uma revolução no futuro, mas, enquanto isso não acontecer, os combustíveis líquidos permanecerão como a forma de energia mais concentrada e eficiente disponível para suprir as necessidades da humanidade.

Utilizar a energia do Sol para transformar os resíduos da combustão em insumos para a fabricação de novos combustíveis líquidos é o objetivo das pesquisas de um grupo de cientistas dos Estados Unidos, com coordenação de Nancy Jackson, presidente da Sociedade Norte-Americana de Química (ACS, na sigla em inglês).

Jackson está no Brasil nesta semana, participando da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), em Florianópolis.

A pesquisadora apresentou uma conferência intitulada Da luz do Sol para o petróleo: conversão termal solar de dióxido de carbono em combustíveis líquidos.

A equipe de seu laboratório já está trabalhando na engenharia do reator capaz de utilizar a energia solar para transformar o dióxido de carbono - produto da queima de combustíveis como gasolina e etanol - em monóxido de carbono, que pode ser utilizado na produção de combustíveis.


A reação, portanto, corresponde exatamente ao inverso da combustão.
A seguir, ela fala de suas pesquisas e de sua área de atuação

Por que investir em pesquisas voltadas para a produção de combustíveis líquidos?
Nancy Jackson - Os combustíveis líquidos são muito importantes por várias razões. Uma delas é que, levando em consideração o peso e o volume, há uma energia muito concentrada nesse tipo de combustível. Eles são muito melhores que baterias, que são muito pesadas. Os combustíveis líquidos são leves e densos em termos energéticos. Essa capacidade de armazenar energia explica em parte por que os combustíveis líquidos são uma boa alternativa.

A densidade energética dos líquidos, então, é insuperável?
Nancy Jackson - Sim, pelo menos até o dia em que houver um salto tecnológico revolucionário no desenvolvimento das baterias. Outro fator que torna os combustíveis líquidos muito importantes é a facilidade de transporte. É muito fácil transportar líquidos, porque eles podem fluir e ser bombeados em canos por muitos quilômetros, sem precisar de veículo algum. Eles permitem utilizar a infraestrutura instalada e as tecnologias existentes.

Infraestrutura de transporte?
Nancy Jackson - Sim, podemos aproveitar a infraestrutura já pronta para transportar os combustíveis e utilizá-los em todo tipo de necessidade energética.
E, em relação à tecnologia, refiro-me aos motores. Temos motores muito eficientes para o uso de combustíveis líquidos. O problema é que não podemos depender do  petróleo para sempre, porque ele vai acabar, ou se tornar muito caro ou impraticável para explorar. Por isso estamos trabalhando no projeto Da luz do Sol para o petróleo.

Qual é o objetivo do projeto?
Nancy Jackson - Estamos tentando utilizar o dióxido de carbono e submetê-lo ao calor do Sol concentrado para atingir temperaturas realmente altas. Com isso queremos transformar dióxido de carbono em monóxido de carbono, retirando um átomo de oxigênio da molécula.

Como isso é feito?
Nancy Jackson - Desenvolvemos um reator, com um disco de mais de quatro metros de diâmetro, que capta a luz solar e utiliza seu calor para provocar a reação. O dióxido de carbono é uma molécula muito estável, por assim dizer, muito "preguiçosa". É difícil fazê-la mudar. É preciso gastar uma grande quantidade de energia para reagir com o que quer que seja. É por isso que estamos tentando usar o Sol para alterá-la, para fazer então um combustível líquido. O processo inclui uma série de outras reações muito bem conhecidas e compreendidas. Mas o verdadeiro segredo, o que realmente estamos fazendo de novo, é transformar o dióxido de carbono em monóxido de carbono.

Isso é a combustão reversa?
Nancy Jackson - Sim. Quando usamos combustíveis em nossos carros, o monóxido de carbono é queimado e transformado em dióxido. Estamos fazendo o oposto, como se fosse uma combustão reversa. É uma estratégia de reciclagem. A ideia é poder reciclar o dióxido de carbono várias e várias vezes, produzindo combustíveis a partir do resíduo dos combustíveis.

