terça-feira, 13 de outubro de 2020

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ESPAÇO AO VIVO 24 HORAS, A TERRA VISTA DE CIMA, CÂMERA DA NASA

https://youtu.be/MFRCeYuHzAY

 

Por favor, clicar nos links abaixo:


AMAZÔNIA SÃO CÁPSULAS DO TEMPO

ENERGIA ILIMITADA SANTO GRAAL

MEIO AMBIENTE EVOLUÇÃO VEGETAL ORIENTE MÉDIO

PERSONALIDADE CRISTÓVAM BUARQUE AMAZÔNIA

PERSONALIDADE JOSÉ BONIFÁCIO PATRIARCA FLORESTAS

PERSONALIDADE BALUSKA NEUROCIENTISTA DAS PLANTAS

PLANTAS ÁRVORE ANGELIN VERMELHO 80 METROS

PLANTAS ÁRVORE SAMAÚMA RAINHA DA FLORESTA

PLANETA TERRA JOIA AZUL CURADORES PLANETÁRIOS

PERSONALIDADE MESTRE SADHGURU MEIO AMBIENTE NOSSA VIDA

 


MESTRE SADHGURU O MEIO AMBIENTE É A NOSSA VIDA

 https://youtu.be/FuoAKSZj4Zg


JOIA AZUL CURADORES PLANETÁRIOS

 

https://youtu.be/diMcj1oH3ZA

https://youtu.be/iY_WsRAWh2E

ÁRVORE SAMAÚMA RAINHA DA FLORESTA MÁQUINA DE FAZER ÁGUA

https://youtu.be/47EMzpK6a3s

Samaúma ou Sumaúma (Ceiba pentranda) é uma árvore encontrada na Amazônia. É considerada sagrada para os antigos povos “Maia” e os que habitam as florestas. Essa árvore consegue retirar a água das profundezas do solo amazônico e trazer não apenas para abastecer a si mesma, mas também pra repartir com outras espécies. De crescimento relativamente rápido, pode alcançar os 40 metros de altura. Em determinadas épocas "estrondam" irrigando toda a área em torno dela e o reino vegetal que a circunda.

 

 

 


 

  



EXPEDIÇÃO BUSCA A ÁRVORE ANGELIM VERMELHO COM MAIS DE 80 METROS DE LARGURA NA AMAZÔNIIA

 https://youtu.be/PLB84jEVtxA

ÁRVORES DA AMAZÔNIA SÃO "CÁPSULAS DO TEMPO" DA HISTÓRIA HUMANA

 

Foto: Victor Caetano Andrade/Trends in Plant Science

Além da arte, dos documentos e das descobertas arqueológicas, outro fator pode nos dar pistas sobre o passado: as árvores. Em um artigo publicado recentemente no Trends in Plant Science, cientistas que estudaram espécies da Amazônia explicam como algumas plantas podem contribuir para o entendimento da história da humanidade.

“À medida que as árvores crescem, elas absorvem detalhes sobre o ambiente em sua madeira, criando registos do ambiente ao longo do tempo”, disse o brasileiro Victor Caetano Andrade, que liderou a pesquisa, em comunicado. “Ao combinar técnicas como dendrocronologia (o estudo de anéis das árvores), análise de isótopos de carbono e oxigênio, e genética, podemos obter informações sobre o clima e os eventos mediados por humanos na floresta tropical.”

Mas demorou para os cientistas descobrirem o potencial histórico das florestas tropicais. Há muito considerados barreiras à migração humana e à experimentação agrícola, esses ecossistemas foram chamados até de “desertos verdes”. Felizmente, nas últimas duas décadas, análises em regiões como a Floresta Amazônica mudaram a visão dos especialistas sobre esses cantos do mundo.

“Surpreendentemente, a história negligenciou algumas das maiores e mais antigas testemunhas que as florestas tropicais têm a oferecer: suas árvores”, explicou Caetano Andrade. “Escavações arqueológicas e análises arqueobotânicas levaram a grandes avanços em nosso reconhecimento de vidas humanas passadas nos trópicos, mas as árvores que ainda estão de pé também têm algo a dizer.”

Segundo o especialista, quando as informações biológicas coletadas das árvores são combinadas com os registros arqueológicos e históricos das sociedades nativas da Amazônia, é possível avaliar o passado. Um exemplo disso é a observação de como comunidades indígenas ou invasores estrangeiros administraram a floresta local.

