Prever eventos futuros, que podem ou não acontecer, é difícil. Talvez, para os cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), isso esteja cada vez mais próximo de ser realidade. Isso porque eles desenvolveram um estudo para avaliar a influência dos oceanos Pacífico e Atlântico na previsão do clima da Amazônia.
Denominada "Estudo do potencial de previsibilidade climática para a Amazônia: influência da forçante oceânica e continental”, a pesquisa é realizada desde 2004. Em 2008, a infraestrutura foi reforçada com novos equipamentos, adquiridos com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Doutor em Meteorologia e coordenador do estudo, Luiz Antônio Cândido disse que a meta é prever o que acontece na atmosfera antes que esses eventos climáticos cheguem à superfície. Todavia, não há como se fazer um estudo de modelagem climática sem equipamentos de ponta que sejam capazes de armazenar os dados obtidos, para que os pesquisadores façam as devidas análises.
Ele se refere ao modelo de diagnóstico elaborado para a seca que assolou a região em 2005. "A experiência mostrou que não só a seca foi causada por um aquecimento anormal do oceano, mas que essas condições anormais vinham acontecendo desde 2003", revelou.
Segundo Cândido, hoje, as pesquisas são feitas com dados já gerados por grandes centros meteorológicos. Os dados são analisados e verificados, mais precisamente, as peculiaridades existentes nas sub-bacias da região amazônica e a relação existente com a mudança de temperatura e o ciclo das chuvas.
Inicialmente, a hipótese que se tinha, conforme Cândido, era de que a seca teria sido causada por um aquecimento anormal na parte equatorial do oceano Atlântico (mais próxima da Amazônia), o que foi confirmado.
De acordo com Cândido, a partir da modelagem climática, a hipótese foi testada e confirmada. “Colocamos esse padrão de oceano mais aquecido e analisamos qual seria sua influência na atmosfera da região e qual seu efeito no ciclo das chuvas”, explicou.
“A estrutura nos possibilita a realização de experimentos teóricos, mas que tem uma validade prática grande e, ao mesmo tempo, nos dá condições de formar novos alunos e futuros profissionais”, salientou.
A pesquisa contou com o apoio do Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores - Programa Primeiros Projetos (PPP). FAPEAM. A ação é uma parceria entre a FAP e o CNPq. O programa visa a apoiar a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica nas instituições públicas e particulares de ensino superior e/ou de pesquisa sediadas ou com unidades permanentes no Estado de Amazonas. O objetivo é dar suporte à fixação de jovens pesquisadores e nucleação de novos grupos, em quaisquer áreas do conhecimento.
notapajos.globo.com
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