As gotinhas em suspensas no no ar, que formam a neblina, são interceptadas pelas redes, nas quais elas se agregam e acabam formando um fio de água que pode ser transportado ou armazenado. O rendimento médio é de 20 litros de água por dia e por metro quadrado de rede. O sistema é comercializado pela Natural Aqua, uma pequena empresa instalada nas ilhas Canárias.
A técnica na qual esses captadores são inspirados é ancestral. "A existência de árvores-fontes foi mencionada pela primeira vez no século 15, por ocasião da conquista das Canárias pelos conquistadores da Castela", explica Alain Gioda, um historiador do clima instalado no Peru, membro da unidade das ciências das águas no Instituto de Pesquisas e de Desenvolvimento (cuja sigla em francês é IRD). Ele estudou esta técnica e contribuiu para difundi-la. "Na ocasão, os conquistadores constataram que os indigenas utilizavam árvores plantadas na frente de paredes rochosas para recolherem água". O método perdurou. Inumeras espécies diferentes podem ser utilizadas; o que importa é a localização adequada da árvore, pois esta que garante o rendimento em água.
As primeiras redes de plástico inspiradas nesta técnica apareceram durante os anos 1960, mas elas se deterioravam facilmente. As malhas que foram elaboradas pela Natural Aqua tm uma duração de vida de cinco anos, enquanto as estacas de aço inox aguentam cerca de dez anos no terreno. Segundo Alain Gioda, as vantagens dos captadores de bruma são numerosas: eles permitem alimentar em água de boa qualidade aldeias isoladas, e dispensam a construção de infra-estruturas caras.
Elas podem igualmente servir para o reflorestamento de áreas desertificadas. "Cada rede colocada atrás de cada árvore proporciona um acrescimo em água importante", explica o pesquisador. O custo é limitado (algumas centenas de euros para um aparelho simples). O captor, que não requer nenhuma manutenção importante, é silencioso e não consome energia alguma. "O principal perigo que nós enfrentamos é o vandalismo", prossegue Alain Gioda. Além disso, ventos muito violentos tambem poderiam destruir o dispositivo.
As zonas propicias para a instalação de captadores são as orlas ocidentais dos continentes e as ilhas brumosas, porém carentes de chuvas. A pequena empresa Aqua Natural comercializa a técnica nos países desenvolvidos. Uma fundação batizada de Agua sin Fronteras, que acaba de ser criada, permitirá difundir os captadores nos países em desenvolvimento, fornecendo gratuitamente as plantas para as comunidades interessadas.
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