Só os combustíveis líquidos poderão gerar o dióxido de carbono para ser utilizado no reator?
Nancy Jackson - De modo algum. Nos Estados Unidos, temos a maior parte da energia elétrica baseada em carvão. Queimando carvão, temos uma quantidade gigantesca de dióxido de carbono.
Achamos que podemos utilizar o dióxido de carbono que sai das chaminés, transformando-o em combustíveis líquidos. Também temos muito dióxido de carbono quando fermentamos a cana-de-açúcar para fazer etanol. Para cada molécula de etanol, é produzida também uma molécula de dióxido de carbono.

Seria estratégia ideal utilizada em combinação com várias alternativas energéticas?
Nancy Jackson - Isso mesmo. O método seria empregado em conjunto com o uso de etanol de cana-de-açúcar, carvão, gás natural, plantas e assim por diante. Quando se queima tudo isso, é gerado o dióxido de carbono. Há outros grupos de pesquisa que estão aprendendo como separar o dióxido de carbono a partir do ar. É o que as plantas fazem: usam o dióxido de carbono do ar para crescer.
Então há diferentes maneiras para conseguir o dióxido de carbono. Essas tecnologias já existem.

Qual será o aspecto desse novo combustível líquido?
Nancy Jackson - Vai ser como o diesel, ou o etanol. Não muito diferente do que temos agora, mas o processo de obtenção é que será muito diferente.

Quanto tempo essa tecnologia levará ainda para ser implementada?
Nancy Jackson - Provavelmente precisaremos de mais uns quatro anos de desenvolvimento de engenharia. Em seguida, entrará o período necessário para o desenvolvimento e o processamento em escala. Estamos falando em algo como sete ou oito anos.

O conceito já está desenvolvido e o que falta é a engenharia e o escalonamento?
Nancy Jackson - Sim. Há ainda muitos desafios, porque a temperatura de que precisamos para mudar o dióxido de carbono, que é tão estável, é tão alta que isso torna difícil a tarefa de definir materiais.
Muitos deles não aguentam altas temperaturas e, se esquentamos e esfriamos sucessivamente, a maior parte dos materiais tende a não resistir. Há muitos desafios. O primeiro passo é o mais difícil. E é isso que estamos fazendo agora.

Com informações da Agência Fapesp

www.inovacaotecnologica.com.br

BACTÉRIA MODIFICADA TRANSFORMA ENERGIA DO SOL EM COMBUSTÍVEL LÍQUIDO

O químico norte-americano Daniel Nocera. / Harvard Gazette

O armazenamento da inesgotável energia do Sol, submetida aos vaivéns das nuvens e do dia e da noite, está mais próximo de se tornar realidade. Cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, criaram um sofisticado sistema que utiliza uma bactéria geneticamente modificada para transformar a energia solar em combustível líquido. A fórmula, caso sua eficácia seja comprovada, ajudaria a enfrentar o desafio energético e lutar contra as mudanças climáticas

Os pesquisadores, liderados pelo químico norte-americano Daniel Nocera, utilizaram a energia do Sol para obter hidrogênio da água (formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio). Com esse hidrogênio, a bactéria modificada, da espécie Ralstonia eutropha, é capaz de transformar o CO2, o principal gás responsável pelo aquecimento global, em álcool combustível, o isopropanol. Ao ser líquido, poderia ser transportado com a infraestrutura atual, destacam os autores.

Nocera está há anos sonhando com uma revolução energética planetária. Em 2009, foi considerado uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, pelo reconhecimento de seus estudos sobre combustíveis inspirados na fotossíntese das plantas.

Por ser líquido, o combustível poderia ser transportado com a infraestrutura atual

“As células fotovoltaicas têm um considerável potencial para satisfazer as futuras necessidades de energia renovável, mas são necessários métodos eficientes e escaláveis para armazenar a eletricidade intermitente que produzem e poder implantar a energia solar em grande escala”, explicam os autores na revista científica PNAS. Seu sistema poderia ser esse desejado depósito de energia solar.

Outras equipes de cientistas descobriram métodos semelhantes, mas precisaram acelerar as reações químicas com metais como a platina e o índio, disparando os custos. A equipe de Nocera emprega como catalisadores metais abundantes na Terra, como o cobalto, conseguindo o triplo do rendimento obtido pelos melhores combustíveis bioeletroquímicos existentes, resultantes de sistemas parecidos. Para os autores, é “uma importante prova de conceito”.

“Ainda não vamos utilizar esse sistema em nossos carros. Por enquanto, é apenas uma descoberta científica. Agora temos que corrigir as ineficiências para ser viabilizado comercialmente, embora já sejamos tão eficientes, ou mais, do que a fotossíntese natural”, diz Nocera.

Nenhuma empresa se interessou ainda pelo sistema. No ano passado, a multinacional norte-americana Lockheed Martin, uma gigante da indústria aeroespacial e militar, comprou um dos produtos anteriores do laboratório de Nocera: uma espécie de folha artificial que utiliza a energia solar para separar o hidrogênio e o oxigênio da água. O hidrogênio também pode ser empregado como combustível, embora exista pouca infraestrutura para facilitar seu uso.

Há dois anos, cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e da petrolífera Shell modificaram os genes de outra bactéria, a Escherichia coli, para que fabricasse diesel a partir de ácidos graxos. O biocombustível, promissor, também enfrenta agora desafios para sua comercialização como, por exemplo, a redução de custos. Em 2013, a produção de um litro custava milhares de euros.

brasil.elpais.com/brasil/2015/02/09/ciencia/1423507696_423300.html

ÁGUA EM POEIRA CÓSMICA SUGERE QUE VIDA É UNIVERSAL

Semeando vida
Jogar um punhado de poeira de estrelas sobre um planeta pode ter um efeito tão mágico quanto parece.O efeito, por exemplo, de semear a vida no planeta.

Isso porque os grãos de poeira que flutuam através do nosso sistema solar contêm minúsculas bolsas de água, formadas quando os grãos de poeira são atingidos por rajadas de vento solar, que é carregado eletricamente.

A reação química que faz isso acontecer já tinha sido replicada em laboratório, mas esta é a primeira vez que foi encontrada água presa dentro de poeira estelar real.

Combinados com achados anteriores de compostos orgânicos em asteroides e em poeira interplanetária, os resultados sugerem estes grãos podem conter os ingredientes básicos necessários para o surgimento da vida.

Como grãos de poeira semelhantes devem existir em todos os sistemas planetários pelo universo, este é um bom indício da existência de vida em todo o cosmos.

De fato, os sistemas planetários estão cheios de poeira, resultante de muitos processos, incluindo o esfacelamento de cometas.

"As implicações são potencialmente enormes," disse Hope Ishii, da Universidade do Havaí, participante do estudo. "É uma possibilidade particularmente emocionante que este afluxo de poeira sobre as superfícies dos corpos dos sistemas planetários tenha funcionado como uma chuva contínua de pequenos reatores contendo tanto a água quanto os compostos orgânicos necessários para a eventual origem da vida."

A pesquisadora se baseia também em outros estudos de laboratório, que mostram que minúsculas gotas de água são reatores muito mais propícios às reações químicas do que a água em grandes quantidades, em lagos e rios, por exemplo.

Como água surge na poeira interestelar
O grupo de pesquisadores encontrou a água inspecionando a camada externa de partículas de poeira interplanetária coletadas na estratosfera da Terra.

Microscópios de última geração permitiram analisar grãos de poeira de 5 a 25 micrômetros de diâmetro, o que revelou inclusões fluidas, minúsculas bolsas de água presa logo abaixo da superfície da poeira interestelar.

O processo pelo qual a água pode se formar no interior desses grânulos minúsculos, por sua vez, parece ser bem compreendido.

A poeira é composta principalmente de silicatos, que contêm oxigênio. Conforme viaja através do espaço, ela recebe o impacto do vento solar, uma corrente de partículas carregadas eletricamente - incluindo íons de hidrogênio de alta energia - que é ejetada da atmosfera do Sol.

Quando os dois se chocam, hidrogênio e oxigênio combinam-se para formar água.
Como a poeira interplanetária deve "chover" sobre a Terra desde os seus primórdios, é possível que o material tenha trazido água para o nosso planeta, embora seja difícil conceber como esse processo poderia explicar os milhões de quilômetros cúbicos de água que cobrem a Terra hoje.

"De forma nenhuma sugerimos que isso tenha sido suficiente para formar oceanos," reconhece Ishii, bem mais realista do que colegas seus, que já falaram em "oceanos de água" em disco planetário.

De qualquer forma, pode ser uma bela irrigação de vida em um planeta com precondições propícias para a vida.


New Scientist

A VEGETAÇÃO DO PLANETA VISTA DO ESPAÇO



No vídeo https://youtu.be/Fq92ERzWw6s o Dr. Felix Kogan, cientista do NOAA, explica como os dados de vegetação do satélite Suomi NPP está melhorando a capacidade de detectar e monitorar as mudanças na cobertura vegetal em todo o planeta.

Ao longo do ano a cobertura vegetal do planeta sofre profundas alterações, seja pela
mudança das estações ou pela ação do homem sobre o meio ambiente. Conhecer este ciclo dinâmico da vegetação é cada vez mais importante para entender seus impactos sobre o clima na Terra, sobre a produção de alimentos e até mesmo para antecipar possíveis surtos de malária em algumas regiões da África.

Utilizando o sensor VIIRS (Visible and Infrared Imaging and Radiometer Suite) a bordo do satélite Suomi NPP é possível medir a quantidade de energia refletida pela superfície do planeta. Como as plantas absorvem a luz visível para fazer fotossíntese, quando a vegetação é abundante quase toda ela é absorvida pelas folhas, e muito mais luz infravermelha é refletida de volta para o espaço. Por outro lado, os desertos e regiões com vegetação esparsa refletem muito mais luz visível. Desta forma é possível medir com uma precisão cada vez maior a cobertura vegetal da superfície do planeta.


A animação abaixo foi feita com dados de abril de 2012 até abril de 2013 disponibilizados pelo NOAA (National Oceanic & Atmospheric Administration), o órgão para assuntos sobre meteorologia, oceanos, atmosfera e clima do governo dos EUA, mostrando um ano inteiro de mudanças na cobertura vegetal do planeta. As áreas de verde mais escuro representam a vegetação mais densa, enquanto as regiões de cores claras apontam uma escassa cobertura vegetal, seja por causa de neve, seca, rocha, ou áreas urbanas.
 Vegetação que surge no meio do deserto acompanhando o curso do rio Nilo
 Cobertura vegetal do Brasil na 41a semana de 2012.

www.oeco.org.br/teste.../27602-a-vegetacao-do-planeta-vista-do-espaco

O PLANETA TERRA ESTÁ FICANDO MAIS VERDE


Não é sempre que os cientistas ambientais têm uma boa notícia. Mas um novo estudo na Nature Climate Change constatou que, nos últimos anos, a Terra foi ficando um pouco mais verde, acumulando um adicional de 4 toneladas de biomassa (vegetação) entre 2003 e 2012. Isso é uma coisa boa, porque as plantas absorvem dióxido de carbono da atmosfera, o gás do efeito estufa.

Agora, para estourar sua “bolha ilusória”: este estudo não está vendo uma conexão direta entre a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera e o crescimento das plantas. Mesmo que as plantas extras façam a diferença, o fato é que o dióxido de carbono na atmosfera tem aumentado de forma constante ao longo de décadas.

O verde adicional veio de alguns lugares: em países ex-soviéticos, as florestas começaram a crescer de novo, enquanto na China, campanhas maciças de plantio de árvores parecem fazer efeito. Os pesquisadores também descobriram que as áreas mais áridas tinham um monte de vegetação, incluindo arbustos em savanas na África, Austrália e América do Sul.

