domingo, 10 de novembro de 2019

ÚLTIMAS MENSAGENS POSTADAS 10 11 2019

GREGG BRADEN MUDANÇAS

VELA SOLAR USOU APENAS RAIOS DO SOL PARA PASSEAR AO REDOR DA TERRA


É oficial: a sonda LightSail 2, da organização espacial sem fins lucrativos Sociedade Planetária (The Planetary Society) tornou-se a primeira a orbitar a Terra usando somente energia da luz do sol.

“Ficamos muito felizes em anunciar o sucesso da missão da LightSail 2”, disse Bruce Betts, gerente do projeto e cientista-chefe da Sociedade Planetária. “Nosso critério era demonstrar a navegação solar controlada em um CubeSat, alterando a órbita da espaçonave usando apenas a pressão da luz do sol, algo que nunca foi feito antes”.

Para cima
Levaram dez anos e sete milhões de dólares em financiamento para o LightSail 2 se tornar realidade.

Lançada há quase um mês, a sonda abriu suas velas solares com sucesso semana passada e, desde então, subiu sua órbita em 1,7 quilômetros impulsionada apenas pelos fótons do sol que se refletem nelas.

Segundo Dave Spencer, um dos cientistas da missão, a LightSail 2 é controlada autonomamente por um algoritmo a bordo da sonda. Ela pode mudar de ângulo em 90 graus a cada 50 minutos, o que permite que receba energia suficiente do sol não importa em qual direção esteja.

Avanços
A LightSail não é exatamente a primeira espaçonave a ser propulsionada por energia solar – este feito cabe à sonda japonesa IKAROS, lançada em 2010.

No entanto, ela é a primeira a ser capaz de se direcionar e levantar órbita usando suas velas solares. Em comparação, a IKAROS era bem mais limitada – só podia mudar de ângulo em quatro ou cinco graus.

É claro, a LightSail ainda pode melhorar. Seu algoritmo continua sendo atualizado. Um dos desafios dos cientistas da missão, por exemplo, era refinar o momentum da sonda, controlado por uma roda.

Esta roda é usada para alterar a orientação da sonda e acelera algumas vezes por dia. Quando isso acontece, precisa ser desacelerada, o que é feito com hastes de torque eletromagnético. Em um loop dramático, isso tira temporariamente a espaçonave de sua orientação correta. Logo, os cientistas estão tentando corrigir este processo e acabaram  de baixar uma atualização no software da sonda com este propósito.

Aplicações
Por enquanto, não há como prever com exatidão quão longe a sonda ainda pode aumentar sua órbita. A densidade atmosférica nessas altitudes é muito variável e os pesquisadores da missão não sabem dizer em que ponto o arrasto atmosférico vai “vencer” a capacidade da sonda de continuar orbitando.

“Estamos aprendendo muito com a LightSail 2 agora. Embora tenhamos declarado o sucesso da missão, a LightSail 2 voará por quase mais um ano e vamos para aprender muito sobre o controle da espaçonave e o desempenho das velas nos próximos meses”, explicou Bill Nye, CEO da Sociedade Planetária, em uma coletiva de imprensa.

As lições da LightSail terão um valor científico enorme. Isso porque, devido as excelentes vantagens da tecnologia – sem a necessidade de combustível, corta-se também a necessidade de sistemas para controlar, armazenar e gerenciar esse combustível -, suas aplicações são inúmeras.

Por exemplo, sondas solares podem ser usadas na busca por vida alienígena, para monitorar o clima do sol e até como sistema de alerta para possíveis impactos com asteroides.
“Esta tecnologia nos permite levar as coisas para destinos extraordinários no sistema solar e talvez até além, de uma maneira que nunca foi possível antes”, complementou Nye.

A NASA também tem uma missão que leva energia solar planejada para lançamento em 2020: a “Near-Earth Asteroid Scout”, que deve usar uma vela solar e um 6U CubeSat para coletar dados sobre asteroides próximos à Terra.

O CubeSat é uma sonda muito pequena. No passado, a energia solar era almejada para espaçonaves maiores, mas Nye crê que seu potencial mais interessante é justamente fazer parte de uma “revolução” para impulsionar minúsculos robôs espaço afora.

