Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma tecnologia que transforma resíduos produzidos pela indústria siderúrgica, durante a fabricação do aço, em pigmentos de tintas para prédios e residências.
Os pigmentos foram obtidos por um processo de tratamento químico chamado hidrometalúrgico, que não utiliza energia elétrica.
E ainda há outros benefícios potenciais: o processo hidrometalúrgico gera um cloreto de amônia que poderá ser utilizado na composição de fertilizantes.
A tecnologia foi desenvolvida por um grupo da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP, Unesp e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
O professor Fernando Vernilli, coordenador do grupo, explica que os pigmentos são obtidos a partir do processo de limpeza das chapas de aço produzidas na CSN.
"Durante a laminação a quente, para se obter as chapas de aço, o material fica recoberto de óxidos de ferro. Após a laminação, as chapas são submetidas a uma solução aquosa à base de ácido clorídrico para, posteriormente, receberem uma camada de zinco", descreve o pesquisador.
O processo de limpeza é feito em tanques de decapagem. Depois do uso, o restante da solução aquosa é reutilizado mais vezes, até que tenha de ser submetido a um processo de recuperação.
"Quando esta solução torna-se saturada e impossibilitada de reuso, a planta de recuperação de ácido da CSN não possui capacidade para recuperar todo o volume de resíduo gerado, sendo obrigado por questões ambientais a enviar o resíduo à sua unidade localizada no estado do Paraná", conta Vernilli, lembrando que a sede da CSN fica em Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro.
O que resulta deste material após processamento, é a chamada "granalha de ferro", usada em jateamento para limpeza de materiais e como contrapeso em estruturas civis, como pontes e viadutos. "O que chamamos granalha de ferro é semelhante a uma areia grossa", descreve Vernilli. Ele conta que a "granalha" de ferro é comercializada por um preço em torno de R$ 0,20 o quilo (kg).
Foram obtidos pigmentos das três cores exigidas pelo mercado: amarelo, vermelho e preto.
"Qualquer outra cor entre estas três também pode ser obtida," garante Vernilli. Ele informa que os pigmentos são comercializados no mercado a R$3,00 por quilo (kg) o vermelho; R$ 6,00/kg o amarelo, e entre R$ 3,00/kg e R$6,00/kg, o de cor preta.
O pesquisador afirma que a CSN já está em busca de indústrias que estejam interessadas em investir numa parceria para a produção dos pigmentos.
"Certamente poderão ser oferecidas ao mercado opções mais baratas de pigmentos. Além disso, representará uma economia à própria CSN, já que o resíduo excedente não precisará mais ser transportado ao Paraná", avalia.
Agência USP
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