Depois disso, o rio ainda não terminou sua tarefa e deve passar pelas máquinas de apisoamento que estão instaladas depois do moinho de grãos e, se antes o rio realizava sua obra para a preparação do alimento dos confrades, agora lhes serve na produção dos tecidos, obedecendo docilmente.
Ergue e abaixa os pesados blocos de madeira das máquinas de apisoamento [ou pisões, ou se preferirem, martelos, ou ainda pés de madeira: este último nome parece mais adequado, pois os apisoadores socam com os pés, saltando de modo rítmico].
De fato, quantos dorsos de cavalo, quantos braços humanos a faina do apisoamento teria arrasado! Mas desta faina nos liberta o rio e dela nos faz dádiva; ademais, sem o rio, como poderíamos algum dia nos vestir e matar a fome? O rio põe tudo em comum e, por seu trabalho, realizado sob o sol escaldante, não pede outra recompensa senão a permissão de seguir adiante, depois de ter cumprido todas as suas tarefas com rapidez e solicitude.
Além disso, quando a energia do rio faz girarem velozmente todas as rodas, ele gera espuma e parece que moeu a si mesmo e ficou mais cansado. Depois, ele entra no curtume, ode dedica seus cuidados e seu trabalho à preparação do material necessário para os calçados dos monges; divide-se, então, em vários pequenos rios, e em sua corrida apressada passa por inúmeros compartimentos, chegando até onde os seus serviços são necessários para os mais diversos escopos: cozinhar, girar as engrenagens, fracionar, banhar, lavar, moer, suavizar, sempre oferecendo de bom grado os seus serviços; por fim, para merecer completamente os agradecimentos e para não deixar nada incompleto, transporta consigo os detritos, deixando tudo limpo.
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