terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

GOLFINHO CONSEGUE FICAR ALERTA POR, NO MÍNIMO, 15 DIAS

Os golfinhos são capazes de dormir com uma metade do cérebro de cada vez. Desse modo, eles garantem que não morrem afogados (Yoshikazu Tsuno/AFP) .

Uma nova pesquisa publicada nesta quarta-feira na revista PLOS ONE mostrou que o golfinho é capaz de permanecer alerta por 15 dias seguidos, sem dar nenhum sinal de fadiga. E isso não quer dizer que o animal permaneça o tempo inteiro acordado. Na verdade, os golfinhos possuem uma habilidade conhecida como sono uni-hemisférico - eles são capazes de dormir com uma metade do cérebro de cada vez. Enquanto um hemisfério cerebral descansa, o outro permanece alerta.

Até agora, os pesquisadores pensavam que essa habilidade havia sido selecionada pela evolução para permitir que o golfinho fosse capaz de respirar enquanto descansa. Como o animal precisa subir até a superfície para respirar, ele poderia morrer afogado se dormisse de modo contínuo. Outros animais possuem a mesma habilidade, como botos, focas e até alguns pássaros, como o melro preto.

A nova pesquisa coordenada por Brian Branstetter, biólogo da Fundação Nacional de Mamíferos Marinhos dos Estados Unidos, sugere que a habilidade também está relacionada ao fato de manter o animal alerta – e protegido contra predadores - por boa parte do tempo.

Radar – Por conta da baixa visibilidade no mar, os golfinhos possuem uma habilidade conhecida com ecolocalização para investigar o ambiente à sua volta. Como se fosse um radar, o animal produz pequenos estalidos e escuta o eco que retorna do oceano, para determinar a localização e a identidade de objetos que estão ao seu redor.

A intenção do grupo de pesquisadores foi descobrir por quanto tempo essa habilidade permanece ativa, mostrando que o animal estava alerta. Para isso, eles estudaram dois golfinhos da espécie Tursiops truncatus, um macho e uma fêmea, que foram treinados para apertar um pedal cada vez que detectassem um objeto na água. De início, eles foram submetidos a três rodadas de teste, que duravam cinco dias ininterruptos. Mesmo com o passar dos dias, nenhum dos animais mostrou uma queda no rendimento. O golfinho macho detectou de modo preciso entre 75% e 86% dos alvos, e a fêmea detectou entre 97% e 99%.

Como teve melhor desempenho, os pesquisadores escolheram a fêmea para fazer um teste mais longo, com a intenção de avaliar sua habilidade de permanecer alerta ao longo de um mês. Na metade desse tempo, uma grande tempestade obrigou a interrupção do estudo. Mesmo assim, os pesquisadores conseguiram medir que, nesse período de quinze dias, não houve nenhuma piora no estado de alerta do animal.

Os pesquisadores concluíram que a necessidade de respirar pode realmente ter servido como o principal fator para a habilidade do sono uni-hemisférico ter sido selecionada entre os golfinhos. Mas a necessidade de permanecer vigilante contra o ataque de predadores – principalmente tubarões - pode ter exercido um papel secundário no desenvolvimento dessa característica.

Revista Veja

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