“Quando humanos do passado construíram habitações dentro da floresta, criaram seletivamente buracos no ‘teto da floresta’, permitindo a entrada de luz para cultivar suas espécies de plantas preferidas”, disse Caetano Andrade. “É assim que as sociedades nativas influenciaramm o estabelecimento de árvores em seus territórios.”

Um exemplo claro que pôde ser observado pelos pesquisadores ocorreu durante o período pré-colonial na Amazônia central, onde a população de árvore de castanha brasileira cresceu muito. No entanto, quando os colonos europeus invadiram os trópicos, os indígenas abandonaram a paisagem, levando as castanheiras a pararem de expandir sua população por quase 70 anos. “Isso demonstra como a floresta responde ativamente à ocupação humana ao longo do tempo”, afirmou o especialista

Da mesma forma, analisar o que as sociedades optaram por cultivar também é interessante, já que entende-se que cada grupo promoveu o crescimento de árvores que considerou úteis para alimentação ou construção. “Parte da cultura dessas sociedades é como eles manejam a floresta dentro do ecossistema local”, explicou o Caetano Andrade. “Como as árvores podem viver por centenas de anos, elas registram todos os impactos que os seres humanos estão causando na comunidade florestal circundante.”

É justamente o foco no impacto humano que diferencia essa pesquisa de tantas outras, acreditam os estudiosos. “O trabalho avaliado aqui demonstra duas descobertas importantes: primeiro, que as sociedades humanas, de caçadores-coletores a moradores urbanos, tiveram um papel significativo no cultivo de árvores tropicais no passado; e segundo, que esse papel pode ser observado em árvores que ainda existem hoje”, pontuou Patrick Roberts, que também participou da pesquisa, em declaração à imprensa.

A equipe espera que a sua pesquisa incentive a conservação das florestas tropicais, já que preservar esses ecossistemas também significa preservar registros históricos. Além disso, a equipe de Caetano Andrade acredita que suas descobertas mostram que é possível ter um sistema econômico bem-sucedido – sem esgotar os recursos naturais da Amazônia.

“É possível pensar em modelos econômicos que possam manter a floresta em pé”, ressaltou o brasileiro. “A prova é que isso acontece há milhares de anos antes das expansões coloniais, enquanto os povos nativos desenvolviam sistemas econômicos que mantinham e até enriqueciam a floresta. As populações tradicionais que vivem nas margens dos rios das florestas tropicais são os grandes heróis da preservação, pois conhecem a importância de manter a floresta em pé para garantir seu bem-estar.”

Revista Galileo

CIENTISTAS AVANÇAM NA CONSTRUÇÃO DO "SANTO GRAAL" DA ENERGIA ILIMITADA

Vários projetos energéticos ambiciosos mostram que os cientistas estão a progredir na construção de um reator de fusão nuclear eficiente, feito que poderia fornecer ao planeta uma fonte de energia limpa praticamente inesgotável.

O maior destes projetos é o Reator Experimental Internacional de Tokamak (ITER), um enorme projeto que está a ser desenvolvido em França desde 2010, contando com o financiamento de mais de trinta países, entre os quais estão os Estados Unidos, a Rússia, a China, o Japão, a Coreia do Sul e a Índia, elenca a Russia Today.

O reator de plasma projetado para o ITER é a máquina mais complexa já projetada: pesa 23.000 toneladas e ficará num prédio com 60 metros de altura.

A construção do ITER está a avançar. De acordo com o Power Technology, um consórcio internacional assinou um contrato para construir o tokamak ITER, uma câmara de pressão em aço inoxidável semelhante à forma de um anel onde se gerará a energia.

No interior do tokamak, os cientistas pretendem aproveitar a energia libertada durante a criação de átomos pesados a partir de outros mais leves, processo conhecido como fusão nuclear, o “Santo Graal” da energia ilimitada.

A reação ocorre a cerca de 150 milhões de graus Celsius, temperatura que supera os valores mais altos registados no núcleo solar. É uma temperatura tão alta que não se conhecesse nenhum material na Terra que a conseguisse suportar.

Por tudo isto, a fusão nuclear requer métodos e tecnologias de ponta, uma vez que é necessário gerar campos magnéticos fortes o suficiente para conter o plasma – um dos estados físicos da matéria, semelhante ao gás – onde se realiza a reação sem tocar em nenhum componente do reator.

