A imprensa albergou uma grave denúncia: a água da Amazônia está sendo contrabandeada. Seria a prova de que a pirataria chegou ao bem mais nobre da região, que acumula 12% da água superficial doce do planeta, volume que representa, por sua vez, apenas 3% de toda a água da Terra. A água está tão irregularmente concentrada que já começa a ser o móvel de disputas e guerras entre povos escassamente providos desse bem essencial à vida.
De fato, a água da bacia amazônica é cobiçada e terá importância crescente na geopolítica internacional. Devemos começar a defendê-la. Não propriamente armando tropas ou construindo muralhas da China, mas aprendendo a conhecê-la, a manejá-la e a preservá-la. É nosso mais valioso cheque a ser sacado contra o futuro. Com consciência, porém.
Só o dominaremos efetivamente esse bem se afastarmos as brumas do preconceito e a névoa do falso conhecimento. Enfrentando o desafio de frente, com vontade, determinação e lucidez. Atentos às ameaças, mas sem criar fantasmas ao meio-dia, que nos transformarão em Quixotes, sem a garantia de que teremos um Cervantes para nos garantir a imortalidade. Pode-se fazer muita besteira com a melhor das intenções.
A denúncia reproduzida pela imprensa dizia que cada navio que singra pela Amazônia tem se abastecido com 250 milhões de litros de água. A captação estaria sendo feita por petroleiros na foz do Amazonas, que tem amplitude de 300 quilômetros, difícil de fiscalizar, ou já dentro do curso de água doce. Mesmo sendo levada em estado bruto, com grande volume de partículas minerais em suspensão, além de impurezas, essa água poderia ser facilmente tratada por empresas engarrafadoras nela interessadas, tanto da Europa como do Oriente Médio.
O custo por litro tratado seria muito inferior ao custo dos processos de dessalinização de águas subterrâneas ou oceânicas. Além disso, as empresas que recebem água amazônica contrabandeada não teriam que pagar as altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus.
O exercício de simulação é interessante e devia ser aprofundado, mas é pouco provável que esse tipo de contrabando já esteja sendo praticado. Os 250 milhões de litros significam 250 mil metros cúbicos, que representam aproximadamente 250 mil toneladas. Não são tão numerosos assim os navios desse porte, nem deverão sê-lo em futuro imediato, ainda mais com o encarecimento das fontes tradicionais de energia, sobretudo o petróleo.
Os grandes petroleiros têm essa tonelagem, ou mais. Podem, no entanto, simplesmente trocar óleo por água? Sem considerar problemas de logística e de custos (deixar petróleo no Brasil, deslocando-se de onde estão as refinarias para a costa da Amazônia, e levando água como carga de retorno aos países petrolíferos), há ainda as circunstâncias envolvidas numa operação de lavagem dos tanques, coleta e transporte da água, em volume considerável, e sua comercialização. Talvez uma operação casada, considerando a quantidade de sedimentos transportados pelo Amazonas, acabasse se mostrando não só deficitária, mas infrutífera.
O que não significa que, no futuro, esse comércio não venha a se estabelecer, aproveitando-se da dilapidação dos recursos naturais da Terra e da inconsciência dos detentores de patrimônios que se tornarão cada vez mais estratégicos, como água e floresta. A denúncia de que o contrabando de água já existe, mesmo que inconsistente agora, pode se tornar profética no futuro. Isso provavelmente acontecerá se continuarmos dormindo em berço esplêndido ou levando sustos pelo aparecimento de fantasmas ao meio-dia. Impacto imediato devia ser causado pela constatação de que dos 103 comitês de bacias instalados no Brasil, nenhum se localiza na maior bacia hidrográfica do país e do mundo
www.adital.com.br
De fato, a água da bacia amazônica é cobiçada e terá importância crescente na geopolítica internacional. Devemos começar a defendê-la. Não propriamente armando tropas ou construindo muralhas da China, mas aprendendo a conhecê-la, a manejá-la e a preservá-la. É nosso mais valioso cheque a ser sacado contra o futuro. Com consciência, porém.
Só o dominaremos efetivamente esse bem se afastarmos as brumas do preconceito e a névoa do falso conhecimento. Enfrentando o desafio de frente, com vontade, determinação e lucidez. Atentos às ameaças, mas sem criar fantasmas ao meio-dia, que nos transformarão em Quixotes, sem a garantia de que teremos um Cervantes para nos garantir a imortalidade. Pode-se fazer muita besteira com a melhor das intenções.
A denúncia reproduzida pela imprensa dizia que cada navio que singra pela Amazônia tem se abastecido com 250 milhões de litros de água. A captação estaria sendo feita por petroleiros na foz do Amazonas, que tem amplitude de 300 quilômetros, difícil de fiscalizar, ou já dentro do curso de água doce. Mesmo sendo levada em estado bruto, com grande volume de partículas minerais em suspensão, além de impurezas, essa água poderia ser facilmente tratada por empresas engarrafadoras nela interessadas, tanto da Europa como do Oriente Médio.
O custo por litro tratado seria muito inferior ao custo dos processos de dessalinização de águas subterrâneas ou oceânicas. Além disso, as empresas que recebem água amazônica contrabandeada não teriam que pagar as altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus.
O exercício de simulação é interessante e devia ser aprofundado, mas é pouco provável que esse tipo de contrabando já esteja sendo praticado. Os 250 milhões de litros significam 250 mil metros cúbicos, que representam aproximadamente 250 mil toneladas. Não são tão numerosos assim os navios desse porte, nem deverão sê-lo em futuro imediato, ainda mais com o encarecimento das fontes tradicionais de energia, sobretudo o petróleo.
Os grandes petroleiros têm essa tonelagem, ou mais. Podem, no entanto, simplesmente trocar óleo por água? Sem considerar problemas de logística e de custos (deixar petróleo no Brasil, deslocando-se de onde estão as refinarias para a costa da Amazônia, e levando água como carga de retorno aos países petrolíferos), há ainda as circunstâncias envolvidas numa operação de lavagem dos tanques, coleta e transporte da água, em volume considerável, e sua comercialização. Talvez uma operação casada, considerando a quantidade de sedimentos transportados pelo Amazonas, acabasse se mostrando não só deficitária, mas infrutífera.
O que não significa que, no futuro, esse comércio não venha a se estabelecer, aproveitando-se da dilapidação dos recursos naturais da Terra e da inconsciência dos detentores de patrimônios que se tornarão cada vez mais estratégicos, como água e floresta. A denúncia de que o contrabando de água já existe, mesmo que inconsistente agora, pode se tornar profética no futuro. Isso provavelmente acontecerá se continuarmos dormindo em berço esplêndido ou levando sustos pelo aparecimento de fantasmas ao meio-dia. Impacto imediato devia ser causado pela constatação de que dos 103 comitês de bacias instalados no Brasil, nenhum se localiza na maior bacia hidrográfica do país e do mundo
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