quinta-feira, 12 de agosto de 2010

ASSOREAMENTO PODERÁ EXTINGUIR E ESTAGNAR OS NOSSOS RIOS?

Vista de satélite de rios com seus leitos devastados
pela garimpagem aluvionar predatória na Amazônia
Detalhes de um leito de rio
após a lavra aluvionar predatória

Está cada vez mais comum vermos inúmeros artigos alarmistas sobre assoreamento e os males que ele causa. Muito do que se escreve sobre o assunto é, realmente, preocupante e deve ser olhado com cuidado por todos. No entanto a indústria de notícias pseudo-científicas é grande e são frequentes os absurdos propalados como dogmas de fé. Um deles se destaca pela frequência com que é repetido:o assoreamento irá matar e estagnar os nossos rios.

De tanto ouvirmos as mais desencontradas notícias sobre o assoreamento como a grifada acima, resolvemos escrever algumas linhas sobre o assunto desmistificando alguns dos pilares desta indústria do alarmismo que infesta a mídia e a cabeça de muitas pessoas que nela acreditam piamente.

O que é assoreamento? Os processos erosivos, causados pelas águas, ventos e processos químicos, antrópicos e físicos, desagregam os solos e rochas formando sedimentos que serão transportados. O depósito destes sedimentos constitui o fenômeno do assoreamento.

O assoreamento é um fenômeno moderno? De forma nenhuma. O processo é tão velho quanto a nossa terra. Nestes bilhões de anos os sedimentos foram transportados nas direções dos mares, assoreando os rios e seus canais, formando extensas planícies aluvionares, deltas e preenchendo o fundo dos oceanos. Incontáveis bilhões de metros cúbicos de sedimentos foram transportados e depositados.

Se este processo fosse filmado e o filme, destes bilhões de anos, condensado em poucas horas nós veríamos um planeta vivo, em constante mutação, onde as montanhas nascem e são erodidas tendo o seu material transportado para os mares que são completamente assoreados por sedimentos que serão comprimidos e se transformarão, por força da pressão e temperatura em rochas que irão formar outras montanhas que serão erodidas ... e o ciclo se repete.

Enquanto a terra for quente estes ciclos irão se repetir com ou sem a influência do homem. A medida que o nosso planeta esfriar e as montanhas erodidas não forem substituídas por novas aí sim teremos o fim da erosão e, naturalmente do assoreamento.

O Homem está acelerando o assoreamento? Sim. Infelizmente o Homem através do desmatamento e das emissões gasosas contribui para o processo erosional o que acelera o assoreamento como pode ser visto nas imagens acima. Mas qualquer fenômeno natural como vulcões, furacões, maremotos e terremotos pode, em poucas horas, causar estragos muito maiores do que aqueles causados pela influência do homem.

Mesmo em vista destes fatos não devemos minimizar a influência do Homem no processo.

Afinal o assoreamento pode estagnar um rio? Não. O assoreamento pode afetar a navegabilidade dos rios obrigando a dragagens e outros atos corretivos, mas, enquanto existirem chuvas a água irá continuar, inexoravelmente, correndo em direção ao mar, vencendo, nos seus caminhos todas as barreiras que o homem ou a própria natureza colocar.

A natureza mostra que é praticamente impossível represar as águas mesmo em situações drásticas como a formação de uma montanha. Um exemplo clássico é o do Rio Amazonas. A centenas de milhões de anos as águas onde hoje é a Bacia do Amazonas corriam para Oeste. Com o soerguimento da cordilheira dos Andes estas águas foram, a princípio impedidas de fluir naquela direção, mas com o tempo mudaram de sentido correndo para Leste, transportando imensos volumes de sedimentos que se depositaram (assoreando) no gigantesco vale tipo "rift" que hoje é chamado de Bacia do Amazonas. Nem por isso o nosso rio deixou de fluir.

Não há como dissociar um rio do seu sedimento. Um não existe sem o outro. O assoreamento poderá matar os lagos, mas nunca o rio que, enquanto houver o ciclo hidrológico, continuará no sua incansável jornada em direção ao mar
geologo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário