segunda-feira, 24 de junho de 2019

ÚLTIMAS MENSAGENS POSTADAS 24 06 2019


Por favor, clicar nos links abaixo:





















PLÁSTICOS TRANSFORMADOS EM ESTRADAS

Um pescador em Kerala, Índia, conserta redes na praia. 
A poluição plástica pode danificar obstruir as redes, mas agora os pescadores estão reagindo.
Foto de Frank Bienewald D. Getty Images 

Pescadores indianos estão transformando plástico do mar em estradas


KOLLAM, íNDIA. Kadalamma—Mar Mãe—é como Xavier Peter chama o Mar Arábico. Sua própria mãe lhe deu vida, mas Kadalamma deu-lhe um propósito, um meio de vida. Ela forneceu sustento para ele, oferecendo peixe o suficiente para alimentar sua família e vender no mercado. E ela o protegeu, poupando-o três vezes de ciclones e uma vez de um tsunami.
Xavier pesca camarão e peixe na costa sudoeste da Índia há mais de três décadas, toda sua vida adulta. Mas, ultimamente, quando ele lança as redes, muitas vezes recebe mais plástico do que peixe.

“Puxar as redes para fora da água é um esforço a mais com todo o plástico que vem enrolado nelas”, diz. “É como tentar tirar água de poço – e seu balde, de alguma forma, fica sendo puxado para baixo.”
Ele e os seis homens de sua tripulação passam horas separando o lixo do pescado.
Para Xavier, toda essa provação é um lembrete diário de que Kadalamma está doente, e que ele e sua cidade a deixaram assim. “Esse é a maior fracasso da Índia”, lamenta.
Ele costumava somente suspirar e jogar o plástico de volta ao mar. Não mais.
Desde agosto do ano passado, ele e quase 5 mil outros pescadores e proprietários de barcos em Kollam – uma cidade pesqueira de 400 mil habitantes no estado de Kerala – estão trazendo de volta para a terra todo o plástico que encontram quando estão no mar.
Com a ajuda de várias agências governamentais, eles também montaram o primeiro centro de reciclagem da região para limpar, classificar e processar os sacos plásticos, garrafas, canudos, chinelos e Barbies afogadas que foram jogados no mar e pescados por eles. Até agora, eles coletaram cerca de 65 toneladas de lixo plástico.

Ondas de frustração

Não é preciso muito para convencer as comunidades costeiras dos perigos do plástico, diz Peter Mathias, que lidera um sindicato regional para proprietários e operadores de barcos de pesca. Há anos, diz ele, os pescadores reclamam do plástico que fica preso em seus equipamentos.
E isso nem é o pior. Há uma década, uma pequena tripulação como a de Xavier conseguiria facilmente até quatro toneladas de peixe ao longo de uma expedição de dez dias. Nos dias de hoje, ele terá sorte se conseguir pescar um quinto disso. Embora muitos fatores, incluindo a mudança climática e a sobrepesca, estejam afetando o estoque de peixes, o plástico é o culpado mais visível.
Muitos tipos de peixes facilmente confundem plástico com presas, e estudos mostram que podem morrer de envenenamento ou desnutrição como resultado. Outros animais marinhos ficam presos e são estrangulados por redes de pesca de náilon abandonadas. Grandes pedaços de plástico no leito do mar também estão bloqueando o acesso de algumas espécies aos seus criadouros.
“Está afetando nosso trabalho,” diz Mathias. “Assim, manter o mar limpo é nossa responsabilidade e necessidade para nossa sobrevivência como pescadores.”
Manter essa responsabilidade, no entanto, provou ser um pouco mais complicado do que Mathias previa. Os pescadores já recolhiam plástico sem necessidade; pedir-lhes que o fizessem com um propósito seria um próximo passo lógico. O problema era que a região não tinha sistema de coleta de lixo municipal, muito menos um programa de reciclagem.
Quando uma aldeia vizinha de mergulhadores de moluscos em Kerala tentou começar um programa semelhante para limpar os remansos da cidade, eles perceberam que não tinham como eliminar todo o lixo que recolhiam. Eles estavam, efetivamente, apenas transferindo lixo do lago e do rio de volta para a terra.

