A seguir, reproduziremos um caso relatado pelo Dr. Ícaro Alves Alcântara - Médico docente da disciplina SEMIOLOGIA, UNICEUB - Centro Universitário de Brasília.
Há cerca de um ano, atendi no HFA uma senhorita dos seus "quase 30 anos”
com uma cefaléia bastante comum. A paciente relatava que já havia passado
por otorrino, oftalmo, neuro, clínico e até endocrinologista, com as prescrições
dos mais diversos tratamentos e a presunção de várias hipóteses diagnósticas,
sem qualquer melhora.
Durante sua consulta, entre várias perguntas habituais, questionei o quanto de
ÁGUA ela bebia por dia, e de que forma (ou seja, com qual periodicidade). A
mesma me afirmou que bebia pouquíssima água, porque não sentia sede, principalmente à noite.
Após várias outras perguntas, suspendi todos os medicamentos e disse-lhe
que ela precisava apenas TOMAR ÁGUA, e adequadamente. Um tanto quanto descrente, ela voltou para casa. Após apenas uma semana, retornou
contando que não sentia mais dor de cabeça, que seu intestino funcionava
melhor e que sua disposição havia melhorado. Milagre? Não, todos nós
sabemos o quanto é importante uma ingestão adequada de água diariamente,
mas quase sempre negligenciamos.
Todos os organismos vivos apresentam de 50% a 90% de água em si. O próprio corpo humano é constituído por 70% de água, que, em constante movimento,
hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutrientes, elimina toxinas e repõe
energia... entre inúmeras outras utilidades!
Aconselha-se que se tome 1 copo de 200ml de água por hora em que se estiver acordado. Assim sendo, a ingestão de água deve ser constante e rigorosa...
independente da sede. E não adianta deixar para tomar os 2 a 3 litros, necessários diariamente, de uma só vez.
Estudos mostram que o estômago comporta apenas 12ml/kg/hora; ou seja, um adulto não conseguirá tomar mais de um litro de uma só vez, sem "passar mal". Se você ainda não se convenceu, observe o que a escassez de água pode provocar:
Cabelos falta de vitalidade
Couro cabeludo descamação
Concentração distúrbios
Ao sono e à memória
diminuição da perda da disposição para realização das atividades diárias, em virtude da circulação cerebral mais lenta, pela baixa quantidade de água, que faz o sangue ficar mais "viscoso" e "grosso". ressecamento dos olhos e dos tecidos das vias aéreas, que, com a baixa umidade, podem sofrer lesões com mais facilidade, por ficarem mais frágeis, tornando-se assim mais propensos a inflamações e infecções; conjuntivites; sinusites; bronquites; pneumonias; lesões da pele, com aparecimento de cravos e espinhas pela não eliminação adequada das impurezas, via pele, e seu acúmulo local;queda e enfraquecimento dos pelos; baixa produção de saliva, e mau hálito; distúrbio no aproveitamento adequado de vitaminas e sais minerais, com excesso em alguns lugares e falta em outros, levando a cãibras, dormências, perdas de força muscular e problemas ósseos e dentários; respiração dificultada, por vezes levando à falta de ar, sobretudo durante exercícios físicos; constipação intestinal e, por vezes, sangramento retal (devido a fezes ressecadas e endurecidas, que lesam o tecido intestinal ao se moverem em seu interior); esse problema se agrava se uma pessoa ingere muita fibra (bom!), mas pouca água; impotência ou disfunções eréteis ou, no caso das mulheres, sangramentos vaginais. Há água nos alimentos, mesmo os sólidos; mesmo assim, a complementação diária de água deve ser feita. Uma forma de se observar se a quantidade de água está adequada, é observar a cor e o odor da urina: se muito fortes, indicam que pouca água está sendo tomada. Vale lembrar que é sempre bom tomar água quando se está ingerindo alguma bebida alcoólica, mesmo cerveja. Nunca esquecer que o álcool é diurético. Evite também a ingestão de água pelo menos meia hora antes das refeições, e durante as mesmas, para não prejudicar a digestão.
Há trabalhos científicos evidenciando que muitos tratamentos com medicações orais, sobretudo uso de anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal e anti-hipertensivos não alcançam o devido sucesso em virtude da baixa ingestão de água por parte do paciente; isto se deveria tanto à má circulação da substância pelo corpo quanto à má absorção da mesma no intestino, processo este dependente da água como veículo de transporte para a substância.
Ícaro Alves Alcântara
Revista UNICEUB - Ano IV - Abril 2003 - Nº 8
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