Modelo de sistema agroflorestal, a “Sintropia” ou
Agricultura Sintrópica de Ernst Götsch, em Piraí do Norte, Baixo Sul da Bahia,
está há 40 anos produzindo vida: percebendo a inteligência da floresta, a
sucessão vegetativa e incluindo a produção de alimentos dentro da dinâmica
florestal.
Ernst Götsch, 68, agricultor e pesquisador suíço,
desenvolveu seus primeiros estudos sobre sistemas complexos de plantio na Suíça
e na Alemanha, na década de 1970, trabalhando com consórcio entre espécies e
experimentação de associações não tradicionais na época. Assim, dos clássicos
milho com feijão, surgiram trigo com ervilha, com framboesa, com maçã e com
cereja.
Do sucesso dos seus experimentos e da percepção
sobre a organicidade e cooperação entre as espécies dos cultivares, assim como
Catie e Capra, desenvolveu os princípios do pensamento da Sintropia em cima da
abordagem sistêmica e dos Sistemas Agroflorestais
Sucessionais.
Depois de realizar trabalhos de recuperação de
solos com implantação de Sistemas Agroflorestais produtivos na Costa Rica, Ernst
migrou para o Brasil no começo da década de 1980, estabelecendo-se na
Microrregião do Baixo Sul da Bahia.
Em Piraí do Norte, adquiriu 500 hectares de terras degradadas, a Fazenda Fugidos da Terra Seca. Eram terras improdutivas pelas práticas de corte de madeira, formação de pastagens pelo fogo, ciclos repetidos de cultivo de mandioca em encostas e criação de suínos nas baixadas.
Hoje, 40 anos depois da utilização de técnicas de
recuperação de solos com métodos de plantio que imitam a regeneração natural de
florestas, a “Fazenda Olhos d’Água”, como se chama atualmente, é um modelo de
viabilidade da produção de alimentos integrada à dinâmica das
florestas.
Partindo dos sistemas mais simples aos mais
complexos, este conjunto de princípios e técnicas constitui a Agricultura
Sintrópica de Götsch.
As técnicas promoveram a recomposição de 410
hectares de Floresta Atlântica, dos quais, 350 hectares foram transformados numa
Reserva Particular do Patrimônio Natural e 120 hectares em Reserva
Legal.
Sintropia: a vida não conhece tempo, conhece
fluxo
Com alta produtividade em grande variedade de
espécies vegetais, especialmente o cacau e a banana, a pupunha e o açaí, a
recuperação da mata com todas as características de flora e fauna, cerca de 14
nascentes e 7 córregos, a área influencia o clima da Microrregião e o ambiente
do entorno.
Além da recuperação de áreas degradadas e dos
estudos de sistemas de produção em unidades agroflorestais, a Agricultura
Sintrópica envolve técnicas de implantação e manejo mecanizado, produção de
hortifrutigranjeiros e grãos, prática da pecuária e produção de madeira com
baixos insumos.
Um dos princípios da Sintropia é a utilização das
podas como combustível das transformações, colocando o metabolismo do sistema
para funcionar no máximo da eficiência, num aumento constante de recursos, água
e solo. E é justamente o que a diferencia dos manejos convencionais, incluindo
as produções orgânicas.
“Vida em Sintropia” é um curta do Agenda Gotsch.
Edição feita para apresentações da COP21 em Paris, é um compilado de
experiências expressivas em Agricultura Sintrópica, com imagens e entrevistas
inéditas.
gmc-creative.com.br/sintropia-somos-parte-de-um-sistema-inteligente