Onda de ajuda

No verão passado, Mathias procurou J. Mercykutty Amma, ministra estadual de pesca e nativa de Kollam, para conseguir ajuda. “Eu disse: se nós nos encarregarmos de coletar plástico do mar e trazê-lo de volta a terra, você pode nos ajudar a fazer algo com ele?”, conta.
Ela disse que sim, mas provavelmente não conseguiria fazer isso sozinha. Então, cerca de um mês depois, ela trabalhou em outras cinco agências do governo, incluindo o departamento de engenheiros civis, que concordaram em ajudar a construir uma instalação de reciclagem e o departamento de capacitação de mulheres. Essa agência é encarregada de melhorar as oportunidades de empregos para as mulheres em um lugar onde muitas áreas, como a pesca, há muito tempo são dominadas por homens. Assim, a agência ajudou a contratar uma equipe só de mulheres para trabalhar lá.
Nos últimos meses, um grupo de 30 mulheres vem trabalhando em tempo integral para lavar e classificar meticulosamente o plástico que os pescadores coletam. A maior parte está muito danificada e corroída para ser reciclada de maneira tradicional. Em vez disso, esse plástico é picado em forma de confete bem fino e é vendido para equipes de construção locais que o usam para fortalecer o asfalto usado para pavimentar estradas. Os recursos – juntamente com o dinheiro do subsídio do governo – cobrem os salários das mulheres que é de 350 rúpias (cerca de R$19) por dia. O sistema não é completamente autossuficiente, mas será no próximo ano, Mathias espera.
“Reunimos tantos grupos tão rapidamente para essa iniciativa”, diz ele. Mas ele está ainda mais orgulhoso do fato de que “isso vem de nós, vem dos pescadores.”
Eles já ajudaram algumas comunidades de pescadores nas proximidades, incluindo os coletores de moluscos citados anteriormente, a obter financiamento para iniciar seus próprios programas de coleta de reciclagem de plástico. Em breve, diz ele, pescadores “de toda Kerala, de toda a Índia e de todo o mundo se unirão a nós”.
É uma declaração forte, mas a confiança de Mathias não é necessariamente equivocada, diz Sabine Pahl, psicóloga da Unidade Internacional de Pesquisa de Lixo Marinho da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, que pesquisa como convencer as pessoas a cuidar melhor do planeta. Ela diz que envolver as comunidades de pescadores na luta contra a poluição oceânica faz sentido e já funcionou no passado. Desde 2009, o KIMO, grupo ambientalista do norte da Europa, vem recrutando pescadores em partes do Reino Unido, Holanda, Suécia e Ilhas Faroé para um programa similar chamado Fishing for Litter.

Divulgando a notícia

O programa indiano pode ter um potencial ainda maior, pelo “fato de que os pescadores estão tomando a iniciativa”, diz Pahl. Em sua pesquisa, ela descobriu que as iniciativas ambientais mais eficazes são as lideradas pela comunidade e “intrinsicamente motivadas” – isto é, motivadas por altruísmo e pelo amor à natureza e à vida selvagem.
“É realmente poderoso porque os pescadores estão na melhor posição para convencer o resto da comunidade – suas famílias, vizinhos – dos perigos do plástico”, ela conta.
E é exatamente isso que eles estão fazendo. Muitos dos pescadores no porto de Kollam dizem que, nove meses após o início do programa, a quantidade de detritos que são apanhados nas redes diminuiu significativamente. Mas, por fim, eles esperam interromper completamente o fluxo de plástico para o oceano. Para esse fim, todos os 5 mil pescadores se comprometeram a reduzir seu uso pessoal de plástico, ou pelo menos garantir que ele acabe na usina de reciclagem e não no oceano. Mathias e Xavier dizem que também não se opõem estrategicamente ao usar a culpa para impedir que as pessoas joguem lixo nas ruas.
“Eu digo a eles: ‘Se você continuar poluindo o oceano com plástico… como pescadores, nosso meio de subsistência deixará de existir,’” diz Mathias. Isso, segundo ele, quase sempre faz efeito.
Fonte: National Geographic
http://noticias.ambientebrasil.com.br

sábado, 22 de junho de 2019

CACHOEIRAS E CATARATAS [EM MOVIMENTO]

Google Imagens 

quinta-feira, 13 de junho de 2019

AMAZÔNIA DESMATAMENTO [IMAGENS EXPRESSÕES HUMANAS]

Google Imagens

NORUEGA E ALEMANHA REJEITAM MUDANÇAS NO FUNDO DE PRESERVAÇÃO DA AMAZÔNIA


Região do Juruá cortada pelo rio vista de cima.
Reprodução/Chico

Os governos da Noruega e da Alemanha se posicionaram contra a proposta do governo federal de alterar o Fundo Amazônia.

Em carta enviada ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e ao ministro da Secretaria de Governo, o general Santos Cruz, os países defenderam a permanência do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDES) no Fundo, afirmaram que nunca foram encontrados indícios de irregularidades nas auditorias feitas nos contratos, e disseram que "governos sozinhos não conseguem reduzir o desmatamento".

A carta foi assinada na quarta-feira passada, dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente (veja a íntegra abaixo), e foi obtida com exclusividade pelo blog. No mesmo dia, houve um encontro das embaixadas com o ministro Salles para discutir o assunto. As negociações ainda estão em andamento.

O documento das embaixadas é uma resposta a outra carta enviada pelo governo federal no dia 30 de maio, que formalizava a proposta de alteração do fundo, apresentada em uma reunião entre governo e embaixadores. Na época, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o governo só editará um novo decreto para alterar as normas do Fundo Amazônia quando houver um acordo entre "todas as partes".

Nas entrelinhas do documento, onde os protocolos diplomáticos foram respeitados, a resposta dada pelos embaixadores parece não deixar dúvidas: Noruega e Alemanha, cujas doações somam 99% do fundo, rejeitaram as propostas apresentadas pelo governo para mudar a estrutura do comitê organizador e destinar parte dos recursos para indenizações de proprietários rurais situados em unidades de conservação.

O texto apresenta resultados da redução do desmatamento da Amazônia nos últimos 15 anos para, em seguida, dizer que "a experiência brasileira mostra que governos sozinhos não conseguem reduzir o desmatamento" e que isso se dá devido ao "esforço conjunto entre autoridades públicas, empresas, ONGs e comunidades locais", uma referência à tentativa de Salles de alterar a composição do Comitê do Fundo Amazônia (Cofa) e aumentar a participação do governo.

As embaixadas defendem a competência e independência do BNDES na gerência do fundo, dizendo que isso elimina qualquer conflito de interesse.

Ao fim do texto, a carta diz que será sobre estes parâmetros que os governos da Alemanha e da Noruega vão avaliar as propostas de mudança no Fundo da Amazônia e dizem esperar que a estrutura se mantenha.

"É dentro desses parâmetros que os governos da Alemanha e da Noruega avaliarão as mudanças propostas para a governança do Fundo Amazônia. Nenhuma das auditorias financeiras ou de impacto realizadas descobriu quaisquer atos ilícitos ou má administração dos recursos do fundo. Na ausência de quaisquer mudanças acordadas na governança do Fundo Amazônia, esperamos, portanto, que o BNDES continue a administrar o Fundo e aprovar projetos em andamento, de acordo com os acordos e diretrizes existentes. Acreditamos também que melhorar ainda mais a eficiência, o impacto e o bem-estar são abordados dentro da estrutura de governança existente", finalizam.

Questionados, Itamaraty, Planalto, BNDES e Ministério do Meio Ambiente, não se pronunciaram até 11h30.

O Fundo Amazônia foi criado em 2008 para receber doações para a conservação da floresta. Ele é gerido pelo BNDES e tem projetos sobre redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal. O Fundo Amazônia tem contratos com ONGs e entes governamentais, como estados e municípios.

Em maio, a chefe do departamento responsável pelo Fundo Amazônia no BNDES foi afastada após o ministro Ricardo Salles anunciar que o Ministério do Meio Ambiente havia encontrado indícios de irregularidades e "inconsistências" em contratos que recebem apoio do fundo. No entanto, o ministério não divulgou a proporção exata de contratos de ONGs e de entes governamentais entre o total analisado. Também não foram divulgados os critérios para a seleção dos contratos verificados.

11/06/2019
André Trigueiro
Pós-graduado em gestão ambiental pela Coppe/UFRJ e professor de jornalismo ambiental da PUC-RJ. É jornalista da TV Globo e comentarista da Rádio CBN


https://g1.globo.com/.../noruega-e-alemanha-recusam-proposta-de-mudanca-do-govern..

terça-feira, 11 de junho de 2019

EM CARTA, NORUEGA E ALEMANHA DEFENDEM A GOVERNANÇA DO FUNDO AMAZÔNIA

Íntegra da carta da Noruega e Alemanha, em inglês, ao ministro do Meio Ambiente, 
Ricardo Salles, e ao ministro da Secretaria de Governo, o general Santos Cruz
Foto: Reprodução/Blog do André Trigueiro/G1