Este processo, que tenta replicar a forma como o Sol produz energia, revelou-se uma tarefa extremamente cara e complicada: os cientistas não conseguiram ainda fazer com que os reatores nucleares produzam mais energia térmica do que a que consomem.

Contudo, o ITER poderá ser a chave para superar essa barreira, uma vez que a sua produção térmica estimada está fixada nos 500 megawatts (MW) e o seu consumo ronda os 300 MW. No entanto, importa ainda frisar, o uso imediato do ITER não está destinado à produção de energia elétrica.

O financiamento desta megaprojeto que conta com apoios de várias nações, cuja conclusão está prevista para 2025, ultrapassa os 20 mil milhões de euros, precisa o portal Interesting Engineering.

A revista Forbes dava também conta em meados em abril que passado que os cientistas estão mais perto de alcançar a fusão nuclear, destacando os reforços da China, que planeia finalizar antes do fim deste ano o desenvolvimento de um sol artificial que tem como objetivo gerar energia renovável e quase infinita.

ZAP  25 outubro, 2019

BERÇO ESCONDIDO DA EVOLUÇÃO VEGETAL É ENCONTRADO NO ORIENTE MÉDIO

Vegetais portadores de sementes, como o pinheiro, se desenvolveram e se diversificaram a partir da Jordânia, afirma novo estudo.

Fóssil de planta espermatófita encontrado nas redondezas do Mar Morto, no Oriente Médio. (Paleobotany Research Group Münster/Divulgação)

Cientistas encontraram, na Jordânia, um local que pode ser considerado um berço escondido da evolução vegetal na Terra. Os fósseis encontrados na região, próxima ao Mar Morto, revelam que, ao contrário do que pensavam os biólogos, algumas linhagens de plantas possuidoras de sementes (as chamadas espermatófitas) sobreviveram ao período Permiano (entre 290 e 252 milhões de anos atrás). Ao final dessa época, um evento de extinção em massa fez com que 95% da vida no planeta fosse aniquilada, e coube às espécies sobreviventes se desenvolver e, aos poucos, repopular a Terra.

A descoberta desses exemplares de fósseis, segundo os pesquisadores, oferece um olhar por dentro das origens das espermatófitas, as quais, na  era Mesozoica (seguinte ao Permiano), tornaram-se as dominantes no reino vegetal. Os restos orgânicos encontrados têm mais de 250 milhões de anos e incluem, entre outros, os ancestrais das coníferas, grupo de plantas no qual se inclui o pinheiro.

De acordo com os cientistas, as conclusões indicam que habitats tropicais como os que podiam ser encontrados na Jordânia há milhões de anos serviram como berços evolucionários para a diversificação das plantas. Ademais, os pesquisadores sugerem que esses vegetais terrestres são mais resilientes do que se pensava anteriormente, já que sobreviveram à maior onda de extinção da história do planeta.

Sabrina Brito – Revista Veja

CRISTÓVAM BUARQUE INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA

“Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas a França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um País.

Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos a presidência dos EUA tem defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir a escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia.

Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um Patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!"  

PUC


JOSÉ BONIFÁCIO PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA E DAS FLORETAS DO BRASIL

"Destruir matas virgens, como até agora se tem praticado no Brasil, é crime horrendo e grande insulto feito à mesma natureza. Que defesa produziremos no tribunal da Razão, quando os nossos netos nos acusarem de fatos tão culposos?" O texto, de 1821, um ano antes da Independência do Brasil, mostra que a preocupação com a destruição de florestas no território nacional é mais antiga do que o próprio Estado brasileiro.

O autor do alerta contra o desmatamento, redigido há quase 200 anos, não entraria para a História como ecologista, e sim como um dos fundadores do Estado brasileiro: José Bonifácio de Andrada e Silva, o chamado Patriarca da Independência.

Nas escolas, estudantes aprendem que José Bonifácio, filho de uma família abastada e nascido em 1763 na cidade de Santos (SP), é considerado um dos mais importantes estadistas brasileiros e personagem fundamental no processo de Independência do Brasil. Mas a biografia dele vai além da política: ele é também um dos precursores na defesa das florestas no território nacional.

"Bonifácio foi um personagem muito importante, apesar de ainda pouco reconhecido, na construção dessa preocupação com o ambiente e o futuro das florestas em escala mundial", diz o historiador José Augusto Pádua, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde é um dos coordenadores do Laboratório de História e Natureza.

