Descoberta é de cientistas da Universidade de Leeds,
liderados pelo professor Susan Solomon, do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (Foto: Nasa);
O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida
está diminuindo, disseram pesquisadores nesta quinta-feira (30). Um estudo
revelou que o tamanho foi reduzido em cerca de quatro milhões de quilômetros
quadrados - uma área do tamanho da Índia - desde 2000.
Essa é uma boa notícia para o meio ambiente, quase
30 anos após o Protocolo de Montreal ser assinado para eliminar progressivamente
a emissão de certos poluentes (CFCs), como retificaram os mesmos
cientistas.
"É uma grande surpresa", disse a autora principal,
Susan Solomon, uma química atmosférica no Massachusetts Institute of Technology
(MIT), em uma entrevista à revista científica americana "Science". "Eu não achei
que isso iria acontecer tão cedo", acrescentou.
O estudo atribuiu a recuperação da camada de
ozônio ao "declínio contínuo do cloro atmosférico proveniente de
clorofluorcarbonetos (CFCs)", ou componentes químicos que eram emitidos por
limpeza a seco, geladeiras, spray de cabelos e outros
aerossóis.
"Agora, podemos estar confiantes de que as coisas
que fizemos colocaram o planeta no caminho para a recuperação", disse
Solomon.
A coautora Anja Schmidt, pesquisadora em impactos
vulcânicos na Universidade de Leeds, concordou e descreveu o Protocolo de
Montreal como "uma verdadeira história de sucesso que proporcionou uma solução
para um problema ambiental global".
O buraco na camada de ozônio foi descoberto na
década de 1950, e alcançou um tamanho recorde em outubro de 2015. Solomon e seus
colegas afirmam que o episódio aconteceu devido à erupção do vulcão chileno
Calbuco naquele mesmo ano.
O vulcão atrasou ligeiramente a recuperação do
ozônio, que é sensível ao cloro, à temperatura e à luz do sol. "Injeções
vulcânicas de partículas causam uma destruição maior que o normal no ozônio",
disse Schmidt.
"Essas erupções são uma fonte esporádica de
minúsculas partículas no ar que fornecem as condições químicas necessárias para
que o cloro dos CFCs introduzido na atmosfera reaja eficientemente com o ozônio
na atmosfera sobre a Antártida", completou.
O ozônio passa por um ciclo regular a cada ano,
com sua redução começando em agosto, no final do inverno escuro da Antártida. O
buraco normalmente atinge seu tamanho máximo em outubro.
A tendência geral em direção à recuperação se
tornou evidente quando os cientistas estudaram as medições feitas por satélites,
instrumentos terrestres e balões meteorológicos no mês de setembro, em vez de
outubro.
"Eu acho que as pessoas, eu inclusive, estiveram
focadas demais em outubro, porque é quando o buraco de ozônio é enorme", disse
Solomon, ressaltando que o mês está, porém, sujeito a outras variáveis, como
pequenas alterações meteorológicas.
O coautor Ryan Neely, professor de ciência
atmosférica em Leeds, disse que o escopo do estudo permitiu à equipe
"quantificar os impactos separados de poluentes emitidos pelo homem, de mudanças
na temperatura e nos ventos, e de vulcões no tamanho e na magnitude do buraco de
ozônio da Antártida".
"Observações e modelos de computador concordam. A
cura do ozônio da Antártida começou", completou.
30/06/2016 20h40 - Atualizado em 30/06/2016
20h42
g1.globo.com/.../buraco-na-camada-de-ozonio-sobre-antartida-esta-diminuindo
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