Brasília, 05.06.2019
Re: Fundo Amazônia

Caro Ministro Salles
Prezado Ministro Santos Cruz

Ministro Ricardo Salles (MMA)
Ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria do Governo / Casa Civil)
Ministro Tereza Cristina (MAPA)
Ministro Paulo Guedes (MEC)
Embaixador Ruy Carlos Pereira (Itamaraty / ABC)
Presidente Joaquim Levy (BNDES)

Referimo-nos à sua carta de 30 de maio de 2019 e agradecemos o interesse do governo brasileiro em melhorar ainda mais a eficiência e o impacto do Fundo Amazônia. Os governos alemão e norueguês continuam a se esforçar para garantir que os fundos que doamos por meio de acordos de colaboração internacional realmente contribuam para alcançar os resultados pretendidos.

No caso do Fundo Amazônia, a meta primordial do Fundo é contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa por desmatamento e degradação florestal. Os objetivos dos projetos apoiados são prevenir, monitorar e combater o desmatamento e promover a conservação e o uso sustentável do bioma amazônico. Permanecemos totalmente abertos para discutir propostas que possam contribuir para fortalecer esse efeito.

Observamos ainda que as doações norueguesas e alemãs para o Fundo Amazônia devem ser “adicionais às significativas contribuições orçamentárias do Governo Federal brasileiro em atividades de redução do desmatamento”.

Os resultados do Brasil na redução do desmatamento e no desenvolvimento sustentável da Amazônia nos últimos quinze anos são uma inspiração para o mundo. Contribui para a redução das emissões de CO2 e é, portanto, um instrumento poderoso para reduzir as alterações climáticas. Seus governos ”O sucesso contínuo nesse esforço de conservação é fundamental para a prosperidade sustentável e o bem-estar dos cidadãos no Brasil e no mundo. Acreditamos que os resultados alcançados no Brasil devem ser reconhecidos e recompensados, e estamos prontos para continuar nosso apoio ao Fundo Amazônia.

Como a experiência brasileira mostrou, os governos sozinhos não conseguem reduzir o desmatamento. É um esforço conjunto de autoridades públicas, empresas privadas; organizações não-governamentais, comunidades locais e outros. O Fundo Amazônia foi criado para apoiar esses amplos esforços para reduzir o desmatamento, seja em nível federal, estadual ou municipal, em comunidades florestais locais ou por meio de cadeias de fornecimento. Estes são também a essência do  padrão  em nossa colaboração de desenvolvimento em todo o mundo.

O modelo de governança do Fundo Amazônia reflete esses esforços conjuntos necessários para reduzir o desmatamento e desenvolver de forma sustentável a Amazônia. O comitê gestor do Fundo (COFA) tem ampla participação do governo federal, dos governos estaduais e da sociedade civil. Toma decisões por consenso entre os três grupos. A governança do Fundo segue as melhores práticas globais de governo aberto e participação democrática.

Os governos estaduais e a sociedade civil que participam do COFA têm experiência direta com os esforços para reduzir o desmatamento e fortalecer o uso sustentável da floresta. Isso permite que eles forneçam informações valiosas para definir as prioridades e os critérios do Fundo. Ter uma representação diversificada e equilibrada das autoridades e da sociedade civil no COFA também contribui para aumentar a transparência das informações e a responsabilidade de tomada de decisões.

A competência e independência do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) na gestão do Fundo é fundamental. Para evitar qualquer potencial conflito de interesses, o BNDES - e não o COFA - avalia e aprova projetos. Anualmente, a gestão do Fundo I pelo BNDES está sujeita a auditorias financeiras e avaliações de impacto, realizadas de acordo com padrões internacionais. Até agora, essas auditorias e avaliações foram unânimes em seu reconhecimento geral do uso eficiente de recursos do Fundo Amazônia e de impacis mensuráveis que reduziram o desmatamento. O BNDES tem consistentemente considerado as recomendações dessas auditorias para melhorar ainda mais a eficácia e o impacto do fundo.

A estrutura de governança do COFA serviu bem ao Fundo Amazônia por mais de 10 anos. No mesmo período, os governos da Alemanha e da Noruega doaram mais de R $ 3,3 bilhões ao Fundo. A estabilidade e a transparência dos marcos regulatórios e dos processos de tomada de decisão é o que incute a confiança necessária que permite que doadores e investidores continuem fazendo esse tipo de investimentos e parcerias de longo prazo.

É dentro desses parâmetros que os governos da Alemanha e da Noruega avaliarão as mudanças propostas para a governança do Fundo Amazônia.