Os pesquisadores usaram vários satélites para ver as mudanças na vegetação ao longo dos anos. Eles olharam para a radiação de microondas saltando da superfície da Terra, e ao reunir os dados de diferentes satélites, eles foram capazes de obter, mês-a-mês, uma ideia de quanta matéria viva de plantas o nosso planeta teve nos últimos 20 anos.

Embora nos últimos anos pareça que as coisas estão melhorando, o prognóstico não é completamente otimista. A equipe ainda encontrou enormes quantidades de desmatamento nas florestas tropicais da América do Sul e do Sudeste Asiático. Essas constatações se alinham com outro relatório do início deste mês, que observou que o desmatamento nas florestas tropicais parece estar aumentando. Não só isso, mas as áreas onde a vegetação está se espalhando (como as savanas) são altamente sensíveis a mudanças climáticas. Um ano particularmente seco (ou anos) poderia matar a nova vegetação e nos colocar de volta onde começamos.

gizmodo.uol.com.br

VULCÃO DORSAL OCEÂNICA DE 65 MIL QUILOMETROS

    Parte da estrutura vulcânica no fundo do oceano conhecida como "dorsal oceânica"

    Imagine um vulcão. Agora imagine que sua principal cratera seja uma linha longa sobre a terra. Agora, imagine que essa linha é tão longa que ela se estende por mais de 65 mil quilômetros nos recônditos obscuros de todos os oceanos do planeta, como as costuras de uma bola de futebol.

    Seja bem-vindo a uma das características mais obscuras e importantes da Terra, conhecida pelo nome prosaico de "dorsal oceânica". Ainda que seja longa o bastante para dar seis voltas em torno da Lua, a dorsal recebe pouca atenção, já que fica escondida nas profundezas escuras da Terra. Os oceanógrafos perceberam sua natureza vulcânica em 1973. Desde então, expedições caríssimas começaram lentamente a explorar esse mundo subaquático, que geralmente fica a mais de 1,5 quilômetro abaixo da superfície do mar.

    Os resultados podem fazer as visões de Júlio Verne parecerem comedidas.
    A dorsal conta com longas fossas tectônicas e, bem no centro delas, campos gigantes com fontes de água quente que lançam milhões de toneladas de minerais na água fria do oceano, construindo lentamente morros e torres estranhas que podem ser ricas em metais como ouro e prata. Uma torre no Oceano Pacífico, apelidada de Godzilla, chegou a mais de 15 andares de altura. Uma infinidade de vermes marinhos e outras criaturas bizarras cobrem de vida as fontes vulcânicas, dividindo o espaço com predadores famintos como os caranguejos-aranha.

    Essa vida intensa coexiste com fontes termais quentes o bastante para derreter chumbo e as janelas de plástico dos minissubmarinos. Com muito cuidado, humanos e robôs puderam medir temperaturas que chegam a 415 graus.

    Até o momento, esses estudos foram espaçados. As expedições à dorsal oceânica acontecem com dificuldade, com cronogramas definidos pelo clima instável e as verbas limitadas, sem falar na dificuldade de conseguir equipes e equipamentos especializados.

    Porém agora, os cientistas criaram uma nova iniciativa de pesquisa. Na Costa Oeste dos EUA, foram instaladas centenas de sensores e câmeras em um trecho especialmente ativo da dorsal, contando com cabos que trazem as informações para a superfície. O observatório oceânico vai operar esses equipamentos por pelo menos um quarto de século, substituindo novidades esporádicas pela pesquisa constante.

    Este mês, esses dados finalmente estão chegando à internet. Centenas de cientistas do mundo todo serão capazes de monitorar uma das características mais inquietas e enigmáticas da Terra com a facilidade de quem lê um e-mail.

