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sábado, 28 de janeiro de 2017

A QUARTA DIMENSÃO E A DANÇA DAS ABELHAS


Um dos grandes interrogações filosóficas se refere justamente às características do espaço e do tempo. Ambos, conceitos desconcertantes.

Começando pelo espaço.
Muitos o denominam vazio. Porém rigorosamente o espaço pode ser vazio de matéria, porém existe como um ente pleno de partículas (denominadas partículas virtuais) que sustentam o vácuo, que seria aí outro nome dado para o espaço desprovido de matéria.

O difícil de digerir, pelo menos para mim, é concatenar que o espaço também foi criado, juntamente com o tempo.

No âmbito da relatividade geral pode-se concluir que espaço e tempo é uma entidade única.

Grosso modo, cada um de nós é constituído de um tipo de matéria ( a denominada matéria bariônica) que possui massa e ocupa lugar no espaço.

Se analisarmos um simples objeto, como uma caixa de sapatos, por exemplo, vamos observar que tal corpo ocupa um lugar no espaço tridimensional: possui largura, altura e comprimento – as três dimensões clássicas espaciais de todos os corpos materiais.

No entanto existe também uma quarta dimensão, que seria a sua célebre coordenada temporal (coisa que Einstein adorava ensinar).

Em outras palavras a caixa de sapatos apresenta uma duração.  Ela existe no espaço durante um determinado tempo.

Assim como corpos estelares apresentam uma duração (coordenada temporal) na ordem de milhões de anos,  existem subpartículas atômicas que tem sua coordenada temporal estimada na ordem microssegundos ( 0,000 001 segundo) e outras mais breves ainda.

Entre o microcosmo onde valem as regras quânticas e o macrocosmo onde predominam os eventos relativísticos existe nossa realidade cotidiana:

Bactérias que duram no máximo de um segundo.
Insetos que vivem toda a sua existência no máximo em um dia.

E por aí vai, até chegarmos a nós,  seres humanos,  que duram no máximo algo mais que um século (coisa pouca se comparado às sequoias, por exemplo, que se estima uma vida na ordem de milhares de anos).

Fazendo uma analogia.
Nos deslocamos pelo espaço variando nossas coordenadas espaciais, indo de um lugar para o outro com amplo grau de liberdade.

Podemos nos mover para o norte, para o sul, para o leste para o oeste, para cima e para baixo, sem nenhum inconveniente. O conjunto de pontos que cada um de nós ocupa no espaço, constrói uma trajetória.

No entanto, também nos deslocamos no tempo, caminhando pela quarta dimensão, variando nossa coordenada temporal, com apenas um grau de liberdade, indo do passado para o futuro, e sempre com a mesma velocidade  de um segundo por segundo. Que tédio.

Sem uma máquina do tempo, o nosso retorno ao passado, por enquanto, não pode se dar materialmente.  E nem mesmo um avanço rápido para o futuro pode ser sonhado.

Como consolo, podemos viajar ao passado psicologicamente, por meio de nossas recordações e socialmente através do armazenamento dessas versões dos fatos que denominamos carinhosamente de história.

Podemos viajar para o futuro com nossas aspirações e planejamentos, ou mesmo como os amparos estatísticos dos futurólogos.

Mas não é a mesma coisa.
Outras teorias surgem, algumas afirmam que existem muito mais dimensões espaciais do que  afirmam nossa vã filosofia (coisa que deixarei para abordar em outro artigo), porém, o que eu gostaria de abordar,  é esse insight termodinâmico:
“Todo o evento que tem um começo, também possui um fim”.

Como em hipergeometria vivemos num espaço daled: três dimensões espaciais e uma dimensão temporal – o tempo – é a quarta dimensão.

Nossa jornada na quarta dimensão, nesse deslocamento pelo tempo que se iniciou em nosso nascimento e terminará em nossa morte, também possui uma trajetória.

Algo como uma dança cósmica.
Ora, depois dos trabalhos de Von Frisch, sabe-se que as abelhas têm uma linguagem: desenham no espaço figuras matemáticas, valendo-se de seu voo, comunicando desta forma, a partir dessa “dança”,  entre si, as informações necessárias à vida da colmeia.

O questionamento que gostaria de compartilhar é se ao traçar a trajetória de cada existência humana, constituída pelo conjunto de ações, de gestos e de decisões, nessa intricada coreografia chamada vida,  teremos a felicidade das abelhas de dar a tudo isso algum proveitoso significado

Hypescience