Nenhuma das auditorias financeiras ou de impacto realizadas descobriu quaisquer atos ilícitos ou má administração dos recursos do fundo. Na ausência de quaisquer mudanças acordadas na governança do Fundo Amazônia, esperamos, portanto, que o BNDES continue a administrar o Fundo e aprovar projetos em andamento, de acordo com os acordos e diretrizes existentes. Acreditamos também que melhorar ainda mais a eficiência, o impacto e o bem-estar são abordados dentro da estrutura de governança existente.

Com os melhores diálogos para um diálogo e parceria estreitos e contínuos,

Nils Gunneng, Georg Witschel
Embaixador da Noruega Embaixador da Alemanha

To:
Minister Ricardo Salles (MMA)
Minister Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaría do Governo / Casa Civil) Copy:
Minister Tereza Cristina (MAPA)
Minister Paulo Guedes (MEC)
Ambassador Ruy Carlos Pereira (Itamaraty / ABC)
President Joaquim Levy (BNDES)

Brasilia, 05.06.2019
Re: The Amazon Fund

Dear Minister Salles,
Dear Minister Santos Cruz,

We refer to your letter dated 30” May 2019, and appreciate the interest of the Brazilian government in further improving the efficiency and impact of the Amazon Fund. The German and Norwegian governments continue to strive to ensure that the funds we donate through international collaboration agreements do indeed contribute to achieve the intended results.

In the case of the Amazon Fund, the overarching goal of the Fund is to contribute to a reduction of greenhouse gas emissions from deforestation and forest degradation. The purposes of projects supported are to prevent, monitor and combat deforestation, and to promote the conservation and sustainable use of the Amazon biome. We remain fully open to discuss proposals that can contribute to strengthening this effect.

We further note that Norwegian and German donations to the Amazon Fund should be “additional to significant budgetary contributions by the Brazilian Federal Government in deforestation-reducing activities”.

Brazils results in reducing deforestation and sustainably developing the Amazon over the last fifteen years is an inspiration to the world. It contributes to the reduction of CO2-emissions and is therefore a powerful instrument to reduce climate change. Your governments” continued success in this conservation effort is critical for the sustainable prosperity and well-being of citizens in.Brazil, and worldwide. We believe that Brazil’s achieved results should be recognized and rewarded, and are ready to continue our support for the Amazon Fund.

As the Brazilian experience has shown, governments alone cannot achieve reduced deforestation. It is a joint effort of public authorities, private companies; non-governmental organizations, local communities and others. The Amazon Fund was set up to support these broad efforts to reduce deforestation, whether at the federal, state or municipal level, in local forest communities, or through supply chains. These are also essentia] standards in our development collaboration worldwide.

The governance model of the Amazon Fund reflects these concerted efforts needed to reduce deforestation and sustainably develop the Amazon. The steering committee of the Fund (COFA) has a broad participation of the federal government, state governments and civil society. It makes decisions by consensus between the three groups. The governance of the Fund follows global best practices for open government and democratic participation.

The state governments and civil society who participate in the COFA have direct experience with efforts to reduce deforestation and strengthen the sustainable use of the forest. This allows them to give valuable input to defining the priorities and criteria of the Fund. Having a diverse and balanced representation of authorities and civil society on the COFA also contributes to increased transparency of information and accountability of decision-makineg.

The competence and independence of the Brazilian National Development Bank (BNDES) in managing the Fund is key. To avoid any potential conflict of interest, BNDES – not COFA — evaluates and approves projects. Every year, BNDES management of the Fund i is subject to financial audits and impact evaluations, carried out according to international standards. So far, these audits and evaluations have been unanimous in their general recognition of the Amazon Fund’s efficient use of resources and measurable impacis ôn reducing deforestation. BNDES has consistently considered the recommendations of these audits to further improve effectiveness and impact of the fund.

The governance structure of COFA has served the Amazon Fund well for more than 10 years. Over the same period, the Governments of Germany and Norway have donated more than R$ 3.3 billion to the Fund. The stability and transparency of regulatory frameworks and decision-making processes is what instils the necessary confidence that allows donors and investors to continue making these kind of long- term investments and partnerships.

It is within these parameters that the Governments of Germany and Norway will assess the proposed changes to the governance of the Amazon Fund.

None of the financial or impact audits carried out have discovered any unlawful acts or mismanagement of fund resources. In the absence of any agreed changes to the governance of the Amazon Fund, we therefore expect BNDES to continue to manage the Fund and approve projects in the pipeline, according to existing agreements and guidelines. We also believe that further improving the efficiency, impact and +he well addressed within the existing governance structure.

