Mapa Geografico de America Meridional, Cruz Cano y Olmedilla
1790 /South America, Seale, 1744 / Gujana, John Lerius, 1556
No coração da floresta amazônica, reluzia uma cidade com prédios e telhados dourados, habitada por indígenas que tomavam banho de ouro em pó às margens de um lago. Lenda ou verdade? Pesquisas recentes fizeram surpreendentes descobertas sobre a incrível "cidade de ouro", incluindo antigas trilhas incas e fortes de pedra em plena floresta.
Os brasileiros, entretanto, não têm acesso à novidade: tudo de importante no patrimônio arqueológico de Manoa ou El Dorado foi levado para Londres, com a complacência e ajuda financeira do governo brasileiro, através do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em 1987. E mais: embora venda bem no exterior, não há editora daqui interessada em publicar o livro que relata a descoberta da cidade, e até as visitas ao local são privilégio de estrangeiros, trazidos através de uma agência de viagens norte-americana.
Os mapas da América do Sul nos séculos 16 e 17 mostram um enorme lago na Amazônia com as legendas "Parime", "Manoa", "Paranapitinga" ou "Mar Branco". Seria aí, nas fraldas de Roraima, que existiu o El Dorado. Sua história remonta a 1532, quando o exército espanhol do conquistador Francisco Pizarro chegou a Cajamarca, no Peru, e aprisionou o chefe índio Atahualpa, representante do deus Sol, exigindo dos nativos um fabuloso resgate para libertá-lo. Muitas mulheres indígenas foram obrigadas a ter relações sexuais com os soldados, dando origem aos índios de pele vermelha e olhos claros, um dos ramos yanomani.
Quando puderam se livrar das garras dos espanhóis, muitas delas seguiram uma trilha que as trouxe ao Brasil, ao norte do Rio Negro, onde passaram a viver e se tornaram as lendárias guerreiras amazonas. Histórias na região do Alto Amazonas dão testemunho da passagem dessas misteriosas "Virgens do Sol" pela floresta e também das viagens organizadas por soldados carregados de ouro procedente de El Dorado; as cargas eram parte do resgate do chefe Atahualpa, que os espanhóis, ao invés de libertarem, assassinaram.
Um fato que intrigava os pesquisadores era por que os mapas deixaram de indicar o lago no decorrer do século 18. Hoje se sabe que ele secou em conseqüência da elevação gradual do seu fundo e a floresta tomou a enorme área antes submersa - hoje está coberta por pastagens. Foi um pesquisador chileno radicado no Brasil, Roland Stevenson, quem descobriu em 1987 a localização exata da até então mítica El Dorado: ficava na Ilha de Maracá, no meio do lago Parime, em Roraima, e não às suas margens, como imaginavam os muitos aventureiros que a procuraram, inutilmente, durante séculos.
Um mês após a notícia correr, chegaram à ilha mais de 200 ingleses, a serviço da Royal Geographic Society em convênio com o INPA. O acesso ao sítio arqueológico foi exclusivo dos britânicos, e os pesquisadores brasileiros tiveram que se contentar com uma pequena área distante, nos arredores. O vigia que fazia o policiamento fluvial de Maracá relatou que "os ingleses tiravam toneladas e mais toneladas de material hermeticamente embalado, enviado de avião para a Guiana Inglesa e daí para Inglaterra". Muitos viram os numerosos caixotes despachados pelo Aeroporto de Boa Vista e que o Itamarati acertou para que não fossem vistoriados.
O vigia acredita que, pelo grande peso dos caixotes e pelo cuidado com que os ingleses os manipulavam, poderiam conter peças de ouro. Questionado, o INPA alegou inicialmente que continham terra para análise na Inglaterra e, posteriormente, que eram "animais empalhados". Stevenson garante que "o resultado dessas supostas análises nunca retornou ao Brasil, como também nenhum estudo considerável e útil".
Recomendo enfaticamente a entrevista de Roland Stevenson para o site Arqueologia Americana, onde esta impressionante denúncia é aprofundada.
serqueira.com.br/mapas/amapa.htm - 7k
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