Filho de uma família rica - seu pai era importante funcionário da Coroa portuguesa - o jovem Bonifácio foi estudar na Universidade de Coimbra, onde teve uma sólida formação em Direito, Filosofia Natural e Matemática. Um de seus professores em Portugal foi o italiano Domênico Vandelli, especialista em História Natural e Botânica e que exerceu forte influência sobre o estudante brasileiro, que se tornou pesquisador naturalista, mineralogista e professor em Portugal durante muitos anos, além de exercer cargos públicos no governo português. Entre eles, a direção dos bosques nacionais.

"Ele explicava com detalhes sobre a importância de preservar os bosques do Reino. Isso não era nada comum nos tempos dele", explica o historiador Jorge Caldeira, organizador da biografia José Bonifácio de Andrada e Silva, da Coleção Formadores do Brasil. "Era um ecologista prático, bastante apurado para os dias de hoje. Tanto é que seu primeiro trabalho científico foi em defesa da preservação das baleias", completa Caldeira.

O texto citado por Caldeira foi publicado por José Bonifácio em 1790. Trata-se do Memória sobre a pesca da baleia e a extração do seu azeite, publicado pela Academia das Ciências de Lisboa. No texto, o político e estudioso alertava para o pouco retorno econômico da atividade de caça à baleia para extração do óleo, frente ao poder destrutivo do meio ambiente e a consequente redução do número de baleias na costa brasileira.

"Dentre outros naturalistas da época, José Bonifácio criticava a caça predatória da baleia, por julgá-la antieconômica, assim como as grandes propriedades monocultoras. Apreciador das matas e madeiras brasileiras, alinhava-se com estudiosos que, desde a fundação dos primeiros jardins botânicos no século 18, valorizavam o plantio de espécies raras", explica a historiadora Mary Del Priore, autora do livro As Vidas de José Bonifácio (Estação Brasil), que retrata a vida do Patriarca da Independência. "Ele era também favorável à inserção de índios e negros na sociedade depois de 'civilizados'", completa a historiadora.

De volta ao Brasil, em 1819, José Bonifácio tornou-se ministro e conselheiro do Príncipe Regente e futuro imperador D. Pedro 1º. Foi ele quem incentivou o monarca a proclamar a Independência do Brasil, em 1822, e integrou o primeiro escalão de dirigentes da nova nação. Entre outras atribuições, organizou a resistência do novo governo independente aos movimentos contra a separação de Portugal que surgiram na época em várias partes do país.

Apenas alguns meses após seu retorno ao Brasil, Bonifácio embrenhou-se nas matas do Estado de São Paulo junto com seu irmão, Martim Francisco, para aprofundar seus estudos naturalistas, em especial na Mata Atlântica que na época dominava o território paulista, mas já sofria os efeitos do desmatamento para expansão das lavouras e da pecuária.

Logo nos primeiros dias de expedição, o viajante lamenta o "miserável estado em que se acham os rios Tietê e Tamandataí, sem margens nem leitos fixos, sangrados em toda parte por sarjetas, que formam lagos que inundam essa bela planície." Nos arredores da Vila de Itu, observa que "todas as antigas matas foram barbaramente destruídas com fogo e machado."

Em 1821, quando o Brasil estava na condição de Reino Unido a Portugal, Bonifácio defendeu, em um artigo chamado Lembranças e Apontamentos do Governo Provisório para os Senhores Deputados da Província de São Paulo, a criação de uma "Direção Geral de Economia Política", que seria responsável por obras públicas, minas, bosques, agricultura e fábricas.

Essa política integrada desenhada por José Bonifácio para a administração do Brasil, na sua visão, seria responsável pela preservação das riquezas naturais brasileiras, em especial os rios, matas e densas florestas que, na opinião do político e naturalista, eram fundamentais para a saúde do território nacional. Seria um grande ministério reunindo as áreas de meio ambiente, infraestrutura e agricultura. A proposta, porém, nunca saiu do papel e o Brasil tornou-se independente de Portugal em 1822.

"As preocupações e propostas ambientais de José Bonifácio estavam inseridas na discussão geral sobre o futuro do Brasil. Creio que ele propunha um ministério de planejamento geral da economia no sentido de uma relação mais racional com a natureza. Ou seja, todas as atividades econômicas estariam conectadas com o objetivo de acabar com a devastação e o desperdício, tratando o mundo natural de uma maneira mais cuidadosa e cientificamente inteligente", diz Augusto Pádua.

"Mesmo que o contexto atual seja tão diferente, creio que seria um grande avanço se pudéssemos retomar, ou de fato reinventar, essa maneira de enxergar o cuidado ambiental como eixo de todas as ações de governo relativas às atividades produtivas", completa o historiador da UFRJ.

Na Assembleia Constituinte de 1823, Bonifácio, eleito deputado constituinte, levou ao Parlamento ideias e emendas muito avançadas para a época, como o fim da escravidão, instituição de uma reforma agrária, preservação das matas e rios brasileiros, obrigação de conservar uma parte das propriedades rurais com florestas nativas, direito de voto aos analfabetos e até a mudança da capital do país para o Planalto Central, algo que só se tornaria realidade mais de um século depois, em abril de 1960, no governo do presidente Juscelino Kubitschek.

Para Bonifácio, a criação de uma grande nação só seria possível caso fossem superados problemas estruturais herdados do passado colonial. O principal deles era a escravidão. "Uma novidade muito interessante no seu pensamento foi justamente estabelecer uma relação de causalidade entre o domínio da escravidão e as dinâmicas de desflorestamento, degradação dos solos e destruição da fauna e da flora, diz Augusto Pádua.

"Ele não via a escravidão apenas como uma técnica, mas sim com algo parecido com o que veio a ser chamado mais tarde de modo de produção. A continuidade da escravidão levaria à destruição do grande trunfo com o qual o Brasil poderia contar para o seu progresso, que era a riqueza natural", completa o professor da UFRJ.

Ideias tão avançadas para a época custaram a José Bonifácio muitas inimizades entre os poderosos da época, principalmente a elite agrária e política conservadora, e o rompimento com o próprio imperador D. Pedro 1º. Após ser demitido do governo, Bonifácio é exilado e parte para uma longa temporada na Europa, de onde só retornaria em 1829, após se reaproximar do imperador e ser nomeado tutor do seu filho, D. Pedro 2º.

De acordo com os especialistas, em textos publicados ao longo de sua carreira na Europa e no Brasil, em especial entre 1790 e 1823, Bonifácio construiu o que hoje chamaríamos de agenda ambiental e são importantes para entender a história do meio ambiente no Brasil.

"Ele foi, sem dúvida, um homem muito preocupado com os recursos naturais, isto em um tempo que praticamente não existia consciência de preservação ambiental", diz o desembargador aposentado e professor de Direito Ambiental na PUC-PR, Vladimir Passos de Freitas. "Eu não posso afirmar que foi o único, porque antes dele Portugal criou em Ilhéus, na então província da Bahia, um cargo de Juiz Conservador das Matas. Mas posso dizer que foi o primeiro a aprofundar-se em temas ambientalistas variados", completa Passos de Freitas.

Um dos artigos mais famosos de José Bonifácio, de 1823, atesta que, caso o Brasil não tomasse providências para preservar suas florestas, rios e demais recursos naturais, em menos de dois séculos estaria convertidos nos "páramos e desertos áridos da Líbia". "Virá então este dia, (dia terrível e fatal), em que a ultrajada natureza se ache vingada de tantos erros e crimes cometidos", escreveu o Patriarca da Independência. Há quase dois séculos.

Marcus LopesDe São Paulo para a BBC News Brasil

FRANTISEK BALUSKA NEUROCIENTISTA DAS PLANTAS


O biólogo Frantisek Baluska pesquisa neurobiologia vegetal, estudo que acredita que as plantas têm inteligência para resolver problemas. Em entrevista ao site de VEJA, ele explica o porquê da resistência científica a seu objeto de trabalho e decifra as capacidades de árvores e arbustos

O biólogo da Universidade de Bonn sustenta que as plantas têm suas próprias versões de memória, aprendizado, atenção e cognição (Thinkstock)

Para o biólogo eslovaco Frantisek Baluska, de 56 anos, a espécie humana sofre de bloqueio psicológico que a impede de aceitar que as plantas podem ser inteligentes. “Gostamos de nos considerar o topo da evolução, essa é a nossa natureza”, afirma o pesquisador da Universidade de Bonn, na Alemanha, um dos nomes mais importantes em todo o mundo no estudo de neurobiologia vegetal.