With the best dlishes for a continued close dialogue and partnership,

Nils Gunneng , Georg Witschel
Ambassador of Norway Ambassador of Germany

https://amazonia.org.br/.../noruega-e-alemanha-se-posicionam-contra-a-proposta-de-...

segunda-feira, 10 de junho de 2019

AMAZÔNIA MINEIRA

Para quem conhece o interior “montanhoso” de Minas Gerais, onde a temperatura é amena, até faz frio, fica difícil imaginar uma floresta quente e úmida ali, com características parecidas às da Amazônia ou da Mata Atlântica. Uma pesquisa realizada na Unicamp, no Instituto de Geociências (IG), analisou fósseis de plantas que existiram no centro-sul do Estado, para reconstruir como era o clima da região há cerca de 30 milhões de anos. Pois a “Amazônia mineira” que existiu ali, que não é a floresta Amazônica de hoje, mas uma ancestral da Mata Atlântica, pode ter registrado temperatura média anual de até 28º C e grande concentração de chuvas.

A constatação faz parte da tese de doutorado do biólogo Jean Carlo Mari Fanton, realizada na área de paleobotânica sob a orientação da professora Fresia Soledad Ricardi Torres Branco, na pós-graduação do Instituto de Geociências da Unicamp, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Paleobotânica é uma das subdivisões da paleontologia, voltada ao estudo dos fósseis de plantas.

Durante a pesquisa, foram analisados 64 fósseis de folhas de 25 tipos diferentes de plantas angiospermas (plantas com sementes protegidas por frutos) da região das bacias de Gandarela e Fonseca (veja mapa nesta página), entre as cidades de Ouro Preto, Mariana e Belo Horizonte, perto da Serra do Caraça. O material faz parte dos acervos do Museu de Ciências da Terra, do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM-RJ), e do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mas também foram realizadas novas coletas de fósseis na região estudada. As análises foram realizadas com o apoio de equipamentos do IG, em Campinas.

Trata-se de uma região com potencial paleontológico e ainda pouco estudada, explica o autor, ao justificar a escolha da área para o trabalho de doutorado. As folhas fósseis ficaram preservadas em depósitos de rios e lagos, resultado de um processo especial e natural de preservação que só ocorre sob determinadas condições. Durante as décadas de 30, 60 e 90, foram realizados trabalhos nessa localidade, o que resultou na coleta dos principais fósseis considerados para a pesquisa. “Esse tipo de estudo é importante para conseguir entender o nosso clima de hoje em dia e tentar fazer previsões, cenários futuros, sobre as mudanças climáticas. Esta discussão é pertinente pois a humanidade está queimando combustíveis fósseis em um ritmo acelerado, sem conhecer muito bem as consequências deste aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera. Fazemos isso por nossa própria conta e risco.”


O biólogo escolheu estudar as angiospermas porque “várias famílias deste grupo estão associadas a condições específicas, tornando-as bons indicadores climáticos, como é o caso das famílias tropicais”. As angiospermas formam hoje o maior grupo de plantas, com mais de 250 mil espécies estimadas, vivendo em todos os tipos de ambientes. Mas a sua maior diversidade é encontrada justamente nas florestas da região tropical.

Há 30 milhões de anos (na transição da época do Eoceno para o Oligoceno), a disposição dos continentes era outra (esqueça o mapa que está na sua cabeça): a Cordilheira dos Andes estava se levantando (soerguendo), importantes rios corriam para o Oceano Pacífico, as Américas do Norte e do Sul estavam separadas (o istmo do Panamá ainda não existia), não havia tanto gelo nos polos, o mar avançava sobre regiões do Norte e Nordeste do Brasil e a Antártica tinha acabado de se desconectar da América do Sul “A dinâmica do clima era diferente naquela época”, explica o biólogo. Além disso, havia grande concentração na atmosfera de gás carbônico (CO2), resultado da intensa atividade tectônica daquele período.

Os fósseis coletados foram analisados com estereomicroscópios e microscópios. Os detalhes das imagens (veja ao lado) impressionam. É possível ver a cutícula das folhas: glândulas e pelos, por exemplo. Verdadeiros “carimbos” e “impressões” foram deixados nas rochas, revelando, em detalhes, a morfologia da epiderme, além da forma de suas folhas. “A estrutura epidérmica auxilia a entender o ambiente no qual a planta habitou. As formas encontradas foram moldadas pela seleção natural, para que a espécie vivesse o melhor possível naquele ambiente”, explica o autor da pesquisa.