ScienceAlert

sábado, 9 de novembro de 2019

20 ESTONTEANTES IMAGENS MICROSCÓPICAS DE SEMENTES

A diversidade e complexidade de formas e tamanhos de sementes é extraordinária,ainda mais surpreendente é que, dentro dessas coisinhas minúsculas, reside a informação genética completa necessária para o nascimento e a estruturação de organismos como a complexa flor do maracujá ou uma sequoia de 100 metros de altura.
Musgo rosa
Crédito: Yanping Wang, Planetário de Pequim, China (olympusbioscapes.com)
Semente de Portulaca (musgo cor-de-rosa) conforme vista com um estereomicroscópio
Planta de água doce
Crédito: Daniel Stoupin (olympusbioscapes.com)
Semente da planta encontrada em lagoa de água doce começando a brotar, aumentada em dez vezes
Videira
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
Muitas sementes dispersas pelo vento, como a Loasa chilensis 
videira rasteira nativa do Chile, têm um padrão de favo de mel
Cenoura selvagem 
Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
Semente de Daucus carota.
Drosera
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
 Semente de planta do gênero Drosera, da África do Sul. 
A imagem foi colorida no Photoshop, com base nas cores da planta original
Delphinium peregrinum
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
 A textura ajuda a semente a “agarrar” na superfície do hospedeiro, bem como sua mobilidade
Repolho africano
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
 Semente de Cleome gynandra, uma flor silvestre da África, agora considerada 
uma erva daninha em muitos locais tropicais em todo o mundo
Cardo
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
 Semente de um cardo do gênero Centaurea.
Trichodesma
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
 Uma prima da não-me-esqueças, do gênero Trichodesma.
Linaria
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
 Semente de planta do gênero Linaria.
Dedaleira
 Crédito: psmicrographs.co.uk
 Micrografia eletrônica de varredura colorida de uma semente de dedaleira (Digitalis purpurea)
Antirrhinum
Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
Semente do gênero Antirrhinum.
Suculenta
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
 Crassula pellucida, uma suculenta.
Lamourouxia viscosa
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
 Semente de flor silvestre mexicana.
Morango
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk) 
Morango coberto de sementes (na verdade, “aquênios”).
Combava
 Crédito: Rob Kesseler (robkesseler.co.uk)
 Semente de Citrus hystrix.
Agrião
Crédito: Mark Talbot (maxisciences.com)
 Semente de Arabidopsis thaliana (um agrião europeu)A imagem mostra uma 
pequena muda com seis dias de vida sob um microscópio eletrônico de varredura
Scorpiurus muricatus
 Crédito: Viktor Sýkora (olympusbioscapes.com)
 Semente de Scorpiurus muricatus.
Mamona
 Crédito: Mark Birkle
 Sementes de mamona são venenosas para pessoas, animais e insetos. 
Dente-de-leão
 Semente de dente-de-leão. [Insteading]

Natasha Romanzoti, em 14.02.2019
Hypescience

ÁRVORES ANCIÃS DA FLORESTA

Pesquisadores medem tronco de jequitibá-rosa no Parque Estadual de 
Porto Ferreira (SP), que abriga alguns dos maiores exemplares do Sudeste
Cassio Vasconcellos

Botânico e fotógrafos percorrem o Brasil para registrar as árvores gigantes que resistiram à devastação da Mata Atlântica. Até uma nova espécie apareceuQuando a expedição de Pedro Álvares Cabral chegou à costa da Bahia, em 1500, as maiores árvores da Mata Atlântica atingiam mais que o dobro da altura do mastro da maior caravela da esquadra portuguesa. O que surpreende hoje é que algumas das árvores que já produziam sombra naqueles tempos ainda resistem às motosserras em pequenos trechos de difícil acesso em florestas espalhadas pelo País.

Essas árvores são as rainhas ancestrais da Mata Atlântica, que já se estendeu por 1,3 milhão de quilômetros quadrados, indo do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Com mais de 300 anos de existência, acima de 40 metros de altura e com troncos espessos, essas sobreviventes da última expansão madeireira nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste — refreada a partir da década de 1970 — estão sendo mapeadas e vão virar “personagens” do livro “Remanescentes da Mata Atlântica — As Grandes Árvores da Floresta Original e seus Vestígios”. A iniciativa é do botânico Ricardo Cardim, que pretende lançar a obra em meados de novembro.

Cássio Vasconcellos

Uso de drones
Para encontrar essas sobreviventes, Cardim e colegas empreenderam seis expedições que percorreram reservas de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Alagoas. O autor conta com a parceria do fotógrafo Cássio Vasconcellos e do botânico, mateiro e fotógrafo Luciano Zandoná. O grupo se vale de drones para captar imagens inéditas das grandes árvores. A primeira novidade desse trabalho é a descoberta de um jequitibá-rosa batizado de Matriarca. Localizada no Parque Estadual Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, interior de São Paulo, é considerada a segunda maior árvore já medida no estado. Sua localização é mantida em segredo e sua existência foi divulgada só no final desta semana. Também em Vassununga está Patriarca, um jequitibá-rosa de no mínimo 500 anos e 264 toneladas, considerado o maior e mais antigo ser vivo do Estado de São Paulo (e quiçá do Brasil). Alguns pesquisadores acreditam que o Patriarca poderia ter cerca de 2,5 mil anos, tendo brotado quando Buda estava vivo. Algo difícil de mensurar, já que nos trópicos os troncos não possuem anéis de crescimento tão evidentes quanto em climas frios, explica Cardim.

Arquipélago verde
Vistas sob os olhos de pesquisadores, essas árvores gigantescas são como ilhas em um arquipélago verde. Das suas raízes até o alto da copa vivem anfíbios, répteis, insetos, vermes, mamíferos e aves de todos os tamanhos possíveis. Isso vale para a grande peroba-rosa registrada em Porto Ferreira (SP) e as imbuias e araucárias encontradas em Caçador (SC), todas com 300 anos ou mais. “A copa de uma árvore numa floresta principal possui mais biodiversidade que regiões inteiras de alguns países frios. São como ecossistemas em si”, diz o botânico Cardim.

Cássio Vasconcellos

Hoje, restam apenas 200 mil quilômetros quadrados de Mata Atlântica, algo como 12% do original. Nem tudo é floresta principal. Há grandes áreas que serviram ao plantio de café no interior de São Paulo que foram naturalmente reflorestadas depois da Crise de 1929. Ali a mata vingou de novo, não com o mesmo resplendor, mas com grande valor ambiental, abrigando jequitibás e paus-d’alho que crescem em terras roxas. Já no Sul da Bahia, as grandes árvores eram necessárias para proteger as plantações de cacau cabruca do sol. Isso permitiu que os pesquisadores encontrassem exemplares imponentes de paus-brasil em uma reserva em Itamaraju (BA). Em Alagoas, ao lado de canaviais, eles fotografaram copaíbas.

Em Sooretama (ES), na Reserva Natural da Vale, às margens de BR-101, o trio retratou uma nova espécie. Mesmo com 40 metros de altura, a jueirana-facão (Dinizia jueirana-facao) se manteve incógnita no meio da área de preservação até outubro de 2017, quando foi catalogada pelo pesquisador brasileiro Geovane Siqueira e dois colegas do Canadá e do Reino Unido. A árvore enorme era conhecida da população, mas ignorada pela ciência. “Mesmo depois de tão destruídas, essas florestas continuam a nos surpreender”, diz Cardim. 
Cássio Vasconcellos

André Vargas
Revista Isto É

CLIMA! ALEMANHA, CANADÁ, CHINA EXPORTAM TECNOLOGIA LIMPA


Rio selvagem e floresta canadense: assim como o Canadá, 
Brasil pode usar seu patrimônio natural e humano para exportar tecnologias limpas
Pierre Longnus/GETTY IMAGES (/)

“Alguns países já entenderam que pode ser vantajoso aproveitar a onda de transformação da economia global para enfrentar as mudanças climáticas. Estão se preparando para ser os líderes globais da gigantesca mudança em curso. Essa posição de liderança não cai do céu. Nem brota organicamente da espontânea dinâmica do mercado interno de inovação e empreendedorismo. É preciso cuidar dela. Isso significa que os governos desses países estão adotando políticas consistentes para incentivar o desenvolvimento de setores com empresas e tecnologias limpas com potencial para atender o mercado interno e competir globalmente.

O Canadá enxergou uma chance para se posicionar como protagonista global no mercado de produtos e serviços limpos. Apesar das diferenças de desenvolvimento econômico, o potencial ambiental dele é muito parecido com o nosso. Assim como o Brasil, o Canadá é rico em florestas, água, fontes de energia limpa, minérios, povos indígenas, território e diversidade humana. A forma como os canadenses aproveitam o patrimônio natural para estimular a qualidade de vida é uma referência interessante para países como o Brasil.

O plano do Canadá para o clima é bem detalhado. Ele prevê, por exemplo, a adoção de um preço nacional para o carbono emitido. O valor mínimo foi estabelecido em 10 dólares canadenses por tonelada no ano passado, subindo até chegar a 50 dólares em 2022. Fixar um preço para o carbono é um dos meios mais eficazes de incentivar empresas e até governos municipais e provinciais a reduzir as emissões, buscando as saídas mais eficientes. Isso também permite que o país que reduzir suas emissões com folga possa vender créditos para os outros. É internacionalmente sabido que criar um preço para o carbono estimula a competitividade das tecnologias mais limpas. Também é uma forma de tentar precificar o impacto que as mudanças climáticas causam.

Além disso, o Canadá criou objetivos para abandonar o carvão em várias províncias. Ontário, a mais rica, já abandonou essa fonte energética poluidora. A província de Alberta, apesar de ser o maior produtor do país de areia betuminosa (poluidora na extração e no uso), tem planos para acabar com as termelétricas a carvão até 2030. O país também criou um banco para investir em infraestrutura, o Canada Infrastructure Bank. Ele financia investimentos em energia limpa e equipamentos urbanos para tornar as cidades menos poluidoras — e melhores para viver. São 15 bilhões de dólares investidos em áreas como transporte público e tecnologias para limpar as chaminés das fábricas e para produzir energia sem poluir.

Um dos aspectos importantes dessa política é identificar os setores que têm maior potencial para gerar empresas competitivas. No caso do Canadá, foram três áreas. E todas elas têm lições para nós, brasileiros. A primeira é a da água. Assim como o Brasil, o Canadá é um país rico em água, por seus rios e lagos. O mercado de produção e tratamento gera 35 bilhões de dólares canadenses por ano. É o maior do mundo. Aproximadamente 80% das tecnologias que o país desenvolveu nessa área são exportadas. Isso inclui desde filtros, tratamentos para limpeza de água  e tecnologias para verificar a segurança de tubulações até tecnologias modernas para monitorar o uso de forma inteligente. A segunda área forte do Canadá é a geração de hidroeletricidade. O país é o terceiro maior produtor mundial de energia hidrelétrica (atrás apenas da China e do Brasil). A terceira área engloba a redução do impacto de atividades potencialmente poluidoras, como a mineração.

Os resultados estão vindo na forma de empresas que exportam com tecnologia de ponta. Uma delas, a Echologics, está fornecendo sensores que detectam vazamentos no sistema de tubulações, cisternas e bombas para distribuidoras de água da Califórnia, nos Estados Unidos. Outra, a Terragon, inventou sistemas de reúso de água industrial para a indústria mineradora operar em áreas de natureza sensível. Está vendendo para minas remotas na Floresta Amazônica do Equador, diminuindo em 70% a carga potencialmente poluidora que vai para os rios. A Corvus Energy desenvolveu sistemas para barcos elétricos, principalmente os que operam em rotas onde é possível recarregar as baterias frequentemente. Foi o caso de um ferryboat na Noruega. A Canadian Solar é uma das maiores fabricantes de painéis solares do mundo. Tem fábricas em vários países, inclusive em Sorocaba, no interior de São Paulo.

Algumas dessas empresas estão vindo com a delegação do Canadá para a primeira feira de negócios pelo clima da América Latina, a Conexão Carbono Zero, que acontecerá nos dias 11 e 12 de junho, no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, com o apoio de EXAME. O evento reunirá empresas, empreendedores, financiadores e governos para trocar experiências e criar sinergias a favor do clima, com benefícios para todas as partes envolvidas, inclusive para nós, que precisamos do aquecimento global sob controle.

O sucesso do Canadá tem o crédito adicional de não estar aproveitando algum hipotético vácuo deixado pela política antiecológica do presidente americano, Donald Trump. Isso porque, apesar de Trump estimular indústrias de energias fósseis, como o carvão e o petróleo, as fontes renováveis e limpas continuaram crescendo nos Estados Unidos. Em abril deste ano, pela primeira vez na história, as fontes limpas americanas geraram mais eletricidade do que o carvão. Ou seja, mesmo com a monumental máquina industrial americana operando a todo vapor para gerar tecnologias limpas bem ali do lado, os canadenses estão encontrando seu espaço. Isso indica a vastidão das oportunidades disponíveis para todos os países que correrem agora.

A transição energética
É só perguntar aos dois líderes mundiais: Alemanha e China, não por acaso os dois maiores exportadores do planeta. A estratégia alemã, batizada de Energiewende (algo como ‘Transição energética’), é um projeto de longo prazo alimentado pelos gestores públicos. E que está gerando lucros. O país subsidiou por décadas a pesquisa em energia eólica e solar, criando empresas robustas no meio do caminho. A Alemanha adotou metas ambiciosas de energia limpa no mercado interno. Foi criticada por alguns, mas continua sendo uma potência exportadora, com qualidade de vida para seus cidadãos.

A China decidiu seguir o exemplo e dominar o mercado de energia limpa do planeta. Embora seja o país que mais consuma energia, queimando metade do carvão mineral do mundo, a China também se transformou em líder na produção de painéis solares. Tem quatro dos dez maiores produtores de turbinas para energia eólica. Lidera a produção de baterias, elemento estratégico para o sucesso da energia renovável e da eletricidade nos veículos. Também é a maior produtora de carros elétricos do mundo. ‘Embora a China e a Alemanha estejam entre os maiores emissores de gases de efeito estufa (respectivamente, no primeiro e no sexto lugar), os dois países, provavelmente mais do que quaisquer outros, entenderam as oportunidades econômicas que vêm com a proteção do clima’, afirma Bjorn Conrad, pesquisador do think thank alemão Instituto Mercator para Estudos Chineses.

Até as crianças sabem disso. Ou principalmente elas. ‘Agora estou falando para todo o mundo’, disse a estudante sueca Greta Thunberg, de 16 anos, eleita Pessoa do Ano pela revista americana Time. A adolescente liderou um movimento internacional para pressionar os adultos a fazer algo para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. Greta não está sozinha. Diante do crescente peso das tragédias climáticas (com enchentes, secas, ondas de calor e tempestades) em todos os países, e apesar dos negacionistas da ciência do clima, a economia global continuará sua transição para modos de produção de bens e serviços com menos emissões. Ou talvez até emissão zero. Se o Brasil ouvir Greta e observar o que fazem as economias exportadoras, poderá aproveitar seus imensos potenciais natural e humano para virar um dos gigantes do clima.”

Alexandre Mansur é diretor de estratégia da consultoria O Mundo Que Queremos 
Revista Exame

COLHEDEIRA TIRA ÁGUA DO AR DO DESERTO

Um ventilador força o ar ambiente em direção aos cartuchos de MOF, 
visíveis dentro da caixa transparente, onde a água é coletada.
[Imagem: Mathieu Prévot/UC Berkeley]

Colhendo água
Com a escassez de água tornando-se um problema crescente em todo o mundo, pesquisadores têm-se esforçado em busca de soluções sustentáveis e de baixo impacto ambiental.

Nikita Hanikel e seus colegas da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, vêm dedicando seus esforços há alguns adnos para coletar água diretamente da umidade do ar.

O protótipo de coletor de água mais recente construído pela equipe recolheu 1,3 litro por dia para cada quilograma (l/kg/dia) de material absorvedor em uma região com baixa umidade. Em um teste ainda mais
rigoroso, feito no deserto de Mojave, na Califórnia, ele produziu 0,7 l/kg/dia em média, e 0,2 l/kg/dia no dia mais seco, com umidade de 7%.

O material ativo é uma estrutura metal-orgânica, mais conhecida como MOF (metal-organic framework), um material extremamente poroso. Dependendo de sua estrutura e do tamanho de seus poros, as estruturas metal-orgânicas permitem apenas a passagem de moléculas, o que faz com que a água "cole" em suas superfícies internas. Um leve aquecimento transforma essa água em vapor, que é então coletada por um condensador.
A equipe foi testar sua invenção no Deserto de Mojave - e não passou sede.
[Imagem: Grant Glover/University of South Alabama]

Água como direito humano
Os resultados foram tão bons que a equipe já fundou uma empresa para comercializar a tecnologia. Eles estão trabalhando em um modelo do tamanho de um forno de micro-ondas que poderá fornecer de 7 a

10 litros de água totalmente limpa por dia.
Uma versão ainda maior do coletor, do tamanho de uma geladeira pequena, fornecerá de 200 a 250 litros de água por dia, o suficiente para uma família beber, cozinhar e tomar banho. E, em alguns anos, os empreendedores esperam ter uma colhedeira de água de escala comunitária, capaz de produzir 20.000 litros de água potável por dia. Tudo funcionando com painéis solares e uma bateria, para garantir uma colheita de água 24 horas por dia.

