domingo, 16 de setembro de 2012

CAIXA DE PAPELÃO TETRA PAK

As caixinhas longa vida eram, até poucos anos atrás, um problemão para a Tetra Pak, empresa líder no processamento e envase de alimentos. Não se conhecia, até então, uma maneira eficaz de reciclar as milhares de embalagens pós-consumo despejadas no mercado todos os anos – e devolver para a origem da cadeia produtiva, em forma de matéria-prima, cada um dos materiais que compõem a embalagem (alumínio, papelão e plástico), solução considerada o auge da eficiência ambiental e financeira. Antes era possível isolar das caixinhas só o papel, mantendo o alumínio e o plástico unidos.
A cada ano, a produção de caixinhas para o envase de leite, molho de tomate, sucos e iogurtes crescia a uma média de 5% só no Brasil. E o nó ambiental da Tetra Pak se multiplicava nas mesmas proporções
A empresa tinha dois desafios pela frente, em sua caminhada para desatolar os aterros sanitários e melhorar a imagem diante dos consumidores conscientes. O primeiro era desenvolver uma tecnologia que permitisse separar o alumínio do plástico. O segundo, agregar valor à embalagem. O preço pago pela tonelada de caixinha era, naquela época, só 20% do valor do papelão ondulado. Não interessava aos recicladores, portanto, separá-las para vender
Foi aí que, em 1995, o engenheiro químico Fernando von Zuben chegou para resolver a vida da Tetra Pak no mundo. Com jeitão de cientista maluco, esse paulistano de 52 anos conseguiu, pela primeira vez, a separação total do alumínio e do plástico contidos nas caixinhas, antes um pesadelo para a reciclagem.
Até obter a fórmula inovadora, Von Zuben quebrou a cabeça durante sete anos. Pediu ajuda a cientistas russos e firmou parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo. Depois de várias tentativas (e muitos erros), chegou à tecnologia a plasma, inédita no mundo, que revolucionou o modelo atual de reciclagem ao separar os três componentes da caixinha.
A engenhoca high-tech foi desenvolvida em parceria com a produtora de alumínio Alcoa, com a fabricante de papéis Klabin e com a empresa especializada em serviços ambientais TSL Ambiental. Custou R$ 60 milhões no total, R$ 7 milhões investidos pela Tetra Pak.
O alumínio que sai do processo é moldado em lingotes de 25 quilos, que seguem direto para a linha de produção da Alcoa, líder de mercado nesse segmento. Pode ainda sair em pó e ser vendido para a indústria de tintas automobilísticas. O papel vira papelão reciclado na fábrica da Klabin. Já o plástico é mandado, em forma de parafina, para as mais diversas indústrias.
Além da solução a plasma, Von Zuben colocou uma série de ideias em prática para promover a reciclagem e aumentar o valor pago pela tonelada de embalagens longa vida. O primeiro passo foi o desenvolvimento do pellet, uma espécie de grão feito de alumínio e plástico com o qual é possível fabricar de telhas e vassouras a vasos e canetas esferográficas. Depois de criar novas aplicações para a embalagem, ficou mais fácil convencer os fabricantes a utilizar o material e os recicladores a juntar as caixinhas.
A inovação trouxe benefícios para a empresa, que se livrou de um problemão ambiental e se consagrou como amiga do planeta. Para o meio ambiente, ao reaproveitar materiais e evitar a retirada de mais recursos naturais da Terra. E para a cadeia produtiva em geral, uma vez que hoje muita gente vive com o dinheiro do lixo.
Mas tem um detalhe: nada disso faz sentido se você não colaborar. A batalha da Tetra Pak está só começando. Von Zuben já fez a sua parte, embora esteja longe de encarar sua missão como terminada. “Para convencer o consumidor, não basta informá-lo e educá-lo. Preciso fazer com que ele entenda que a reciclagem muda vidas e ajuda o planeta. Esse é hoje o meu desafio”, afirma.
Se você quer fazer parte desta história, basta destinar suas caixinhas no lugar certo. O site Rota da Reciclagem mostra os pontos de coleta mais próximos da sua casa.
Aline Ribeiro
colunas.revistaepoca.globo.com/

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