No caso da pesquisa realizada na Unicamp, a existência de folhas grandes e largas, com ápice estreito e alongado, indica que chovia muito na região. A análise decorre da comparação com espécies das mesmas famílias e que existem hoje – ao longo da evolução, as formas e estruturas mais vantajosas foram sendo selecionadas. Em florestas tropicais úmidas, por exemplo, as plantas têm folhas em formato de “pingadeiras” para conduzir as gotas de água até o solo, para serem usadas depois, diferentemente do que acontece com plantas de regiões mais frias, como tundras.

Na pesquisa, o biólogo analisou o tipo morfológico das folhas, as nervuras encontradas, entre outros elementos, para identificar a família à qual pertenceram e, para estimar as temperaturas da época, utilizou a análise da margem foliar, comparando essas folhas fósseis com as folhas de outras espécies de angiospermas semelhantes, que existem em dada localidade conforme algumas condições específicas de temperatura.

Embora as plantas do passado guardem diferenças em relação às de hoje, elas compartilham ancestrais com várias espécies que atualmente povoam a Mata Atlântica, das famílias das mirtáceas (como as jabuticabeiras e as goiabeiras) e das leguminosas (como o guapuruvu e o pau-brasil), entre outras. “Provavelmente, tínhamos ali em Minas Gerais uma floresta sempre verde, parecida com a floresta Amazônica, ou com a floresta atlântica tropical ombrófila que temos aqui na metade norte do Brasil, em condições quentes e úmidas”, afirma o biólogo.

Com a elevação de parte do território brasileiro, entre as transformações registradas ao longo de milhares de anos, a região centro-sul do Estado de Minas Gerais ficou mais fria e menos úmida – surgiram serras e cerrados. Hoje, a média anual de temperatura ali varia de 17 a 22o C, bem abaixo da possível média de 28o de 30 milhões de anos atrás, de acordo com o estudo da Unicamp. “Naquela época, provavelmente, existiram florestas tropicais úmidas na região Sudeste. Isso pelo tipo de folhas que analisei, do mesmo tipo morfológico que encontramos na região Amazônica. Não era a Amazônia moderna, mas sim uma floresta com características ambientais semelhantes, em outra região do país, e precursora da atual Mata Atlântica”, explica o autor da tese.

Segundo a Paleobotânica, o registro mais antigo de angiospermas é de 140 milhões de anos atrás, quando ainda os dinossauros e as gimnospermas (plantas com semente desprotegida, como as coníferas) reinavam absolutos na Terra. Somente entre 100 e 60 milhões de anos atrás é que as angiospermas (com os mamíferos) passaram a dominar a maioria dos ambientes. Não é de hoje que elas ajudam pesquisadores a “viajar no tempo” em busca de pistas e evidências sobre as mudanças climáticas ocorridas no planeta. Por exemplo, a localização de vestígios de uma floresta em uma área, hoje, desértica, pode ajudar a avaliar as dinâmicas de transformação que ocorreram naquela região há milhões de anos, alterando drasticamente o cenário.


Texto: Alessandro Silva    
Fotos: Antônio Scarpinetti Reprodução/Divulgação
Edição de Imagens: Diana Melo

Publicação
Tese: “Reconstruindo as florestas tropicais úmidas do Eoceno-Oligoceno do sudeste do Brasil (bacias de Fonseca e Gandarela, Minas Gerais) com folhas de Fabaceae, Myrtaceae e outras angiospermas: origens da Mata Atlântica”
Autor: Jean Carlo Mari Fanton
Orientadora: Fresia Soledad Ricardi Torres Branco
Unidade: Instituto de Geociências (IG)
Financiamento: Fapesp

https://www.unicamp.br/unicamp/ju/.../biologo-encontra-vestigios-da-amazonia-minei..

quarta-feira, 5 de junho de 2019

FLORESTAS ABSORVEM METAIS PESADOS E TORNA O AR MAIS LIMPO


Mata absorve  chumbo, zinco, cromo e cádmio 
despejados no ambiente sobretudo pelo trânsito na metrópole.

RIO - Da Pedra da Proa, um recanto desconhecido pela maioria dos cariocas, pode se ver reunidos numa só moldura os principais cartões-postais do Rio de Janeiro . Estão lá o Cristo Redentor , o Pão de Açúcar , a Baía da Guanabara , a Lagoa , as praias do Leme ao Pontal . Mas é a Floresta da Tijuca , que cerca a Proa, que chama a atenção de especialistas.