    "Estamos vendo isso ganhar vida", afirmou Maya Tolstoy, geofísica marinha do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, da Universidade de Columbia. Recentemente ela recebeu dados que incluíam o de uma erupção. "É animador. Estamos apenas começando a compreender o que está acontecendo."

    John R. Delaney, oceanógrafo da Universidade de Washington, que criou o observatório há algumas décadas, afirmou que isso iria ajudar os cientistas a entenderem melhor não apenas as fendas vulcânicas, mas também a água em seu redor, que cobre a maior parte do planeta.

    "De repente, uma porta tecnológica foi aberta para estudar os oceanos de dentro para fora", afirmou. Essa nova perspectiva, acrescentou, "é a única que vai permitir a compreensão de sua verdadeira complexidade, das centenas de processos".

    Uma das principais questões é como o vulcanismo muda ao longo do tempo. A antiga noção era a de que as erupções de lava líquida se mantinham mais ou menos estáveis ao longo do tempo. Agora, as pesquisas indicam a existência de picos grandes o bastante para influenciar não apenas o caráter oceânico global, como também a temperatura do planeta.

    Os especialistas acreditam que a atividade possa ter maiores repercussões porque a dorsal oceânica é responsável por 70 por cento de todas as erupções vulcânicas da Terra. Em princípio, isso a transforma em uma enorme fonte de calor e minerais exóticos, além de gases comuns, como o CO2, liberados por qualquer tipo de vulcão.

    "É uma nova perspectiva sobre como a Terra funciona. Nossos olhos e ouvidos estão em uma parte do leito oceânico que é realmente dinâmica", afirmou Daniel J. Fornari, cientista sênior no Instituto Oceanográfico Woods Hole, em Cape Cod, Massachusetts.
    A fonte de toda essa atividade é a lenta movimentação do interior derretido da Terra, que troca constantemente a posição das mais de vinte grandes placas tectônicas da Terra. As fendas vulcânicas marcam os locais onde as placas oceânicas se separam, formando uma rota de escape para os gases e as rochas derretidas.
    Os primeiros sinais de atividade vulcânica apareceram em 1973, quando minissubmarinos mergulharam na Fenda Meso-Atlântica. Ela se estende por mais de 16.000 quilômetros, o que a transforma na maior cadeia de montanhas do planeta. A equipe franco-americana que trabalhava na região acreditava que iria encontrar reentrâncias e fissuras rochosas típicas de regiões onde as placas tectônicas se separam, conhecidas como limites divergentes. Ao invés disso, encontraram leitos de rocha ígnea.

    A empolgação aumentou em 1977 quando um submersível americano mergulhou em uma fissura profunda próxima às Ilhas Galápagos. Através do hidrofone, já no leito do oceano, um cientista confuso disse à nave mãe que além da atividade vulcânica, o lugar estava cheio de vida, ao contrário do retrato desolado encontrado na maioria dos lugares das profundezas oceânicas.

    "Está cheio de animais aqui em baixo", afirmou o pesquisador. Essa fauna inesperada incluía camarões vermelhos, peixes rosados com caudas onduladas e incontáveis vermes oceânicos cobertos de plumagens vermelhas.

    Nos anos 80, os cientistas revelaram que as fontes termais liberavam fluxos constantes de água quente. O zooplâncton -- nuvens de minúsculas criaturas marinhas -- se reproduzem nas regiões quentes e ricas em minerais no entorno das fontes. A leitura dos chamados de baleias sugeria que os mamíferos gigantes se alimentam dessas nuvens densas.

    No ano passado, uma descoberta mais básica veio à luz. Uma equipe de 11 cientistas revelou que as fontes de água fervente também funcionam como centros de reciclagem global que converte cadeias complexas de carbono criadas pelos restos mortais de gerações de plantas e animais marinhos em substâncias químicas muito mais simples e capazes de formar novos organismos.

    "Elas ajudam a criar materiais biologicamente reativos. Formam a corrente sanguínea do fundo do mar", afirmou Jeffrey A. Hawkes, químico marinho na Universidade de Oldenburg, na Alemanha, e líder da pesquisa.