O biólogo Frantisek Baluska

O título controverso do seu campo de estudos foi criado por ele e por mais quatro colegas em 2007, em um manifesto que pretendia chamar a atenção para o estudo de sistemas vegetais extremamente refinados. Com isso, Baluska não queria dizer que as plantas têm cérebro ou neurônios, mas que dispõem de ferramentas biológicas que lhes permitem resolver problemas. Uma capacidade chamada por ele de inteligência.

Leia também:
A inteligência das plantas revelada 

Além de conduzir pesquisas na universidade alemã, o biólogo faz parte do Laboratório Internacional de Neurobiologia Vegetal, em Florença, na Itália, é co-fundador da Sociedade de Comportamento e Sinalização Vegetal e edita uma revista científica dedicada a pesquisas na área. Depois de quase trinta anos estudando a biologia e fisiologia das plantas, ele encontrou, nos últimos meses, evidências de que as raízes têm sua própria versão de processos que, nos animais, são chamados de sinapses. Em entrevista ao site de VEJA, Baluska discute a resistência a suas pesquisas e, com sua visão de neurocientista das plantas, explica o que é a cognição vegetal.

Qual o seu conceito de inteligência? Há muitas definições, a maior parte antropocêntrica. Sigo aquela que vê na inteligência a habilidade para resolver problemas apresentados pelo ambiente.

Sob essa ótica, plantas são seres inteligentes? Sim. Elas resolvem problemas o tempo todo. E como são imóveis, arraigadas no solo, seus problemas são ainda mais sérios que aqueles dos animais.

No entanto, a maior parte de seus colegas não concorda que exista uma inteligência vegetal. Isso é muito interessante. Acredito que a fonte desse problema está em nossa natureza humana: gostamos de nos considerar como o topo da evolução. Temos um bloqueio psicológico em reconhecer que existam outros seres tão ou mais inteligentes que nós. No entanto, não temos a capacidade de sustentar a civilização sem os vegetais. Na verdade, se todos eles se extinguissem subitamente, sobreviveríamos alguns meses, anos nos máximo. Por outro lado, a maior parte das plantas viveria se todos os animais e a raça humana desaparecessem.

Você e seus colegas publicaram uma carta em 2007, no periódico Trends in Plant Science, defendendo o uso de termos como inteligência e comportamento em plantas. Por que, até hoje, é difícil que esses termos sejam empregados para descrever vegetais? A situação melhorou desde então. Alguns termos – comportamento, comunicação e sinalização – são aceitos agora. Mas as maiores dificuldades ainda persistem: não é possível obter recursos de agências de fomento se o projeto for escrito com palavras como inteligência, cognição ou neurobiologia vegetal.

Falar em neurobiologia significa dizer que plantas fazem sinapses? Desde que Charles Darwin se interessou por plantas carnívoras, no fim do século XIX, sabemos que elas funcionam por meio de pulsos elétricos. Sabemos que há versões vegetais de neurotransmissores e receptores que integram e talvez ‘animem’ o corpo das plantas, da mesma forma que animam nosso corpo. Sinais elétricos controlam também a respiração e a fotossíntese em qualquer vegetal. Dados preliminares sugerem que esses sinais elétricos transmitidos por longas distâncias também controlam o tropismo nas raízes.

Como assim? Estamos estudando a endocitose, processo em que as células absorvem materiais através da membrana celular, o principal processo de comunicação sináptica neuronal em nossos cérebros. Encontramos processos muito semelhantes nas raízes.

Em um seu livro Communication in Plants – Neuronal aspects in plant life (Comunicação em Plantas – Aspectos neuronais da vida das plantas, publicado em 2007 e sem tradução no Brasil), você afirma que as plantas "reconhecem outros organismos como bactérias, fungos, outras plantas, insetos, pássaros e animais que, provavelmente, incluem os humanos”. Isso quer dizer que elas têm consciência de si e do ambiente em que vivem? Ninguém sabe isso porque, como expliquei, ainda não é possível estudar esses assuntos com toda a liberdade. No entanto, a comunidade científica aceita que as plantas têm sistemas sensoriais que permitem que elas conheçam os vegetais ao redor, bactérias, insetos, animais e, sim, humanos. É muito provável que elas tenham a sua própria consciência e compreensão vegetal. Elas podem manipular insetos, animais e, talvez, os homens (por meio de aromas, formas, cores e substâncias que alteram a consciência) para o seu proveito.