Nela, a expressão " pulmão do Rio " cabe sem exagero. Um estudo da PUC-Rio mostra que a floresta absorve os metais pesados despejados pelo trânsito e torna o ar mais limpo. Um serviço ambiental tão pouco conhecido quanto a Proa e que dá ao Rio, mais do que a qualquer outra cidade do mundo, motivos para celebrar e refletir no Dia Mundial do Meio Ambiente .

Com suas montanhas, florestas, manguezais e praias, o Rio é a metrópole com maior capital natural e tem a maior cobertura verde entre as grandes cidades do planeta, diz Fabio Scarano, professor da UFRJ e coordenador geral da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.

São 28% do território só de florestas (Tijuca, Pedra Branca e Mendanha), sem contar jardins e parques públicos. Nenhuma outra grande cidade tem tanto verde e o valoriza tão pouco, destaca ele.

Filtro natural carioca
O grupo de Adriana Gioda, do Departamento de Química da PUC , investigou o papel da floresta na absorção de metais pesados, como chumbo, zinco, cromo e cádmio. No Rio, as emissões de veículos são as principais fontes dessa forma de poluição , nociva para pulmões e coração. O grupo usou espécies de plantas da floresta para monitorar a poluição e viu que os níveis de poluição são menores na mata. O estudo ainda está em andamento e promete revelar ainda mais sobre o pulmão do Rio.

— A floresta a torna o Rio mais respirável — diz Adriana Gioda, que tem o projeto de pesquisa apoiado pela Faperj.

O professor do Departamento de Geografia da PUC Rogério Ribeiro de Oliveira, especialista na Floresta da Tijuca, acrescenta que além de contribuir para regular o clima local, as matas cariocas protegem a cidade da chuva ácida e ajudam a eleminar a poluição do ar. Não apenas, a Tijuca, mas também as florestas da Pedra Banca e do Mendanha são essenciais para a cidade, destaca.

SAIBA MAIS: Paisagem extinta da Mata Atlântica está de volta ao Rio

Coorganizador do livro "Rio de Janeiro capital natural do Brasil", Rodrigo Medeiros, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, salienta que a falta de planejamento e governança histórica, agravada recentemente, torna a cidade vulnerável a desmoronamentos, inundações e proliferação de doenças transmitidas por mosquitos, todos problemas que poderiam ser amenizados ou evitados com boa gestão ambiental.

— O Rio não é uma cidade com uma floresta dentro. É uma floresta com uma cidade no meio. E precisa se reconhecer como tal. Temos um imenso patrimônio natural e não o usamos a nosso favor. A má gestão e a destruição das matas agravam em vez de evitar nossos problemas crônicos de deslizamentos e inundações. Toda vez que invadem e destroem um pedaço de mata roubam do carioca uma parte de seu patrimônio, sem o qual o Rio não seria habitável — afirma Medeiros.

Copa da floresta 'segura' chuva
Já se sabia que a floresta é importante para evitar desmoronamentos e amenizar o calor. Estudos do grupo de Ana Luiza Coelho Netto, do Departamento de Geografia da UFRJ, estimaram que a copa da floresta intercepta cerca de 20% da água das chuvas. Sem ela, as enchentes e desmoronamentos seriam mais destrutivos. Especialistas dizem que há soluções na própria natureza para combater mazelas urbanas. Os problemas são velhos, mas nunca foram tão graves quanto agora.

— A crise climática que trouxe chuvas intensas frequentes e a má gestão da cidade são agravantes. E a solução não é a velha e ineficaz receita de sempre. Obras de engenharia não vão resolver sozinhas desmoronamentos e enchentes. A solução está em planejar levando em conta o capital natural . Há conhecimento. Falta vontade política — diz Medeiros.

Frequentador assíduo das matas cariocas, Horácio Ragucci, presidente do Clube Excursionista Brasileiro (CEB) e coordenador-geral da Trilha Transcarioca, lembra que as matas prestam ainda mais serviços, ao oferecer lazer e bem-estar. Ele costuma apreciar a paisagem da Proa para relaxar:

— É um patrimônio que só o Rio tem e quase não usufrui e conhece. Há cem anos o CEB já protestava contra invasões e o mau uso da floresta. Está mais do que na hora de abraçar esse patrimônio.

 Jornal O Globo