A usina, que pretende dar um destino mais nobre ao material hoje queimado, deverá não apenas gerar energia elétrica, como substituir plásticos derivados do petróleo.
A usina deverá entrar em atividade em três anos no município de Piracicaba, no interior de São Paulo, e servirá de modelo ao setor sucroalcooleiro.
O projeto da usina foi apresentado ao ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e ao vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. Os governos federal e estadual, juntamente com empresas privadas, vão investir R$ 110 milhões na construção da planta-piloto.
A ideia do projeto é testar a eficiência da tecnologia de gaseificação do bagaço da cana-de-açúcar.
Na gaseificação, o bagaço é posto em uma caldeira e queimado por uma espécie de maçarico gigante. Da queima é gerado um gás, chamado gás de síntese.
O gás de síntese terá três aplicações práticas: geração de energia elétrica, produção de biocombustível líquido (etanol) e como precursor de biopolímeros, que são os monômeros de produção do plástico.
Esse processo já é conhecido pelos pesquisadores brasileiros, mas ainda não é aplicado em grande escala. A usina do IPT será a primeira a fazer isso com um grande volume de bagaço de cana.
Se o potencial for comprovado, especialistas estimam que o Brasil "ganharia uma nova Itaipu" só com o aumento da produtividade das usinas.
"O processo pode triplicar o potencial de geração de energia das usinas", afirmou o diretor superintendente do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Nilson Zaramella Boeta. "Seria uma outra Itaipu produzindo energia."
Em 2009, por exemplo, o Brasil colheu 650 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Essa quantidade gerou 210 milhões de toneladas de biomassa. Segundo o IPT, caso essa biomassa fosse gaseificada, geraria R$ 24 bilhões em energia elétrica.
Para Mercadante, o projeto da usina piloto é importante porque trata de um setor no qual o Brasil é líder, o sucroalcooleiro, e também de uma tecnologia sustentável. Segundo o ministro, a usina potencializará a produção da energia com o emprego do bagaço da cana. "Em vez da queima, vamos ter o uso para produção de energia limpa."
O vice-governador Afif Domingos ratificou o apoio do governo paulista à iniciativa. Disse que o projeto é importante e segue uma linha que deveria ser exemplo para outros centros de pesquisa do país. "A aproximação da ciência com interesse de empresas é sinônimo de inovação. É isso que perseguimos."
IPT
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