    A partir dos anos 90, os oceanógrafos começaram a ver o que o monitoramento constante tinha a oferecer quando a Marinha dos EUA compartilhou com eles uma rede anteriormente secreta de microfones instalados no fundo do mar, usados durante a Guerra Fria para acompanhar a movimentação dos submarinos inimigos. De repente, os cientistas marinhos passaram a poder ouvir as erupções vulcânicas e estudar suas consequências.

    Recentemente, Maya Tolstoy, da Universidade de Columbia, utilizou esses dados acústicos de nove erupções no leito oceânico ao longo de quase duas décadas para traçar um retrato cheio de surpresas. Revelou-se que todas essas erupções, ocorridas nos oceanos Pacífico, Atlântico e Ártico, ocorreram entre janeiro e julho.

    A causa, segundo ela, é a órbita levemente elíptica da terra ao redor do Sol. Isso muda a força da atração gravitacional do Sol durante o ano e, como resultado, a magnitude das marés que espremem o planeta. Ela afirmou que as erupções coincidem com o momento de maior pressão exercida pela gravidade. Além disso, Maya também sugeriu que esses mecanismos podem ajudar a explicar porque as eras do gelo acabaram tão repentinamente no planeta -- um mistério que por muito tempo ficou sem resposta.

    Os níveis oceânicos caem de forma extrema nesses períodos de frio, uma vez que a água está presa em gigantescas calotas de gelo. Em um artigo, ela sugere que uma vez que a dorsal oceânica fique sem a pressão da água, as erupções se tornam mais frequentes. Como resultado, mais dióxido de carbono é lançado no oceano e, eventualmente, também na atmosfera, aquecendo o planeta como consequência.

    Em resumo, de acordo com essa hipótese, as calotas de gelo crescem a ponto de iniciar sua própria destruição, levando a água de volta aos oceanos. Foi essa ideia radical que gerou tanto debate.

    Em uma entrevista, Maya afirmou que as evidências coletadas no leito marinho sugerem que a dorsal oceânica seja "especialmente sensível" às mudanças no estresse, tornando-as mais abertas à influência dos astros. Os cientistas afirmam que esses fatores podem um dia ajudar a entender como o clima da Terra varia tanto ao longo das eras, de forma a aperfeiçoar seus modelos e previsões.

    Por meio da análise de centenas de características da dorsal, o observatório subaquático promete ajudar os cientistas a resolverem essas charadas.

    Ele fica sobre a cordilheira de Juan de Fuca. O centro de atividade vulcânica -- com cerca de 500 quilômetros de extensão -- fica na Costa Oeste da América do Norte, indo da Columbia Britânica ao Oregon. O observatório é dividido em duas partes. O Canadá opera o trecho que fica mais ao norte, ao passo que os EUA operam o que fica mais ao sul, como parte de um programa conhecido como Iniciativa dos Observatórios Oceânicos.

    Ao todo, o programa custa cerca de US$ 500 milhões -- muito menos que os telescópios óticos de última geração que estão sendo construídos em todo o planeta. A Fundação Nacional de Ciências, o principal financiador de ciências básicas do governo federal, pagou pela parte americana.

    Juntas as duas partes contam com mais de 1.600 quilômetros de cabos, dezenas de caixas de junção e centenas de sensores.

    Os instrumentos no leito do mar incluem metros de inclinação, câmeras, sismógrafos, medidores de temperatura, hidrofones, sondas químicas, sensores de pressão e coletores de amostras de fluidos. Além disso, plataformas se movem para cima e para baixo com a ajuda de longas amarras para realizar colunas de água. Os principais cabos do observatório chegam à superfície em Port Alberni, na Ilha de Vancouver, e em Pacific City, Oregon.

    "Temos o observatório de cabos mais avançado em qualquer vulcão dos oceanos do mundo todo. Existem muitas descobertas pela frente", afirmou Deborah S. Kelley, cientista da Universidade de Washington que dirige o segmento norte-americano.

    The New York Times
    William J. Broad