Beija-flores se destacam por seu poder de sustentação no ar, o que lhes permite ficar quase imóveis diante de flores e se banquetear com seu néctar. No entanto, como essas criaturas conseguem se manter suspensas é uma questão que intriga os pesquisadores há anos.
Investigações anteriores do voo de colibris sugeriam que eles poderiam utilizar mecanismos iguais aos dos insetos, que muitas vezes também pairam e mergulham no ar. “Por ser uma ave, o beija-flor conta com a estrutura física e todas as capacidades e limitações próprias das aves. Ele não é um inseto, por isso não voa exatamente como um deles”, esclarece Douglas Warrick, da Oregon State University
Para desvendar os segredos do voo dos beija-flores, Warrick e seus colegas aplicaram uma técnica chamada velocimetria por imagem digital de partículas (DPIV, na sigla em inglês) normalmente utilizada por engenheiros. A DPIV emprega partículas microscópicas de óleo, suficientemente leves para oscilar quando submetidas às mais sutis variações do ar. Enquanto um raio laser pulsante ilumina as gotículas por breves períodos, uma câmera grava o movimento. Com base nas imagens obtidas, os cientistas determinam com precisão como os beija-flores agitam o ar com suas asas.
Os resultados indicam que 25% de sua capacidade de sustentação resultam do movimento ascendente das asas; os outros 75% provêm das batidas descendentes. No caso dos insetos, esta proporção é mais equilibrada: cada movimento gera exatos 50% da força de flutuação. Em outros tipos de aves, a sustentação é mantida somente pelos movimentos descendentes das asas. “O beija-flor assumiu o corpo e a maioria das limitações de uma ave, adaptou-as ao seu estilo e aproveitou alguns truques aerodinâmicos dos insetos para conquistar sua capacidade de sustentação”, comenta Warrick.
Para atrair a atenção das fêmeas, os machos da espécie Anna (Calypte anna) mergulham a velocidades incríveis de 385 comprimentos de corpo por segundo – e realizam várias manobras radicais de voo –, relata um novo estudo, publicado pela revista britânica Proceedings of the Royal Society B.
O autor do estudo, Christopher Clark, doutorando do Laboratório de Voo Animal, da University of California, em Berkeley, registrou o mergulho galanteador das aves. Para isso, ele utilizou câmeras de vídeo de alta velocidade e constatou que o movimento das aves lembra a forma de um “J” inclinado.
Depois de imprimir uma velocidade de até 273 metros por segundo, a minúscula ave estende suas asas e subitamente arremete para cima – uma manobra que o submete a nove vezes o valor de aceleração da gravidade, g. Para se ter uma noção dessa força, pilotos de aviões de caça em geral desmaiam a velocidades em torno de 7 g.
A aceleração máxima do beija-flor supera qualquer outra manobra aérea (voluntária) registrada em vertebrados, observa Clark, e sua velocidade também bate o recorde dos vertebrados relativamente ao seu tamanho, incluindo o impressionante mergulho de alta altitude das andorinhas, que é de 350 comprimentos de corpo por segundo. Tudo isso em uma ave que mede de 9 a 10 cm de comprimento e se alimenta apenas de néctar. Scientific American
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