"Estamos produzindo água ultra-pura, que potencialmente pode ser disponibilizada amplamente sem conexão com a rede de distribuição de água," disse o professor Omar Yaghi, coordenador da equipe. "Essa mobilidade da água não é apenas crítica para aqueles que sofrem de estresse hídrico, mas também possibilita o objetivo maior - que a água seja um direito humano".

Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/09/2019

LOCADORAS DE CARROS DECLARAM GUERRA AO CO²

As mudanças climáticas fizeram com que grandes companhias de automóveis ligassem o sinal amarelo, mas as locadoras ALD Automotive e Movida largaram na frente na corrida por um futuro sustentável. Presente em 43 países, a multinacional francesa ALD Automotive tem no Brasil mais de 30 mil veículos corporativos e 400 clientes. 

Em 2012, ela criou o programa ALD Bluefleet que já plantou mais de 270 mil mudas de árvores e compensou sua emissão anual de 30 mil toneladas de dióxido de carbono (CO²). A Floresta ALD, criada por ela, é uma iniciativa em parceria com o Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) e a Fundação Espaço Eco (FEE). 

Além disso, no fim de 2018, a empresa lançou o serviço de bicicleta compartilhada E-BIKE Sharing (para empresas próximas a ciclovias) e o ALD EcoWash (sistema de lavagem ecológica que economiza até 500 litros de água), em parceria com a Easy Carros. A Movida, por sua vez, comemora os dez anos do seu programa Carbon Free, que também visa compensar emissões de CO². 

Desde 2009, foram plantadas 51.226 árvores em parceria com a ONG SOS Mata Atlântica. A área de 300 mil metros quadrados equivale a 42 Maracanãs e neutraliza 8,3 mil toneladas de dióxido de carbono.

Felipe Mendes 03/05/19 - 11h01 - Atualizado em 03/05/19 - 18h10
Revista Isto É Dinheiro

COMO A INTERNET DAS ÁRVORES MANTÉM VIVO UM TOCO SEM GALHOS OU FOLHAS

As árvores vizinhas compartilham água com o toco em um extraordinário mecanismo 
de 'sincronia reversa' Direito de Imagem SEBASTIAN LEUZINGERImage caption

Dois botânicos caminhavam por uma floresta na Nova Zelândia quando de repente encontraram algo extraordinário.

Era um toco de árvore com sinais de vida.
"Como um especialista em plantas, se vejo uma com vida, mesmo que não tenha folhas, imediatamente me chama a atenção. De onde ela obtém seus carboidratos?", questionou o botânico Sebastian Leuzinger, da Universidade de Tecnologia de Auckland, na Nova Zelândia.

"Pouquíssimas plantas conseguem sobreviver se não tiverem folhas verdes para fotossíntese, então, aquele toco de árvore que claramente apresentava tecidos vivos nos intrigou quando caminhávamos na floresta", acrescentou Leuzinger em entrevista à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.
Leuzinger (foto) e Martin Bader descobriram que a água ainda estava fluindo no toco
Direito de imagem SEBASTIANLEUZINGERImage captionSebastian

Leuzinger e o outro botânico que o acompanhava, Martin Bader, decidiram estudar aquele tronco misterioso. E descobriram algo surpreendente, que descrevem em um novo estudo: o toco é mantido vivo graças a outras árvores da mesma espécie, com as quais compartilha água em uma sincronia inacreditável.

O majestoso kauri
O toco encontrado pelos botânicos é de uma espécie icônica e endêmica (que não existe naturalmente em outros lugares) na Nova Zelândia: o kauri (Agathis australis).

O exemplar mais notório dos kauris talvez seja a árvore conhecida como Tane Mahuta, termo que designa na mitologia maori o deus das aves e das florestas.

Tane Mahuta, o kauri mais famoso, mede 51,2 metros
Direito de imagemGETTY IMAGESImage caption 

Localizada na floresta de Waipoua, a Tane Mahuta é o maior kauri que se conhece hoje. Tem 51,2 metros de altura e uma circunferência de aproximadamente 14 metros. Ninguém sabe quantos anos tem, mas acredita-se que a árvore tenha nascido entre 1.250 e 2.500 anos atrás.

Ninguém sabe tampouco como era o kauri que foi derrubado, deixando o intrigante toco estudado por Leuzinger e Bader.

A sincronia da água
 O toco de árvore e os kauris ao redor dele estão sincronizados hidraulicamente, conforme descobriram os botânicos. E o fluxo de água varia. Se a seiva das árvores vizinhas flui mais rápido, a do toco flui mais lentamente. Mas se o fluxo das árvores vizinhas é reduzido durante a noite, por exemplo, o fluxo da seiva no toco é acelerado.

Os cientistas acreditam que as árvores devem ser conectadas por meio de suas raízes, que se fundem, algo que é observado em muitas outras espécies. 
Martin Bader (foto) e Lutzinger mediram o fluxo de água dos kauris vizinhos para o toco
Direito de imagemSEBASTIAN LEUZINGERImage caption

Sabe-se que as árvores estão conectadas no subsolo e possuem relações simbióticas ou mutuamente benéficas com fungos chamados micorrizas (termo que significa "raiz de fungo").

Esses fungos em simbiose com as raízes fornecem nutrientes às árvores em troca de açúcar. E conectam as árvores em uma intricada rede, fenômeno popularmente conhecido como "internet das árvores" ou "wood wide web".

"Já sabíamos que há uma troca de carbono e nutrientes entre as árvores, principalmente por meio de micorrizas", explica Leuzinger. "Mas a verdadeira novidade do estudo é a descoberta do intercâmbio de água."

O mistério da água
"A partir de nossas medições do fluxo de água no tecido do toco e nas árvores vizinhas, podemos concluir que os tecidos que conduzem a água devem ser fundidos sob a superfície", disse Leuzinger à BBC News Mundo. Para obter uma prova direta, seria preciso cavar e chegar até as raízes. A grande questão é como o toco consegue fazer a água fluir em seu interior.
Toco visto de frente - ainda não se sabe como ele consegue fazer a água fluir no seu interior
Direito de imagemSEBASTIAN LEUZINGERImage caption

A água é transportada pelas árvores quando o líquido evapora das folhas e mais água é absorvida pelas raízes. Esse fenômeno é conhecido como transpiração. O caso do toco "é um verdadeiro mistério", segundo Leuzinger, já que este mecanismo não pode ocorrer porque não há folhas.

Quais são as vantagens? Leuzinger e Bader ainda buscam respostas para muitas perguntas. Como você determina quanto cada árvore contribui individualmente e quanto recebe da comunidade? Quão comuns são esses "tocos vivos"? Como as raízes se fundem? O que isso significa em termos ecológicos para o funcionamento da floresta e a mortalidade em caso de seca? Outra grande questão é por que árvores inteiras vivas mantêm seu vizinho moribundo.

Quais são as vantagens do ponto de vista evolutivo?
Os botânicos descrevem várias explicações possíveis em seu estudo, publicado na revista científica Science. "Uma possibilidade é que árvores inteiras tenham acesso a um sistema de raízes maior, o que reduz o risco de serem derrubadas em caso de ventos fortes", diz Leuzinger. "Outra razão pode ser que ocupar mais espaço no nível das raízes impede o estabelecimento de outras espécies." "Ou talvez seja difícil para as árvores identificar quais delas não estão mais fornecendo carbono à rede."

Superorganismos
Em declarações à imprensa americana, Leuzinger afirmou que "provavelmente sabemos mais sobre a superfície da Lua do que sobre como uma árvore funciona internamente".
A face oposta do toco - sua existência é outra prova de que as árvores 'se dão as mãos' no subsolo
Direito de imagemSEBASTIAN LEUZINGERImage caption

Leutzinger acredita que as árvores inteiras provavelmente não perceberam que o toco sem folhas não contribui mais para a rede subterrânea. O estudo levanta questões profundas sobre o que é, na verdade, uma floresta. Se outras espécies operam com redes semelhantes e mantêm os tocos vivos como o do kauri, "isso significa que não devemos ver uma floresta como um conjunto de árvores individuais", afirma Leuzinger à BBC News Mundo. "Pelo contrário, as florestas devem ser vistas como superorganismos."

Alejandra Martins
BBC News Mundo