E essas habilidades foram comprovadas por estudos científicos? Sim, todos esses aspectos já foram muito bem estudados, mas ainda não foram interpretados pela perspectiva da neurobiologia vegetal. Eles são muito importantes para a ciência agrícola.

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Várias das novas descobertas em neurobiologia vegetal admitem que haja novos significados para o tropismo, a conhecida capacidade das plantas de se movimentar segundo estímulos como luz ou água. O que você afirma é que os vegetais não respondem automaticamente a esses sinais, mas escolhem fazer isso? As plantas leem ao menos vinte parâmetros diferentes do ambiente e integram todas essas informações em suas células e tecidos para responder de maneira inteligente – senão, elas não sobreviveriam. Isso requer memória, aprendizado, atenção e cognição. Mas é preciso lembrar que elas têm sua própria versão dessas habilidades, ditada por sua vida vegetal. Nesse aspecto, a parte da planta mais interessante é a raiz, que busca água e minerais no solo, um lugar muito heterogêneo. Essa é uma tarefa difícil e ela se une a fungos e bactérias para ser bem-sucedida. Recentemente, além desse comportamento de busca, foram identificados na raiz também os de fuga e evasão. Raízes são capazes de comunicar suas experiências de stress, reconhecer a si e a outras raízes, identificar plantas da sua família e as estranhas e ter comportamento coletivo. Um único pé de centeio precisa coordenar suas 13 815 672 raízes e radículas, com um comprimento total de 622 quilômetros.

Você mencionou a memória. Plantas se lembram de suas experiências passadas? É claro que as plantas têm memória. Ela é necessária para sua adaptação e sobrevivência em ambientes que estão, o tempo todo, se modificando. Mas reforço: são memórias específicas de vegetais e nossa compreensão a seu respeito ainda é muito restrita.

Você é especialista em comunicação entre as plantas. Por que resolveu pesquisar um tema tão controverso? A sobrevivência humana depende das plantas. Na verdade, nossa evolução foi dividida com os vegetais cultivados por nós e, como a comunicação entre as árvores é muito importante para nos manter vivos, devemos entendê-la. Além disso, jamais seremos capazes de compreender a biosfera e a natureza humana sem ter um melhor conhecimento dos vegetais em toda a sua complexidade sensorial e neurobiológica.

Muitos biólogos argumentam que não devemos antropomorfizar as plantas. Por que vocês gostam de usar o mesmo vocabulário para descrever plantas e animais? Acho que o antropocentrismo de nossa ciência é um problema muito maior. Todo o nosso esforço científico começou com humanos, depois se dirigiu aos animais e só então chegou às plantas. Toda a terminologia científica é recheada de termos antropomórficos. É muito interessante como o conceito de inteligência bacteriana recebe uma oposição menor, indicando que, realmente, temos algum problema psicológico em relação aos vegetais.

Árvores têm um sistema neuronal semelhante ao animal? Sim, plantas têm seu próprio sistema neuronal específico e vegetal espalhado por todo o seu corpo. Raiz e flores representam os dois polos da planta e estão ligados por não só por sistemas vasculares especializados em transporte de nutrientes, água e químicos, mas também por meio de sinais elétricos vegetais.

Sendo assim, elas sentem dor?  Não sabemos. Mas podemos especular que elas tenham versões específicas de dor, pois sintetizam diversos anestésicos, como etileno e éter, quando são feridas ou estão sob stress. Para qualquer organismo vivo é importante estar a par dos estragos sofridos e a dor é um sinal fundamental. Plantas são também sensíveis a todos os anestésicos e têm suas próprias versões de olhos, audição e olfato. Necessitam tudo isso para sobreviver na natureza.

O naturalista britânico Charles Darwin foi o primeiro a perceber as habilidades “inteligentes” das plantas. Você se considera um de seus seguidores? Ele foi um visionário nesse assunto também e, por isso, o consideramos o “pai” da neurobiologia vegetal. Mas seu avô Erasmus e seu filho Francis também eram muito ativos nesse tema. Inclusive, para o primeiro simpósio de neurobiologia vegetal organizado por mim e pelo biólogo italiano Stefano Mancuso em maio de 2005, criamos um logo com a foto de Darwin sobre uma raiz.

Revista Veja Ciência